Moraes no STF chancela planos de Jucá: a sangria estancada da Lava Jato

Porto Velho, RO – A ex-presidente da República Dilma Rousseff, do PT, foi expurgada de suas funções pelas pessoas autoproclamadas honestas deste País no ano passado. Os que a depuseram formam um grupo seleto e fortíssimo de gente correta, revolucionária e incansável no combate à corrupção. Tanto é que, de lá pra cá, não há mais corruptos em solo brasileiro, principalmente ocupando cargos eletivos e muito menos prosperando com recursos públicos afanados direta ou indiretamente.

Infelizmente, o primeiro parágrafo acima foi inspirado no espírito gozador do ilustre Professor Nazareno. Diferentemente dele, faço questão de explicar que tudo não passou de brincadeirinha porque anda bem complicado esperar que o analfabeto funcional – não é seu caso, correto? – deixe de deturpar a mensagem deste artigo.

O Brasil, que só era maculado a ponto de causar insurgência colossal por inúmeros membros da sociedade por conta do partido do ex-presidente Lula, piorou.

E não piorou porque o PT era uma sigla honestíssima, politicamente honrada e de membros ímprobos, leais e atuantes desandando a avançar exponencialmente. Piorou porque todo aquele maquinário humano contrário a um só filão serviu aos intentos de outros párias igualmente poderosos e criminosos – mas de motivações distintas. Isso escancarou as portas, facilitando a vida de quem buscava o poder sem precisar passar pelo crivo das urnas.

A Lava Jato, símbolo do rascunho pseudopatriótico personificado na imagem do juiz federal Sérgio Moro, poderia ser o pontapé inicial de uma verdadeira transfiguração.

Hoje, com tantos figurões sujos até o pescoço se refestelando no vácuo da impunidade seletiva, e levando em conta ainda abraços, sorrisos e até gargalhadas com investigados em premiações, é possível compreender o papel de trouxa estrelado pelo ator principal chamado massa de manobra.

Todas aquelas passeatas, ‘pixulecos’ erguidos e furados, troca de agressões físicas e verbais com autoridades e sopapos mútuos entre grupos do ‘bem’ e  do ‘mal’ renderam exatamente o quê? Vídeos e views no YouTube? O afago dos amiguinhos no Facebook? A popularidade temporária em rodinhas de compinchas?  Uma pré-candidatura em seu município de origem? Valeu à pena? Espero que sim. Tem te der valido...

Acabou a rebeldia. O marasmo e o comodismo tomaram conta novamente.

Afinal de contas, aproveitando o período carnavalesco, é possível sacramentar: os levantes compuseram o abre alas para o bloco dos vigaristas. Não dá nem pra dizer que trocamos seis por meia dúzia porque, convenhamos, um trapaceiro eleito pelo menos foi escolhido; o pulha puxador de tapete, não.

Simples assim.

Agora, com Alexandre de Moraes aprovado pelo Senado para ocupar a vacância deixada por Teori Zavascki, a profecia de Romero Jucá (PMDB/RR) está prestes a se concretizar. Todos os caminhos levam a crer que a sangria da Lava Jato será mesmo estancada e nem é preciso explicar por quê.

Entenda

Moraes, que se desligou há pouco do PSDB porque fora obrigado por conta da nomeação ao Supremo Tribunal Federal (STF), também foi membro ilustre do tucanato no governo paulista como secretário de Segurança e, logo adiante, serviu como ministro da mesma pasta ao peemedebista Michel Temer, sucessor não democrático de Rousseff.

Será que não soa pelo menos estranho a todos aqueles sublevados que preenchiam as ruas tupiniquins promovendo cânticos anticorrupção que um nome escrachadamente político – ligado a partidos e achegado a investigados na Lava Jato – ocupe, no atual contexto de gatos melindrosos escondidos debaixo da mesa, uma cadeira na mais alta Corte do País?

A vedação da sangradura projetada pelo senador nascido em Recife, mas eleito pela população roraimense, é a demonstração fidelizada do quão títere somos.

Agora é segurar a hemorragia que vem pela frente.

Haja sutura!

A coluna Visão Periférica é publicada às sextas

Autor / Fonte: Vinicius Canova

Comentários

Leia Também