Porto Velho, RO – Não é difícil comprovar que os nomes na reproduzidíssima “Lista” de padrinhos e apadrinhados da prefeitura sejam, de fato, indicações políticas a satisfazer, provavelmente, compromissos de campanha e outros acertos posteriores. Chamar a prática de crime, lógico, seria exagero – e mentira; não assumir a imoralidade na permuta, estupidez e idiotice.
Admitamos: é imoral, mas cultural!
Lógico que qualquer prefeito que se preze – a fim de segurar sua base e até mesmo aumentá-la, se possível, fará das tripas coração quando necessário. Por isso, antes mesmo de um gestor assumir suas funções há, previamente, tratativas que nos remetem a escandaloso, porém legalizado, loteamento de cargos públicos.
Falamos aqui de uma ordem generalizada, imutável e muito bem recepcionada pela sociedade brasileira.
Assim são formadas inúmeras administrações fadadas ao fracasso justamente pelo número maciço de gente desqualificada e incompetente ocupando espaços apontados pelos dedos indicadores de seus padrinhos.
Onde está o crime, então?
O silêncio permeia o Estado. Pouquíssimos se manifestaram após o “vazamento” da lista. Não há só vereadores da base do prefeito por lá; constam, também, membros da edilidade que se diziam opositores – e se postavam como tal de maneira histriônica, verborrágica e crítica.
Por que a alteração abrupta de comportamento?
Seria criminoso, aí sim, caso concebêssemos que representantes da Câmara de Vereadores receberam quaisquer tipos de vantagens para mudar a postura no Legislativo; lado outro, também é preciso frisar que há nomes elencados no catálogo da obscenidade ligados a membros do Judiciário; da imprensa e do empresariado rondoniense.
Quantos tapetes vermelhos não seriam estendidos a qualquer mandatário que seja com tanto reforço assim, não? Sem contar o aparente nepotismo cruzado...
Separando o joio do trigo num pente fino minucioso, o Ministério Público dirá, com o tempo, quem é quem no jogo do bicho: de antemão, sabemos que as indicações por indicações não darão em absolutamente nada pelo motivo já exposto.
É conduta costumeira e absorvida pelo povo, que dá de ombros. Agora, comprovada a troca de favores por, digamos assim, governabilidade, medidas enérgicas precisam ser tomadas a fim de acabar com a farra da cigarra.
E os apelidos?
Diferentemente dos apelidos que o leitor está acostumado a observar nas operações como a própria Lava Jato, as nomenclaturas na famigerada Lista Bomba da prefeitura não foram encontradas em documentos apreendidos ou coisa que o valha.
É método antigo, mas eficiente, de atingir de maneira íntima os desafetos vistos como pedras nos sapatos. Fruto da fértil, arquitetônica e maldosa imaginação de quem a elaborou e divulgou.
O cidadão tem plena consciência do peso das adjetivações anexas aos nomes na lista: brincou, fez troça, denunciou e causou o impacto que queria.
Tudo às escuras, porque é como o assunto tem sido tratado até agora. Não há santos na história da lista. Também pudera: entre tantos padrinhos e apadrinhados, distantes da purificação trazida pela água benta, fugindo sempre ao sinal da cruz, o rascunho sugere mais um daqueles batismos demoníacos observados exclusivamente no estranho e detestável mundo da politicagem.
Autor / Fonte: Rondoniadinamica
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