Em Rondônia, piloto da FAB dá rasante na pista do assédio e se estrebucha no muro de contenção do ativismo feminino

Em Rondônia, piloto da FAB dá rasante na pista do assédio e se estrebucha no muro de contenção do ativismo feminino

Obs: a coluna está disposta a ouvir o outro lado da história

Porto Velho, RO – Baseado nas declarações da jovem Eduarda Meyka, formada em Direito pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR) e mestra em Direitos Humanos pela Universidade de Alcalá, em Alcalá de Henares, na Espanha, relatei o escabroso caso da minúscula confraria do assédio em artigo dividido am duas partes.

Os membros da instituição informal criada para assediar mulheres e falar besteira – não necessariamente nesta ordem – se deram mal após chamar uma mocinha de apenas 15 anos de gostosa numa livraria situada aqui na Capital.

A moléstia verbal foi confrontada pela advogada, que presenciou os fatos e resolveu tirar satisfação com as hienas sexagenárias, salivadoras.

Relembre
A confraria do assédio sexual em Rondônia – Parte I


A confraria do assédio sexual em Rondônia – Parte II

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Agora, Eduarda foi às redes sociais para denunciar mais um caso de assédio. Desta vez as vítimas são ela e seus amigos. Ela, do assédio propriamente dito, da insistência de um homem ligado às Forças Armadas que não sabe ouvir nem lidar com um não; seus amigos, do paiol verborrágico e ofensivo do detrator.

Isso, claro, sem contar os inúmeros insultos disparados contra o Estado de Rondônia e seus cidadãos que, na visão do piloto da Força Aérea, são “retardados” e “atrasados”.

Sobre o últimpo ponto, é provável que o militar esteja certo – infelizmente. O nosso RH fraternal padece de oligofrenia, vez que aprova qualquer coisa no psicotécnico, mesmo os que insistem em encaixar a peça redonda no espaço do triângulo.

Enfim.

Após o episódio, Eduarda até pensou em processá-lo, mas levou em conta “as consequências dentro do local de trabalho – a repercussão de um processo criminal, divulgar o vídeo dele falando mal da nossa cidade”.

Demovida da ideia de judicializar a questão, a advogada procurou o superior do dito cujo a fim de tentar resolver a situação da maneira menos conflituosa possível. Ela deixou claro: não o procurou diretamente porque não se sentia segura nem acreditava que seria respeitada, logo buscou solução na figura hierárquica de alguém que talvez o piloto pudesse respeitar. E olha só que interessante: respeitou mesmo, oras!

“Após conversa entre seu chefe e o rapaz em comento, este veio até mim parar pedir desculpas. Propus um acordo em meados de abril. Ele aceitou”, pontuou.

Resolvido, né? Não!

Há  aproximadamente 10 dias a ativista recebeu a resposta do ofensor, que foi mais ou menos essa:

“Olha, você foi no meu trabalho e me acusou de algumas coisas. Eu tenho direito a um dano moral e, por toda a situação, ele seria bem maior do que o seu. Portanto, proponho ninguém pagar nada pra ninguém, e ambas as partes abrirem mão de demandas judiciais”. - Piloto

Embora não seja a conclusão do desabafo, a parte visceral que arremata a ocorrência diz respeito ao próprio direito e reside no âmago das normativas disciplinares voltadas à seara castrense.

E aí, meu amigo, você está num ringue extremamente fixo e totalmente distante de seus ases indomáveis; dar rasante na pista do assédio o deixou estrebuchado no muro de contenção do ativismo feminino.

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LEI Nº 6.880, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1980

Dispõe sobre o Estatuto dos Militares, e dá outras providências. Militares, Lei 6.880 de 1980:

[...]

“Art. 11. Para matrícula nos estabelecimentos de ensino militar destinados à formação de oficiais, da ativa e da reserva, e de graduados, além das condições relativas à nacionalidade, idade, aptidão intelectual, capacidade física e IDONEIDADE MORAL;

[...]

Art. 28. O sentimento do dever, o pundonor militar e o decoro da classe impõem, a cada um dos integrantes das Forças Armadas, conduta moral e profissional irrepreensíveis, com a observância dos seguintes preceitos de ética militar:

[…] III - respeitar a dignidade da pessoa humana; XIII - proceder de maneira ilibada na vida pública e na particular; XIV - observar as normas da boa educação”.

E ainda
Hierarquia, medo e silêncio: o assédio sexual nas Forças Armadas

Confira abaixo a íntegra da postagem


 

Autor / Fonte: Vinicius Canova

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