Interior de Rondônia tem três aterros para receber lixo de pelo menos 30 cidades

Interior de Rondônia tem três aterros para receber lixo de pelo menos 30 cidades

Aterro sanitário em Ariquemes é mantido por 13 cidades (Foto: Diêgo Holanda/G1)

Com 52 municípios em Rondônia, as administrações municipais ainda 'sofrem' para dar a destinação correta ao lixo coletado nos lares rondonienses. Conforme apurou o G1, o estado só tem três aterros sanitários em funcionamento para atender mais de 30 cidades.

A própria capital Porto Velho não tem aterro e a prefeitura utiliza o lixão da Vila Princesa para jogar 19 mil toneladas de lixo por mês, produzidas por mais de 500 mil moradores

Ariquemes

Ariquemes é uma das três cidades com um aterro sanitário. O local é mantido por um consórcio entre 13 cidades e, atualmente, Machadinho D’Oeste, Vale do Anari, Cacaulândia, Monte Negro, Buritis e Ariquemes já depositam lixo no aterro.

O lugar onde fica o aterro sanitário de Ariquemes fica a cerca de 5 quilômetros do centro da cidade e não tem moradores nas proximidades.

São recolhidas 709 toneladas de lixo por semana só em Ariquemes. Sete caminhões fazem o trabalho de coleta na cidade com 50 funcionários envolvidos no processo, a maior parte deles de uma empresa terceirizada.

A coleta seletiva em Ariquemes foi implantada em 2013 e atende 3 bairros e pontos de grande geração de resíduos. O material recolhido vai para uma cooperativa de reciclagem.

A fiscalização do funcionamento do Aterro Sanitário de Ariquemes é feita pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Ambiental (Sedam).

Aterro sanitário em Ariquemes é mantido por 13  cidades (Foto: Diêgo Holanda/G1)

Aterro sanitário em Ariquemes recebe 450 toneladas de lixo por semana só da cidade (Foto: DiÊgo Holanda/G1)

O aterro de Ariquemes tem todas as licenças para funcionamento, segundo a prefeitura, incluindo a de uma autoclave de esterilização de resíduos provenientes de serviços de saúde.

Anualmente a prefeitura gasta 4,1 milhões na coleta e destinação do lixo produzido em Ariquemes.

Em Jaru (RO) há um lixão para onde são levados os resíduos sólidos da cidade e está em estudo a construção de um aterro no município.

Cacoal

Desde janeiro de 2016, Cacoal destina o lixo produzido na cidade para um aterro sanitário construindo a 25 quilômetros do perímetro urbano.

O empreendimento é administrado pela iniciativa privada, é o segundo aterro em operação no estado.

Além de Cacoal, o aterro recebe material de mais 14 municípios, como Alta Floresta D’ Oeste, Alto Alegre dos Parecis, Espigão D’ Oeste, Castanheiras, Ministro Andreazza, Novo Horizonte do Oeste, Nova Brasilândia D’ Oeste, Rolim de Moura, Parecis, Pimenta Bueno, Presidente Médici, Santa Luzia D’ Oeste, São Felipe D’ Oeste e São Miguel do Guaporé.

Durante as discussões sobre a lei que determina a implantação de aterro sanitário nas cidades, foi criado um consórcio intermunicipal para buscar alternativas que auxiliariam os municípios que não detêm de recursos para manter um aterro sozinho.

Aterro de Cacoal é particular e recebe lixo de várias cidades (Foto: Rogério Aderbal/G1)

Aterro de Cacoal é particular e recebe lixo de várias cidades (Foto: Rogério Aderbal/G1)

Uma das soluções encontradas pela entidade foi a destinação do lixo municípios associados para aterros privados.

Mesmo com o aterro sanitário em funcionamento em Cacoal, o antigo lixão da cidade ainda recebe alguns materiais.

“No espaço deve ser depositado apenas galhos, restos de madeira e de construções, porém, durante a noite e fim de semana quando não há vigilante no local, as pessoas jogam produtos proibidos, como lixo doméstico e restos de animais. Além disso, ainda colocam fogo nos resíduos”, revela o secretário municipal de Meio Ambiente, Leandro Chagas.

