Após interdição de escola, cerca de 330 alunos devem ter aulas em contêineres 

Após interdição de escola, cerca de 330 alunos devem ter aulas em contêineres 

Contêineres foram tranformados em escola provisória 

Mais de 300 alunos que estudam na Escola Estadual Benedito Laurindo Gonçalves em Parecis (RO), município da Zona da Mata, estão sem um local fixo dedicado ao estudo desde outubro de 2018, quando o prédio onde a escola funcionava foi interditado por apresentar problemas na estrutura.

A solução encontrada pela Coordenadoria Regional de Educação (CRE) de Pimenta Bueno (RO) para resolver o problema foi alugar 43 contêineres e transformá-los em uma escola.

As chaves das salas móveis foram entregues ao Estado em janeiro de 2019 e, apesar de estarem montadas, ainda falta a instalação de água e luz para que os alunos possam usar o espaço. A administração estadual está pagando cerca de R$ 40 mil de aluguel por mês pela estrutura.

A escola foi interditada por ordem judicial e pelo Corpo de Bombeiros em 2018. Para que os alunos concluíssem o ano letivo, tiveram que estudar em salas improvisadas cedidas pela igreja católica. A menor aprendiz, Karolaine de Abreu dos Santos, concluiu o ensino médio no ano passado e sentiu na pele o descaso com a educação.

"Fomos transferidos da escola para salas na igreja. Terminamos o ensino médio antes da hora e, em uma reunião, disseram que entregariam os contêineres prontos para o ano letivo de 2019. Os contêineres estão instalados, só que não estão prontos. Estou indignada com o descaso com os alunos e os professores", lamentou.

43 contêineres foram alugados para servirem de salas de aula, mas ainda não estão sendo utilizados — Foto: Magda Oliveira/G1

Com cerca de 5 mil moradores, Parecis possui apenas duas escolas, sendo uma do município e outra do estado. A instituição de ensino municipal cedeu o espaço à montagem das salas móveis. A estrutura de 780 metros quadrados tem salas de aula e de apoio climatizadas, cozinha, refeitório, laboratório de informática e banheiros.

No entanto, os contêineres foram montados sobre uma área alagada ,e apesar de terem calçado alguns espaços, fora das salas, os alunos acabam tendo contato com a água da chuva empoçada.

Além disso, não há coberturas, água encanada ou energia elétrica. A coordenadora regional de Educação, Eliane Cristina Faria, reconhece que melhorias precisam ser feitas no espaço.

"Parecis é um município pequeno e não dispõe de espaços que suportem uma escola. A única opção que encontramos foi a locação de contêineres. Nós estamos trabalhando para que os alunos possam utilizar as salas móveis no começo do mês de abril, após a instalação de uma subestação elétrica, que já está sendo licitada e custará cerca de R$ 74 mil", disse Eliane, afirmando que a parte hidráulica já está pronta, sendo necessário apenas a empresa responsável fazer a ligação da água.

Sobre os alunos estarem em contêineres, Eliane disse que a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) realizou um estudo prévio dando legalidade ao processo de locação.

"O processo obedeceu as normas técnicas e de segurança, inclusive do Corpo de Bombeiros. Os contêineres não são inflamáveis e têm todo um parecer jurídico em cima disso. Então a Seduc teve a responsabilidade de atender, dentro do que as normas de segurança exigem", disse.

De acordo com a CRE, os alunos devem estudar em contêineres por pelo menos um ano e meio – sendo este o prazo para que uma nova escola seja construída, no mesmo local, onde a escola interditada funcionava. Entretanto, já se passaram cerca de cinco meses desde a interdição e até agora nenhum sinal de obra.

Escola foi interditada em Parecis, RO, e outra deve ser construída no local — Foto: Magda Oliveira/G1

Joelma Marcelino, de 42 anos, é mãe de uma aluna que cursa o 2º ano. Para ela, os pais estão sem saída, já que os contêineres são a única opção oferecida no momento para que os filhos não fiquem sem estudar.

"Nos deram um prazo de até dois anos para que nossos filhos fiquem estudando em contêineres, mas se não conseguiram fazer eles (contêineres) funcionarem, imagina construir uma escola. Não queremos muito, apenas uma vida digna para nossos filhos. Estamos pensando em um conjunto, nos jovens e adolescentes que ainda vão estudar na escola estadual de Parecis", destacou Joelma.

Para não atrasar ainda mais o ano letivo, as aulas da rede estadual de Parecis foram iniciadas no dia 7 de março em espaços cedidos pelo município e uma igreja católica. Até que os contêineres estejam aptos a receberem os alunos, eles continuam estudando de forma dividida em espaços sem estrutura e o Estado segue pagando pelas "salas de lata".

A Seduc não tem previsão de quando as obras de demolição e construção de uma nova instituição de ensino serão iniciadas.

Autor / Fonte: Magda Oliveira, G1 Cacoal e Zona da Mata

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