O anúncio da Energisa no início da semana de aumento do custo da energia elétrica superior a 25%, a partir da última quinta-feira (13) revoltou a população de Rondônia, que está mobilizada e realizará audiência pública na próxima segunda-feira, na Assembleia Legislativa (Ale) a partir das 15h, para discutir o assunto. A Energisa comprou (?) a antiga Centrais Elétricas de Rondônia em leilão realizado em agosto último com a garantia de redução da energia ao consumidor de 1,75%.
A “compra” da Ceron pela Energisa ocorreu, através de deságio. Com a privatização se tinha a garantia da redução na tarifa de 1,75%. Desde 30 agosto quando a Ceron foi privatizada não tivemos inflação na economia nacional e sim deflação. O salário mínimo mensal atual é de R$ 954 e a previsão para o próximo ano é de R$ 1.006.
Rondônia tem duas das maiores usinas hidrelétricas do Brasil (Jirau e Santo Antônio), no rio Madeira, em Porto Velho, que provocaram enorme prejuízo ambiental e social para o Estado. A energia gerada em Jirau e Santo Antônio atende o Centro Sul do país, garante o funcionamento do maior centro industrial brasileiro, mas pouco, ou quase nada Rondônia recebe em troca.
O custo da energia elétrica em Rondônia deveria ser baixo, por garantir a economia industrial e social de boa parte do país. Ironicamente o custo atual já é muito acima das demais regiões, que não geram um kilowatts de energia e agora a Energisa, que assumiu a Ceron pelas dívidas e proposta de investimento de R$ 253,8 milhões apresenta um aumento superior a 25%.
O custo elevado do kilowatts da energia elétrica em Rondônia também deve predominar na audiência pública de segunda-feira na Ale e não somente o reajuste oportunista. Como pode uma família composta por um casal e um filho, onde pouco se usa o chuveiro elétrico em razão de 95% dos dias do ano a temperatura ser elevada no Estado e ter o mínimo necessário como geladeira, ventilador e iluminação mínima necessária na casa pagar uma conta absurda, quase sempre acima de R$ 250, mais de 25% do futuro salário mínimo?
O Grupo Energisa assumiu a Ceron no dia 30 de outubro último. Na ocasião anunciou investimento em 2019 de R$ 470 milhões no Estado, que é composto de 52 municípios e tem mais de 630 mil consumidores.
A empresa diz já ter constatado em Porto Velho com menos de dois meses de trabalho, 19 mil “gatos” como são denominado os furtos de energia elétrica. Quem está furtando energia terá que pagar, mesmo que seja judicialmente o que consumiu de forma ilegal. Correto é uma ilegalidade, um crime.
É preciso que na audiência de segunda-feira na Ale os políticos, empresários e a sociedade organizada cobrem dos diretores da Energisa, se os valores que serão cobrados dos que furtam energia serão rateados a quem tem contador e paga regularmente suas contas. Eles estão pagando a conta dos que praticam crime.
E o problema não está, apenas nos “gatos”, mas também nos “rabinhos”, que são milhares, inclusive no centro de Porto Velho.
Outro assunto que não pode faltar na pauta da audiência é a autenticidade do funcionamento dos contadores. Se os desonestos que furtam energia elétrica com os “gatos” pagam bem menos que consomem e os “rabinhos” a conta mínima, ou nem isso, quem está pagando a conta para a Eletrobras que entrega a cota e quer receber? Novamente o consumidor honesto.
Os diretores e os assessores da Energisa que estarão na Ale na segunda-feira terão muito que explicar aos empresários, políticos e à sociedade organizada. O povo não pode ser espoliado economicamente com um aumento desproporcional e fora da realidade econômica do país e da região, que garante energia elétrica limpa, para boa parte dos Estados industriais.
A Aneel, que tem diretor de Rondônia e com poder de mando também deve ser cobrada, questionada e critica. Qual o critério para conceder o aumento abusivo?
Rondônia tem três senadores, como os demais estados e mais oito deputados federais. Vamos agir.
Autor / Fonte: Waldir Costa / Rondônia Dinâmica
Comentários