Belo Monte, Santo Antonio e Jirau se protegem do GSF

Belo Monte, Santo Antonio e Jirau se protegem do GSF

As megausinas de Belo Monte, Santo Antonio e Jirau conseguiram reduzir à exposição ao risco hidrológico (medido pelo fator GSF, na sigla em inglês) por meio da rodada mais recente do Mecanismo de Compensação de Sobras e Déficits (MCSD) de Energia Nova, que suspendeu contratos de entrega de energia entre julho e dezembro deste ano.

O MCSD de Energia Nova, operacionalizado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), funciona como uma espécie de leilão, no qual as geradoras informam quanta energia estão dispostas a descontratar por um determinado período e as distribuidoras fazem o mesmo - ajudando também a reduzir o problema da sobrecontratação neste segmento. O mecanismo unifica e simplifica essas negociações.

A rodada do mecanismo que suspendeu contratos de julho a dezembro totalizou 3.151 megawatts (MW) médios em sobras. Apenas Belo Monte, que fica no rio Xingu (PA), postergou 1.080 MW médios em contratos, quase um quarto de sua garantia física total, que será de 4.571 MW médios.

Uma parcela dessa energia ficará descontratada, a fim de reduzir a exposição da hidrelétrica ao GSF. Além disso, a Norte Energia, concessionária de Belo Monte, realizou dois leilões de venda de energia no mercado livre. "Realizamos previamente à submissão de nossa oferta à CCEE os dois leilões para que não houvesse risco de perda de receita, condição imposta pelos acionistas e intervenientes", disse a Norte Energia por e-mail ao Valor.

O MCSD de Energia Nova praticamente eliminou o problema do GSF neste ano para a Energia Sustentável do Brasil (ESBR), concessionária da hidrelétrica de Jirau, que fica no rio Madeira (RO). A empresa, que descontratou 700 megawatts (MW) médios no mecanismo - dos 2.205 MW médios que a hidrelétrica tem -previa um impacto de R$ 800 milhões do GSF em 2017.

"Isso reduziu o impacto substancialmente", disse o presidente da ESBR, Victor Paranhos. "Quem estava contratado no ACR conseguiu arranjar preços melhores e ficar com uma parcela da energia livre para liquidar na CCEE a valor do PLD [preço à vista de energia], reduzindo o impacto do GSF principalmente nas geradoras estruturantes [Jirau, Santo Antônio e Belo Monte]", completou.

Segundo o executivo, dos 700 MW médios descontratados, cerca de 15% foram negociados em contratos bilaterais, o que vai atender a necessidade de reserva para o financiamento do BNDES. O restante está descontratado e será utilizado para aliviar o impacto do GSF e liquidar energia no mercado de curto prazo.

A hidrelétrica de Santo Antonio, que também fica no rio Madeira, foi outra a descontratar energia neste ano para se proteger do "agravamento das condições da hidrologia" e das distorções que levam ao déficit hídrico. A usina suspendeu 370 MW médios em contratos de julho a janeiro, para complementar a proteção à exposição ao GSF. A garantia física total da hidrelétrica será de 2.424,2 MW médios.

"Essa proteção adicional pode representar valores da ordem de R$ 190 milhões, a depender da confirmação das projeções do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD)", disse a empresa por e-mail.

http://www.valor.com.br/empresas/5051964/belo-monte-santo-antonio-e-jirau-se-protegem-do-gsf

Autor / Fonte: valor.com / Camila maia e Rodrigo polito

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