Ainda de acordo com o secretário, a intenção da administração é fechar de vez o espaço e criar uma usina de reciclagem.

Segundo a administração do aterro, o empreendimento recebe em torno de 150 toneladas de lixo por dia. Cacoal é quem destina a maior quantidade resíduos para o local, com uma média de 50 a 60 toneladas por dia.

No município a coleta é terceirizada e realizada por quatro caminhões da empresa responsável. De acordo com a prefeitura, são gastos R$ 398 mil por mês e R$ 4 milhões por ano com a coleta e destinação do lixo.

Por causa da falta de acordo entre a prefeitura e uma cooperativa de catadores não há coleta seletiva de materiais recicláveis.

Vilhena

Em Vilhena (RO), no Cone Sul, a autarquia Serviço Autônomo de Águas e Esgotos (Saae) recolhe, por mês, em média 1,toneladas de lixo para o único aterro particular da cidade. Sete caminhões e cerca de 35 funcionários recolhem nas ruas da cidade.

Aterro Sanitário em Vilhena, RO, recebe 1,4 mil toneladas de lixo só da cidade (Foto: Divulgação)

Aterro Sanitário em Vilhena, RO, recebe 1,4 mil toneladas de lixo só da cidade (Foto: Divulgação)

O material, primeiro, é levado para um cooperativa que faz a separação dos materiais recicláveis, e depois é encaminhado para um aterro sanitário a 35 km da cidade.

A fiscalização do despejo é acompanhada por representante da diretoria do Saae. A prefeitura gasta por ano mais de R$ 5 milhões para fazer a coleta.

Segundo o diretor da autarquia, Arijoan Cavalcante, está previsto para aplicar a coleta seletiva no município por volta da segunda semana de novembro.

O aterro de Vilhena recebe também o lixo produzido em Cerejeiras (RO), Chupinguaia (RO), Corumbiara (RO), Pimenteiras do Oeste (RO) e também de Campos de Júlio (MT)

Guajará-Mirim

Em Guajará-Mirim (RO) não existe um aterro sanitário e o todo o lixo coletado é despejado ao ar livre em um terreno às margens da BR Engenheiro Isaac Bennesby, na zona rural do município.

Este método de coleta e despejo é feito há mais de 30 anos e até agora nunca houve uma alternativa viável colocada em ação para reduzir os impactos ambientais ou até mesmo criar uma estrutura adequada para este tipo de serviço.

A cidade não tem plano diretor e o projeto de aterro sanitário já chegou a ser discutido pelo poder público várias vezes, porém até hoje nunca foi realmente colocado em prática.

Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), que é órgão que faz a fiscalização do despejo, a quantidade exata de lixo produzido pela população não tem como ser calculada, mas o órgão estima que pelo menos 20 toneladas de resíduos sólidos sejam coletados diariamente, o que significa que por ano o valor chegaria a aproximadamente 7, 3 milhões de toneladas.

O processo de coleta é feito por uma empresa terceirizada contratada pela Prefeitura Municipal, que possui apenas um veículo coletor e cinco funcionários. Mensalmente são gastos aproximadamente R$ 74 mil com o serviço.

Em vários locais estão instalados os lixeiros de coleta seletiva, que começaram a ser usados há mais de dez anos, porém a cidade não possui um lugar específica para fazer a separação e esses materiais acabam sendo despejados no lixão municipal normalmente.

No entorno do terreno do lixão moram pelo menos 30 famílias, sendo que a maioria vive da coleta de materiais recicláveis.

Além do risco de contrair doenças, essas famílias correm o risco de se ferirem com objetos cortantes ou serem picados por animais peçonhentos que vivem em meio ao lixo. Outro fator de risco é consumir água contaminada devido ao chorume dos resíduos que afeta diretamente o solo.

Colaboraram*: Diêgo Holanda ( Ariquemes), Eliete Marques (Vilhena), Júnior Freitas (Guajará) e Rogério Aderbal (Cacoal).

Autor / Fonte: Por G1 RO*

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