Número de mortes violentas sobe 17,7% em Porto Velho no primeiro semestre de 2018, diz delegacia especializada

Número de mortes violentas sobe 17,7% em Porto Velho no primeiro semestre de 2018, diz delegacia especializada

Porto Velho/RO - Quanto custa uma vida? Não é de hoje que no Brasil a criminalidade está atrelada ao contexto social. Falta de moradia digna, miséria, desemprego e uma educação de baixa qualidade são fatores que agravam e contribuem para que as taxas de homicídios cresçam nos estados da federação.

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), compara o aumento nos casos de homicídios no Brasil, como a queda de um Boeing 737 lotado diariamente. Ou seja, isso representa quase 10% do total das mortes no país, atingindo principalmente jovens com idades entre 15 e 20 anos.

Em Porto Velho a situação não é diferente. Apesar da capital rondoniense possuir uma área urbana pequena, territorialmente falando, todo o viés social contribui para o aumento na taxa da criminalidade.

Segundo levantamento feito pela Secretaria do Estado da Segurança, Defesa e Cidadania - SESDEC-RO, só nos primeiros dois meses deste ano, dos 72 homicídios registrados pela Polícia Civil no Estado, 22 foram na capital, sendo 16 em janeiro e seis em fevereiro. Apesar de altos, os índices são menores do que os registrados nos primeiros dois meses do ano passado, onde foram registrados 77 casos, sendo 23 só na capital.

Dados recentes da Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes Contra a Vida (DECCV) mostram que no primeiro semestre de 2018, só em Porto Velho, já haviam sido registrado 53 casos de homicídios. Se comparado ao mesmo período de 2017, onde foram anotados 45 ocorrências, houve um aumento de 17,7% nas mortes violentas causadas por assassinatos.

Apesar de toda a dificuldade que a delegacia enfrenta para solucionar os casos, Rondônia, se comparado a outros estados da região norte, tem o índice de conclusão de inquéritos muito bom, destaca o delegado adjunto da DECCV em Porto Velho, Francisco Borges Neto.

Francisco, acredita que o segundo semestre de 2018, feche com menos casos em relação ao ano passado.

“Eu acredito que até o fim do ano a gente feche com no máximo 90 casos.”

De acordo com o delegado, a previsão da sensível queda no número de casos, se dá a uma parceria muito forte entre a segurança publica no estado. O patrulhamento ostensivo feito nos bairros pela PM, tem ajudado  e muito na diminuição da criminalidade. Segundo ele, o simples fato de uma viatura fazer rondas periódicas nas regiões mais perigosas e propensas a pratica de crimes, intimida o possível infrator de cometer algum crime, além de mandar um recado: "O estado se faz presente. Portanto, se cometer crime será preso".

Quanto custa uma vida?

Contando, hoje com quatro delegados, a especializada vem trabalhando diuturnamente para elucidar os crimes causados muitas vezes por motivos fúteis. E qual o preço disso em reais?

De acordo com Neto, o custo disso para o estado é de milhões: “Ninguém fala isso, mas quanto custa uma vida? É caríssimo investigar um crime contra a vida. A todo um trabalho feito por agentes, escrivães, delegados, técnicos, médicos, motoristas do IML e SAMU, mão de obra do Judiciário, Ministério Publico, Defensoria. Há também o custo com presidio caso o acusado vá preso, e fora outros fatores. Tá vendo? O trabalho de investigação entre você apurar um homicídio e finalizar uma investigação é de milhares de reais. Para o estado, é muito caro mover toda uma delegacia para elucidar um único crime contra a vida”.

“O estado precisa, primeiramente, cuidar da base. O que é a base? A educação. Pensa bem, a pessoa nasce numa pobreza miserável, muitas vezes o pai é morto por conta do tráfico. O menino nasceu em 1999, chega em 2008 o pai é morto e acaba sendo criando “aos trancos e barrancos” pela família, reside em local pobre, rua sem asfalto, escola precária e não tem se quer o apoio psicológico do estado, isso tudo acaba contribuindo para esse individuo se tornar um potencial infrator ou uma nova vítima. O Estado não tem que fazer tudo, claro, mas eu percebo que essa situação de estado presente não se faz presente junto à população”, finalizou.

Autor / Fonte: Rondoniadinamica

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