Estatal elétrica da Venezuela dá calote de US$ 28 milhões

Estatal elétrica da Venezuela dá calote de US$ 28 milhões

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A companhia estatal venezuelana Electricidad de Caracas entrou em default ao não pagar juros de títulos da dívida no valor de US$ 650 milhões (R$ 2 bilhões) que vencem em 2018, afirmou a agência fiduciária nesta sexta-feira (10).

O título Elecar, originalmente emitido pela Eletricidad de Caracas, que passou a ser conhecida como Corpoelec após a nacionalização em 2007, deveria ter pago um cupom de US$ 28 milhões em 10 de outubro. Um "período de graça" foi concedido e venceu no último dia 9 de novembro, afirmaram os portadores dos títulos à agência de notícias Reuters.

"A falha do emissor em pagar juros nas notas quando devido em 10 de outubro de 2017 constitui um default sob o contrato", disse Wilmington Trust, provedor de serviços institucionais internacionais e corporativos, em nota postada na Bolsa de Luxemburgo.

O Ministério da Energia da Venezuela, que supervisiona a Corpoelec, e a Wilmington Trust não comentaram.

O default coincide com o anúncio do presidente Nicolás Maduro de que seu governo irá reestruturar todos os pagamentos de dívidas futuros, deixando investidores inquietos sobre o destino dos cerca de US$ 60 bilhões em títulos emitidos pela estatal venezuelana de petróleo, PDVSA.

Planos para reestruturar esses títulos devem ser discutidos em um encontro com credores marcada para segunda-feira em Caracas por Maduro, embora vários tenham dito que não irão.

Alguns investidores podem interpretar o fracasso no pagamento do Elecar como um sinal de que Maduro possa estar preparando um amplo default. No entanto, um default do Elecar, relativamente pequeno, não desencadeia automaticamente um default nos outros títulos.

Já títulos da PDVSA e da Venezuela carregam cláusulas que significam que um default em um título coloca um número de outros títulos também em default.

Dois portadores de títulos Elecar disseram que processos resultando do default teriam de ser abertos contra a Corpoelec, e não contra o governo da Venezuela.

OPÇÕES

Uma teoria é que Caracas entre em default em US$ 22 bilhões da dívida soberana, mas mantenha os pagamentos de US$ 27 bilhões da PDVSA, informou o jornal britânico "Financial Times"

A ideia, diz o "FT", é que o fundo soberano tem poucos bens no exterior que credores poderiam confiscar, enquanto a PDVSA tem carregamentos de petróleo. Ao protegê-los, Maduro pode continuar exportando petróleo e se utilizando dessa renda.

Assim, o jornal avalia que Maduro consegue colher dividendos políticos. Ele pode culpar os EUA pelo default soberano, por causa das sanções financeiras que lhe foram impostas, e usar o dinheiro poupado para impulsionar importações que hoje estão deprimidas, como comida e remédios.

A Venezuela deve US$ 16 bilhões para a China, US$ 3 bilhões para a Rússia, US$ 1 bilhão para o Brasil e US$ 5 bilhões para organismos multilaterais. Seu default terá implicações geopolíticas que vão muito além das finanças.

Tentativas de credores de confiscar fundos que a Venezuela poderia gastar em bens de importação escassos terão implicações humanitárias, lembra o "FT", complicando uma situação já complexa. Com informações da Folhapress.

Autor / Fonte: Folhapress

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