Conen fala sobre o Enfrentamento da dependência química na Assembleia Legislativa

Conen fala sobre o Enfrentamento da dependência química na Assembleia Legislativa

O presidente do Conselho Estadual de Políticas Públicas sobre Drogas (Conen), Nerival Pedraça, participou na última quinta-feira 18.05 de uma audiência pública da Assembleia Legislativa sobre o Enfrendamento da dependência química, onde deixou clara preocupação com a grande pandemia das drogas e a nececessidade principalmente da prevenção. 

Segundo ele, o enfrentamento começa com a prevenção, mas tem outras fases como o tratamento, a ressocialização e a repressão. Porém, muitas vezes, nem todo o acompanhamento feito por equipes multidisciplinares é suficiente. "Hoje há países como os Estados Unidos que investem muito, mas não estão conseguindo vencer essa guerra por causa do tráfico", disse. 

Nerival disse que a situação vivida pelo Brasil é parecida com a dos Estados Unidos, incluindo Rondônia. "Nossa posição estratégica como corredor do tráfico de drogas é um fator negativo. A droga chega muito fácil em qualquer l ugar por causa da nossa fronteira que é muito grande e difícil de ser vigiada 24 horas por dia", salientou. 

Para o presidente  do Conen é importante que a prevenção nas escolas comece a ser feita junto às crianças em tenra idade. Para isso, o Conselho iniciará em Jaru, um projeto piloto de sensibilização de crianças do ensino básico, formas de prevenção ao uso de drogas nas escolas. "Se não for por meio da prevenção não vejo uma solução a curto, médio ou longo prazo", disse. 

Ao finalizar, Nerival Pedraça destacou exemplos como a Suécia, que conseguiu controlar essa pandemia do uso de drogas, através de uma política pública que deu certo, assim como na Holanda. "Temos muito a apreder com esses países, mas temos também que sopesar algus fatores culturais e econômicos. O Conen é contra a liberação da droga, mas sabe que somente a repressão não resolve", finalizou. 

O deputado Jesuíno Boabaid, autor da audiênca pública, afirmou que a dependência química acaba por afetar não só a saúde do dependente, mas todas as áreas de sua vida e família, bem como os demais espaços onde estabelece relações.

O parlamentar também ressaltou que hoje a lei não prende mais os usuários de drogas, mas o encaminha a tratamento. Como ex-policial militar, se disse atento aos problemas que envolvem a sociedade.

Os debatedores relataram ações de associações e órgãos públicos para o enfrentamento dos usuários de drogas, incluindo uma equipe da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) que circula pela cidade buscando por andarilhos e pessoas em situação de risco para oferecer auxílio e em bares apoiando o Maio Amarelo, conscientizando sobre a importância de o motorista da rodada não consumir álcool.

O parlamentar questionou o índice de cura. A psiquiatra Brysa Soares lembrou que o dependente é um doente crônico. Por isso há necessidade de acompanhamento, pois existem recaídas. Frisou que usuário de crack, sem acompanhamento, tem estimativa de vida de cinco anos.

Sobre a falta de recursos, o parlamentar defendeu a utilização do dinheiro parado em uma infinidade de fundos do Estado. “Vamos movimentar estes conselhos e apresentar projetos pois dinheiro há”, destacou. Ele assumiu o compromisso de, assim que chegar um projeto na Assembleia, colocar para aprovação e defender seu uso.

Debatedores

A gestora da Superintendência de Políticas Sobre Drogas (Sepoad), Isis Gomes de Queiroz, destacou a importância do relacionamento com todas as demais secretarias de Estado, como Sejucel, Sesau e Seduc. Ela falou dos projetos como o Acordar, Papo da Hora, Recomeçar e o Acolher, bem como atendimentos realizados.

O secretário adjunto da Saúde de Porto Velho, Juan Carlos, destacou a questão das chamadas drogas lícitas, como álcool e fumo, que são divulgadas em televisão, cinema e novelas como comportamento normal. Também falou do atendimento pelo Caps e da importância em manter equipes nas ruas para identificar e resgatar pessoas em risco.

A psiquiatra representante do Caps (AD), Brysa Soares, disse que faz atendimento específico, com equipe multidisciplinar, a pacientes com dependência de álcool e outras drogas. Possuem cerca de 9 mil pacientes cadastrados e os números crescem a cada dia. Ela pediu o fortalecimento da rede de assistência.

A presidente da Associação Casa Família Roseta, Claricéa Soares, disse que o usuário de drogas é um doente e que sofre discriminação da sociedade e relatou o trabalho com crianças em situação de risco e a homens e mulheres com dependência química. Ela reclamou da falta de recursos para bancar tratamentos, especialmente de mulheres.

A representante da Sejucel, Heloisa Helena Bertolette, disse que a superintendência já possui algumas parcerias com a Sepoad para este enfrentamento e que está preocupante a situação das drogas no interior e especialmente no campo. Por isso, a necessidade de políticas públicas mais eficientes e focadas.

Autor / Fonte: Assessoria/Conen

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