Editorial – Cidadão espera por super-herói enquanto governadores 'dormem' e pessoas morrem

Editorial – Cidadão espera por super-herói enquanto governadores 'dormem' e pessoas morrem

*Em memória das vítimas Rosana Mendes, Luiz Eduardo Rover e todas as outras vidas tiradas à força em Rondônia

Porto Velho, RO – É compreensível que o cidadão esteja cansado, completamente exausto do cotidiano sangrento vivenciado dia após dia. Aliás, grande parte dos órgãos de jornalismo e outras esferas de cobrança, aparentemente, também. A matança tornou-se assunto trivial: hoje os que se interessam o fazem apenas para satisfazer a curiosidade, acessando conteúdos para ver imagens das barbáries.

Nesta semana, dois casos sintomáticos vieram à tona em Rondônia, um deles em Porto Velho mesmo; o outro, lá nas bandas de Vilhena, justamente neste sábado (26).

Outros inúmeros aconteceram antes, paralelamente e depois. São tantas ocorrências num único dia que seria impossível abordar todas elas neste texto. Por isso, esmiuçaremos apenas duas.

Nas primeiras horas da manhã de terça-feira (22) entrou para as estatísticas que não servem para nada o ser humano chamado Rosana Mendes da Silva, de 30 anos. Assustada com a aproximação de dois homens numa motocicleta, Rosana, também de moto, acelerou e tentou fugir. Frustrado, o carona disparou na nuca da vítima, que morreu na hora.

O desespero da mãe e o choro das inconsoláveis pessoas mais próximas foram registrados num vídeo posteriormente publicado no YouTube. A agonia causou comoção.

Casos de repercussão exigem medidas enérgicas, sob pena de colocar governos na berlinda popular – e os políticos não querem isso às vésperas das eleições.

Não quer dizer que tenha sido o caso, mas no dia seguinte, quarta-feira (23), o foragido Joel Leite de Oliveira, com histórico de crimes atrozes praticados ao longo de seus parcos 26 anos, já estava preso. Foragido, foi interceptado pela Polícia Militar (PM/RO) que, é preciso destacar, realiza trabalho excepcional quando o assunto é capturar criminosos, embora maltratada pela Administração Pública.

Ocorre que não são apenas os gestores que precisam de safanões. Existe uma cadeia equivocada que inspira tanto a insegurança quanto a indignação nos espectadores inquietos do vilipêndio executado entre humanos.

E a solução passa por reformas legislativas, ou seja, alterações bruscas nas leis permissivas que corroboram com esse entra e sai dos mesmos bandidos em corredores de delegacias, fóruns e cadeias; posicionamentos mais claros e contundentes dos portadores de malhetes na hora de promover a liberdade ou não de quem quer que seja e, ainda, exigências robustas para que haja celeridade e eficiência no setor de Segurança Pública.

Rapidez e objetividade são características que o contribuinte deseja presenciar de segunda a segunda. Em menos de 12 horas, o assassinato do jovem Luiz Eduardo Silva Rover, filho do ex-prefeito de Vilhena José Rover, que também foi baleado, só que de raspão, está prestes a ser esclarecido. Os dois envolvidos foram pegos: Lucas Rodrigues Ramos, preso, e outro menor, apreendido, cujo nome não pode ser publicado levando em conta as diretrizes do Estatuto da Crianças e do Adolescente (ECA).


Se a mesma diligência para ambas as situações fosse percebida habitualmente, muitos dos que exaltam frases de efeito – sem efeito prático algum – não estariam esperando um super-herói na política para resolver esses problemas. O cenário piora quando a conclusão é óbvia: quanto mais brado em prol do impraticável, menos ação de quem deveria fazê-lo. Exemplo? Ontem, sexta-feira (25), último dia útil desta mesma semana lúgubre e cheia de atrocidades, o governador de Rondônia Confúcio Moura (PMDB) escreveu texto em seu blog falando sobre a importância do pilão e como ele pode ser útil à musculatura, inclusive aos glúteos.

O jornal Rondônia Dinâmica deixa, abaixo, trecho da letra (clique aqui e leia a íntegra) e o vídeo da canção Milho aos Pombos, apresentada por Zé Geraldo. Qualquer semelhança não é coincidência alguma.

“Eu já nem sei o que mata mais
Se o trânsito, a fome ou a guerra
Se chega alguém querendo consertar
Vem logo a ordem de cima
Pega esse idiota e enterra
Todo mundo querendo descobrir seu ovo de Colombo


Isso tudo acontecendo e eu aqui na praça 
Dando milho aos pombos"


 

Autor / Fonte: Rondoniadinamica

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