Editorial – Usinas colocam Rondônia no epicentro do ‘propinoduto’ da Odebrecht

Editorial – Usinas colocam Rondônia no epicentro do ‘propinoduto’ da Odebrecht

Porto Velho, RO – Um longo caminho foi percorrido até que as usinas de Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira, fossem concluídas e passassem a operar no Estado de Rondônia a fim de amenizar a crise energética e produzir para outras unidades da federação.

Incontáveis entreveros vieram à tona antes, durante e depois da conclusão das obras. Questões ambientais, por exemplo, foram tratadas como situações de oitavo plano, sem importância dadas as necessidades emergenciais do País em evitar um apagão colossal sem precedência.

A maior parte da classe política se reunia e bradava de forma uníssona:

– Que se danem as belezas naturais históricas, a fauna e a flora, o que importa é o progresso!

E assim foi...

A enchente histórica do Madeira, em 2014, embora não tenha sido ainda atribuída oficialmente – nem exclusivamente – às hidrelétricas, inundou os noticiários nacionais destacando as inúmeras famílias desabrigadas no processo e abarrotou o Judiciário de demandas decorrentes da tragédia.

O Estado e sua população sofreram e ainda sofrem muito com os impactos, e a execução das tais contrapartidas que deveriam ser promovidas pelos negócios frente às hercúleas geradoras de energia jamais foi percebida.

Demos adeus à Cachoeira do Teotônio; pessoas perderam suas casas; espécimes morreram e a devastação continua correndo sem freio.

Também nos despedimos de quaisquer chances de observar nos municípios melhorias por conta da construção das usinas quando o governo decidiu, com apoio massivo da Assembleia Legislativa de Rondônia (ALE/RO), isentar os empreendimentos do pagamento do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), causando prejuízos aos cofres públicos na ordem de R$ 1 bilhão.

Agora, com a lista de Fachin escancarada e esmiuçada para Deus e o mundo, o ‘propinoduto’ da Odebrecht exposto no âmbito da Lava Jato brinda a população colocando Rondônia de forma pejorativa de volta à grande imprensa. Trecho de matéria publicada pelo Estadão revelou que “A obra campeã em pedidos de propina, por exemplo, segundo os inquéritos, é a obra da Usina de Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia”.

Entenda em

Obra de Santo Antônio é ‘campeã’ em pedidos de propina, apontam inquéritos da Lava Jato

Pior ainda é conceber que políticos de outros Estados, a exemplo do senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, que é de Minas Gerais, receberam do setor escuso da Odebrecht para apoiar a construção das usinas nas 'Terras de Rondon'. No caso de Neves, Marcelo Odebrecht disse que, no início dos anos 2000, pagou R$ 50 milhões para o grupo político do peessedebista em troca de apoio à participação da empresa nas obras.

Rondônia foi reduzida, lamentavelmente, a corrimão do ‘propinoduto’, o epicentro da hecatombe política instituída no Brasil.
 

Autor / Fonte: Rondoniadinamica

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