Frigorífico de Espigão abate 50 mil aves por dia
— Publicada em 03/07/2014 às 09:30
Rondônia possui as características ideais para a produção de frango. O clima quente e bastante úmido da Amazônia favorece a criação de aves em larga escala.
O mais moderno frigorífico de aves do estado está instalado no município de Espigão do Oeste. A planta industrial pertence ao grupo paranaense Globoaves, que abate cerca de 50 mil aves por dia na unidade rondoniense.
São mais de 360 empregos diretos gerados no frigorífico e cerca de 600 em diferentes setores da empresa. O total de postos de trabalho em toda a cadeia produtiva chega a quase dois mil.
“Praticamente todos os trabalhadores do frigorífico moram em Espigão”, diz o chefe de produção Valdeci, que trabalha na empresa desde o seu início, há quase 15 anos. “Comecei trabalhando no chão de fábrica e passei por todos os setores. Quem tem cargo de chefia deve conhecer todas as áreas da produção”, opina.
A indústria produz 14 cortes especiais de frangos, que são abatidos e passam por diferentes processos industriais, antes de serem congelados e distribuídos para estabelecimentos de Rondônia, Acre e Amazonas.
A Globoaves também produz diariamente cerca de 90 mil ovos nas unidades de matrizes, nos municípios de Cacoal e Nova Estrela. O grupo é o principal fornecedor de ovos do país e chega a exportar parte de sua produção.
“Integrados”
Além de abastecer o mercado consumidor, parte da produção de ovos é destinada à moderna incubadora instalada ao lado da fábrica de Espigão.
A incubadora é responsável por gerar milhares de pintinhos de um dia, e que são fornecidos para os mais de 80 aviários de produtores parceiros – mais conhecidos como “integrados”, que cuidam da engorda das aves.
Um desses produtores é Lucindo Sotelli Carneiro, de Rolim de Moura. Ele produz 34 mil frangos a cada período de 41 dias. Em média, cada ave deixa a granja pesando 2,5 quilos.
Tecnologia
Todo o processo é automatizado. O médico veterinário Leandro André Bona, da Globoaves, explica como funciona o sistema. “A programação do computador é feita uma única vez, quando chega o lote na propriedade. O sistema se encarrega do resto”, diz.
Com a automatização, detalhes importantes como temperatura, umidade, ventilação e iluminação são programados antecipadamente. “À medida que os frangos crescem esses itens mudam. A temperatura vai baixando, assim como a luminosidade, tudo de acordo com a nossa programação”, diz Leandro.
Além da assistência técnica, a Globoaves fornece a ração e os pintinhos. Na propriedade do seo Lucindo, cada lote consome cerca de 130 toneladas de ração. Por dia, são mais de 2,7 litros de água.
A estrutura tem área interna de 2,4 mil metros quadrados. Tudo é construído para consumir o mínimo possível de energia elétrica, que é o item de maior peso no custo final do produtor.
“O modelo que adotamos usa o conceito de pressão negativa, que faz com que o ambiente interno esteja sempre com temperaturas mais amenas e com maior umidade em relação ao ambiente externo, com menor consumo de energia”, diz Leandro.
Empreendedor
O principal parceiro individual da Globoaves em Rondônia é o empresário Nério Bianchini, de Cacoal. E mesmo com todo sucesso obtido ao longo de décadas, em diferentes atividades empresariais, como ecoturismo, hotelaria, madeiras e materiais para construção, Nério afirma ter um carinho especial pela produção de aves. Em sua propriedade, Nério produz cerca de 100 mil frangos a cada 41 dias.
“Estamos produzindo alimentos para as pessoas e gerando empregos para muitas famílias do nosso estado, por isso não abro mão desse negócio”, diz. “É uma fábrica de ovos e de carne”, resume.
Mas a maior parceria do empreendedor está na estrutura de matrizes, arrendada para a Globoaves. São nove galpões, separados em grupos de três e intercalados por áreas de reserva florestal.
Tudo é construído para preservar a sanidade animal e garantir o espaço de tempo correspondente ao “vazio sanitário” – de seis meses, em média, após cada período de dois anos, que corresponde ao período produtivo das matrizes.
As galinhas poedeiras pertencem às raças americanas Cobb Vantress e Cobb Slow. “Elas são mais resistentes ao clima, além de serem ótimas fornecedoras de peito e coxas, que são as partes mais apreciadas pelos consumidores”, lembra o responsável técnico da unidade de matrizes de Cacoal, Inildo Vieira.
Somadas as unidades de Cacoal e Nova Estrela, são mais de 120 mil matrizes, que fornecem cerca de 90 mil ovos e 50 mil pintinhos todos os dias.
Investimento
O investimento do produtor para construir um aviário moderno, nos moldes das propriedades visitadas pela reportagem, é de aproximadamente R$ 500 mil.
Os recursos podem ser obtidos diretamente por instituições financeiras, como o Banco da Amazônia e o Banco do Brasil. Os juros ficam em torno de 3,5% ao ano.
Descontados os gastos com energia elétrica, manutenção do aviário e salários dos funcionários, os lucros ficam na faixa de 1% ao mês.
Governo
No final de junho, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Neri Geller, esteve visitando o frigorífico de Espigão do Oeste. Ele ouviu reivindicações do setor e se comprometeu a buscar a liberação de novos recursos das instituições para o financiamento dos produtores.
De acordo com o secretário da Agricultura de Rondônia, Evandro Padovani, o governo está tomando todas as medidas para fortalecer o crescimento da produção de aves no estado.
“Somos autossuficientes na produção de milho e temos uma indústria esmagadora para a produção de farelo, em Vilhena, que é o principal insumo para a ração do frango”, lembra o secretário da Seagri.
“Além disso, o estado elevou a alíquota do frango que é trazido de fora, para garantir os empregos para a indústria e os produtores do nosso estado”, afirmou. “A mais recente medida foi adotada há poucos dias pelo governo, para facilitar a emissão da licença ambiental para os aviários e armazéns, através da Sedam”, concluiu Padovani.
Autor / Fonte: Sandro B. Andr� /decom
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