Opinião – Analfabetismo político da população favorece a corrupção

Opinião – Analfabetismo político da população favorece a corrupção

Porto Velho, RO – Recentemente a Assembleia Legislativa promoveu encontro de vereadores, eleitos e reeleitos nas eleições de 2018, para discutir com os legisladores mirins a importância (do vereador) no processo político. A organização foi da Escola do Legislativo com participação de pelo menos 400 vereadores e convidados.

Vários palestrantes ocuparam a tribuna repassando aos vereadores e também a prefeitos, vices e secretários municipais informações da maior importância na administração pública. O setor passa por crise aguda com Estados e municípios enfrentando problemas para cumprir compromissos com servidores, fornecedores e a população.

A informação de um dos palestrantes, Florian Madruga, que preside a Associação Brasileira das Escolas do Legislativo (ABEL) merece destaque. Madruga lamentou que as escolas tradicionais do Brasil, não ensinam cidadania e que “90% dos professores de ensino fundamental sequer sabem a diferença entre o vereador e um deputado”.

Os dados técnicos apresentados pelo presidente da ABEL não foram levados em consideração pela maioria dos políticos participantes do encontro, lamentavelmente, apesar de demonstrar de forma explícita o analfabetismo político da maior parte da população brasileira.

A maioria dos eleitores vota no político sem saber ao menos o que é Executivo e Legislativo. Se 90% dos professores do ensino fundamental não sabem diferenciar as funções de deputado e vereador, como será com os demais segmentos da população?

A disciplina Organização Social e Política do Brasil (OSPB), implantada em 1962, pelo ministro da Educação Anísio Teixeira, no governo João Goulart, hoje abolida do currículo escolar, era de dar conhecimento de leis e questões políticas para que o povo pudesse interferir com melhores condições nas decisões da sociedade. A ideia foi “sugada” pela ditadura militar e colocada a serviço da doutrina da segurança nacional.

Desvirtuaram a finalidade.

O elevado número de casos de corrupção envolvendo políticos no Brasil ocorre em grande parte, porque o eleitor não tem plenos conhecimentos sobre a importância do voto e porque estão votando. O mesmo ocorre com os políticos, a maioria despreparada para respeitar e cumprir com dignidade o mandato delegado pelo povo. São poucos os políticos preparados para exercer com competência e dignidade suas funções.

A advertência do presidente da ABEL, Florian Madruga não recebeu o merecido destaque, mas deve ser levada em consideração pelos participantes do encontro, uma das mais importantes concentrações políticas de base realizadas em Rondônia.

Que o presidente da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa (Ale), Maurão de Carvalho (PMDB-Andreazza) promova encontros semelhantes ao realizado em Porto Velho em cidades polos no interior. Que venham muitos “Madrugas” para dividir os conhecimentos com políticos que são eleitos, têm boas intenções, mas não têm a mínima noção da função pública.

Temos que combater com veemência o analfabetismo político. Não basta votar e ser votado. É condição extrema saber as obrigações delegadas pelo mandato.  

Autor / Fonte: Waldir Costa / Rondoniadinamica

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