Editorial – Racismo escancarado ainda existe e está em Rondônia

Editorial – Racismo escancarado ainda existe e está em Rondônia

Porto Velho, RO – De fato são tempos perigosos à manifestação da liberdade de expressão. Muitas opiniões, embasadas ou não, têm o condão de, resumidamente, expor pensamentos e diretrizes tomadas como verdade por cada indivíduo. Embora a contemporaneidade digital corrobore com o cerceamento das mais variadas manifestações sem grilhões, há quem exagere na insurgência e, muito mais do que demonstrar posicionamentos enérgicos, acaba incorrendo em crime sob o pretexto de combater – e denunciar – outros ilícitos.

A ilustração perfeita desse entendimento ocorreu no começo desta semana quando, através de uma reportagem, um comentário de cunho racista postado numa rede social por uma professora universitária de Rondônia ganhou repercussão quase intangível no Estado.

Entenda em


A vítima? O vice-prefeito eleito de Guajará-Mirim Davino Serrath (PMN), caracterizado pela docente como “preto, traficante, sequestrador e aliciador de menores”.



As considerações expostas pela docente ultrapassaram todos os limites do bom senso em termos de responsabilidade quanto à liberdade de expressão por dois motivos simples: o primeiro deles diz respeito a acusações sem respaldo, coisa que se tornou costumeira na seara da Internet, principalmente as patrocinadas por brasileiros. O terreno cibernético da impunidade dá vazão a um comportamento bestial, sem rédeas, que confunde o livre exercício democrático de protestos com rebeldia enfurecida, descabida, desproporcional e criminosa. O segundo, obviamente, ao retorno do racismo escancarado, debochado e deliberado recheado de escusas.

Para fins pedagógicos, didáticos e morais, por ora, tomemos como objeto de análise apenas o termo ‘preto’, utilizado pela ‘educadora como adjetivação pejorativa e não como a cor propriamente dita, ou seja, o substantivo.

A denominação foi inaugural, a primeira terminologia utilizada para descrever o ser humano alvo da manifestação da professora. Logo em seguida a qualificação discriminatória, as demais denominações acusatórias foram incluídas – sem o mínimo comprobatório – denotando, claramente, que a intenção era caracterizar o sujeito ofensivamente com todas as nomenclaturas sugeridas.

A ficha corrida de Serrath? A este editorial, pelo menos, não interessa. Se os crimes a ele imputados forem apurados pelas autoridades competentes e, ao fim das contas, o Poder Judiciário chegar à conclusão de que as informações são verdadeiras, que o político pague pelas eventuais infrações cometidas, inclusive com a prisão, se for o caso.

No caso de Linara Cavalcante, cujo ofício deveria ser, ao menos em tese, ensinar e aprimorar conhecimentos e conceitos de pessoas sob sua tutela educacional, o mesmo deve ser feito. O crime de racismo, mais do que eventual calúnia e difamação, no caso do apontamento de crimes sem provas, deve ser apurado, denunciado e julgado. Talvez a punição adequada à professora sirva muito melhor de lição a seus alunos – e a todos os demais membros da sociedade – do que qualquer coisa que, porventura, tivesse a pretensão de ensinar em sala de aula sob viés comportamental.

Autor / Fonte: Rondoniadinamica

Comentários

Leia Também