A sessão ordinária da última quarta-feira (13) trouxe ao cerne da Câmara novos embates
Porto Velho, RO – O deputado federal eleito por Rondônia Coronel Chrisóstomo (PSL), político cujo primeiro discurso na Câmara Federal trouxe, entre outros pontos, contundente reclamação salarial voltada aos militares [“Brasil, nós ganhamos pouco!"], forçou mais uma vez a veia calibrada de sua têmpora esquerda após se incomodar com questionamentos sobre o ministro da Secretaria-Geral de Bolsonaro, Gustavo Bebianno.
O manifesto ocorreu durante a sessão ordinária da última quarta-feira (13), no momento em que as lideranças discutiam um destaque relacionado à Medida Provisória (MP) 852.
O liberal se sentiu compelido a responder seus pares por conta da primeira grande crise estabelecida no governo federal após denúncia da Folha de S. Paulo atribuindo a Bebianno o repasse de R$ 400 mil do fundo partidário do PSL para Maria de Lourdes Paixão, de 68 anos, candidata a deputada federal de Pernambuco que recebeu apenas 274 votos.
Ela, inclusive, já foi intimada pela Polícia Federal (PF) a prestar depoimento sobre a suspeita de ter sido usada como laranja pelo partido.
O ministro, ‘com a corda no pescoço’ após declarações do filho do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro, em publicação reproduzida pela página oficial do pai no Facebook, refuta as acusações e joga a ‘batata quente’ no colo do deputado federal Luciano Bivar, presidente nacional do PSL, imputando ao parlamentar o dever de responder aos questionamentos.
ASSISTA
Sobre os desdobramentos do caso, Chrisóstomo berrou:
“Como me toca aqui nesta Casa alguém chamar o nosso povo do PSL de laranjal. Eu sou um soldado! Eu sou um soldado de Rondônia, um soldado do Brasil. E digo mais: eu estou no PSL exatamente porque é diferente, e é do Brasil. É um partido totalmente diferente”.
Em seguida, aumentou o tom:
“Não tem laranjal aqui! Aqui não tem laranjal!”.
O militar encerrou o pronunciamento com uma pérola que faz jus aos discursos de Damares Alves, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos no governo de Jair Bolsonaro:
“Porque soldado não é vermelho, soldado é azul. E nós não somos laranjal, nós somos pelo governo: não!”, encerrou na condição de liderança do governo ao votar contrário ao destaque em apreço.
O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) usou a tribuna logo em seguida e chegou a falar sobre o comportamento de Chrisóstomo sem mencioná-lo nominalmente.
“Não há necessidade de o líder do governo se manifestar de forma tão irritada. [Ele] Ficou muito nervoso. Chegou a gritar aqui nos microfones dizendo que o seu partido não pode ser confundido com partido do laranjal”.
Braga prosseguiu e provocou:
“Mas a partir de hoje, então, o nome está dado: é PSL, Partido Só Laranja, já tá dado o nome. E vocês é que estão reforçando esse nome”.
Suposto laranjal eleitoral também em Rondônia
A despeito da fala de Coronel Chisóstomo na Câmara Federal rechaçando a pecha de laranjal à legenda, há, na Justiça Eleitoral de Rondônia (TRE/RO), três ações distintas envolvendo o PSL regional, todas ligadas basicamente pelos mesmos fatos.
Tanto o Partido da República (PR), representado pelo advogado eleitoralista Juacy Loura Júnior, quanto o próprio Ministério Público Eleitoral (MPE/RO), este através da atuação do procurador Luiz Gustavo Mantovani, promoveram demandas envolvendo suposto esquema de candidaturas-laranja que teriam sido utilizadas pela sigla a fim de burlar a lei.
LEIA A ÍNTEGRA DAS AÇÕES CLICANDO ABAIXO
01) PR x PSL (ESTADUAIS)
02) MPE-RO x PSL (ESTADUAIS)
03) MPE-RO x PSL (FEDERAIS)
Portanto, caso o TRE/RO entenda pela procedência dos pedidos, todos os diplomas conferidos a deputados estaduais, federais e suplentes eleitos pelo PSL em Rondônia podem ser cassados.
Aliás, na ação de impugnação de mandato em que o próprio Coronel Chisóstomo fora relacionado entre os demandados, o procurador eleitoral usa categoriacamente o termo "candidata laranja", criando inevitável contraste com o prounciamento do militar realizado ontem ao defender enfaticamente a legenda e o governo sobre as acusações que envolvem o ministro Gustavo Bebianno.
Frase usada por procurador em ação que envolve Chrisóstomo contrasta com posicionamento do parlamentar
A diferença entre a situação que causou a crise no governo Bolsonaro e o conteúdo das ações judicias discutidas em Rondônia é que, no primeiro caso, a candidata teria sido usada, de acordo com as informações colhidas até agora, para receber monta exorbitante cuja destinação não está esclarecida; a outra, por sua vez, guarda relação com suposta violação à exigência legal que obriga os partidos a garantirem 30% de vagas do número total de candidaturas a mulheres.
Para o MPF, o laranjal que Chisóstomo garante não existir pode ser a causa de sua cassação
De acordo com a lei, a Justiça tem o prazo de até um ano para julgar as três ações contra o PSL regional.
Os termos da ação protocolada pelo PR foram esmiuçados pelo jornal eletrônico Rondônia Dinâmica.
Autor / Fonte: Rondoniadinamica
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