Cacauicultores apostam na produção de cacau superior com excelência

Cacauicultores apostam na produção de cacau  superior com excelência

O sentimento de inquietação frente aos métodos tradicionais de cultivo, beneficiamento e comercialização da produção começa a mover alguns cacauicultores rondonienses rumo ao investimento no melhor manejo das suas lavouras, melhoria da qualidade dos seus produtos, e no investimento na construção de estruturas simples, e eficazes, mais adequadas para a produção de amêndoas de cacau fino do tipo “superior com excelência”, visando obter melhores rendimentos das suas lavouras, melhores preços juntos às empresas compradoras instaladas no Estado, como também alcançar mercado específico e preço ainda mais diferenciados através da venda da produção a compradores desse tipo de amêndoas de cacau, apropriadas para a produção do “chocolate gourmet”. Foi o que fizeram os cacauicultores André Luis Vicente, do município de Nova União, e Milton Carneiro Lima do município de Buritis.


Agricultores familiares, satisfeitos com a condição de cacauicultores e gratos pelo que a atividade lhes proporcionou em termos de qualidade de vida e evolução patrimonial, investiram em estruturas simples e eficazes, tendo sido obtidos os primeiros lotes de amêndoas (cerca de 250 kg), resultantes ainda da fase de assimilação do processo de beneficiamento, orientado pelo Agente de Atividades Agropecuárias da Ceplac Antonio de Almeida Lima, Engenheiro Agrônomo e Especialista em Tecnologia e Melhoria da Qualidade de Alimentos Vegetais. Ambos os agricultores têm também em comum, o objetivo de converterem ao máximo as suas produções de amêndoas de cacau, à categoria de cacau superior com excelência. Para isso, pretendem tanto se valer das antigas lavouras formadas pelos materiais genéticos já instalados, constituídos pela mistura de híbridos, como também, por aquelas implantadas exclusivamente com os atuais materiais clonais distribuídos pela Ceplac.

O Técnico esclarece que vê vantagens na utilização de ambos os tipos de materiais cultivados, pois se por um lado, os materiais trinitários presentes entre os clones distribuídos têm excelentes qualidades sensoriais (aromáticas) que os credencia como adequados para a fabricação de chocolates gourmets, por outro lado, o tipo forasteiro amazônico também possui seus representantes nesta lista de excelência, sendo elas as variedades Maranhão, Pará, Parazinho e Catongo, especialmente estas duas últimas, presenças constantes nas listas de variedades de cacau forasteiro empregadas como matéria prima pelas indústrias especializadas naprodução daqueles chocolates.

Ainda segundo Antonio Lima, as lavouras antigas, formadas pelas misturas de híbridos provenientes na maioria de progenitores forasteiros, se constituem imensos laboratórios para descobertas de características específicas em termos sensoriais, ainda desconhecidas até então pelos especialistas em cacau e chocolates, pois até pouco tempo, o cacau brasileiro, devido a métodos inadequados de beneficiamento, era tido como “desprovido de qualidades sensoriais” para a produção de “chocolates finos” e, por isso, não atraia aqueles especialistas, de maneira a conhecê-lo inclusive nas suas características individuais desenvolvidas em cada região de cultivo, o que hoje já ocorre na região cacaueira da Bahia e, caso venha a ocorrer por aqui, poderá gerar oportunidades únicas de negócios à cacauicultura rondoniense e amazônica ainda predominantemente “Forasteira”.

Falta para isso, maior investimento em pesquisas das qualidades sensoriais das variedades, uma vez que sobre a natureza físico-química do cacau produzido em Rondônia não paira qualquer sombra de dúvida quanto a sua qualidade,confirmada há décadas por pesquisadores da Ceplac de outras instituições de pesquisas, ratificada recentemente por tese de doutorado (novembro/2016), defendida por doutoranda da UNICAMP, apoiada pela Ceplac, como instituição de pesquisa, difusão de tecnologia e orientação da cacauicultura nacional; orientação dos mais renomados especialistas em beneficiamento de amêndoas de cacau; mais sofisticados equipamentos de laboratórios, e apoio das mais renomadas Instituições de pesquisas em chocolate, como a Universidade de Gent, Bélgica, país detentor das mais avançadas pesquisas sobre chocolates. O trabalho além de reafirmar as qualidades físico-químicas (teor de manteiga e ponto de fusão) do cacau amazônico, entre eles o de Rondônia, demonstra também excelentes características funcionais do nosso cacau, devido sua composição em ácidos graxos.

Cabe à cadeia comercial e industrial do cacau e chocolate a adoção de estímulos à produção e à melhoria da qualidade, e aos órgãos governamentais, políticas voltadas à cacauicultura, favorecendo o aporte de recursos para pesquisa, assistência técnica, aumento e beneficiamento da produção, melhoria e divulgação da sua qualidade, de maneira a atrair mais compradores, além daqueles já presentes no Estado, e de recentes pretensos compradores das amêndoas de cacau produzidas em Rondônia.

Autor / Fonte: www.ouropretoonline.com

Comentários

Leia Também