Pyongyang diz que exercícios militares incitam guerra nuclear

Pyongyang diz que exercícios militares incitam guerra nuclear

Um jato Dragon Lady U-2 da Força Aérea dos Estados Unidos participa de um exercício militar na Base Aérea de Osan em Pyeongtaek, na Coreia do Sul - 21/08/2017 (Lee Sang-hak/Yonhap/Reuters)

A Coreia do Norte condenou os exercícios militares anuais conjuntos da Coreia do Sul e dos Estados Unidos, iniciados nesta segunda-feira em meio à tensão resultante dos programas nuclear e de mísseis norte-coreanos.”Isso visa a inflamar uma guerra nuclear na península coreana a qualquer custo”, disse a agência de notícias estatal norte-coreana, KCNA, que fez a denúncia de que as atividades teriam como objetivo um ataque preventivo.

Anualmente, Coreia do Sul e Estados Unidos realizam a manobra militar Ulchi Freedom Guardian (UFG). Baseados em grande medida em simulações por computador, esses exercícios são realizados na Coreia do Sul durante duas semanas. Os dois aliados apresentam as operações como defensivas, mas, para Pyongyang, trata-se de uma provocação. E, todo ano, ameaça adotar represálias militares.

A operação de 2017 acontece em um contexto de alta tensão e de guerra retórica entre Washington e Pyongyang. “A situação na península coreana mergulhou em uma fase crítica por causa do imprudente alvoroço de guerra dirigido à Coreia do Norte pelos maníacos de guerra”, disse a KCNA. O presidente sul-coreano, Moon Jae-In, no entanto, reforçou que o exercício conjunto é puramente defensivo e pediu que Pyongyang não use as manobras como desculpa para perpetuar o “círculo vicioso” das tensões.

A China, aliada da Coreia do Norte, voltou a pedir nesta segunda que os dois países suspendam seus exercícios conjuntos e que sejam retomadas conversações para pôr fim à crise. “A atual situação na península da Coreia é muito sensível e frágil, o que requer que as partes diretamente envolvidas, Estados Unidos e Coreia do Sul incluídos, façam esforços conjuntos para reduzir as tensões”, afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying.

Ataque intercontinental

A Coreia do Norte testou dois mísseis balísticos intercontinentais (ICBM) em julho e alegou ter capacidade de atingir o continente americano. Como reação, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou responder com “fogo e fúria”.

Em contrapartida, Pyongyang prometeu lançar uma salva de mísseis perto do território americano de Guam, no Pacífico. O líder norte-coreano, Kim Jong-un, decidiu deixar o plano em suspenso, alertando para o fato de que sua ativação depende apenas do comportamento de Washington.

‘Lenha na fogueira’

Essas manobras anuais datam de 1976 e levam o nome de um militar que defendeu o antigo reino coreano do invasor chinês, o general Ulchi Mundok. Cerca de 50 mil soldados sul-coreanos e 17.500 americanos participarão dos exercícios neste ano. Em 2016, o efetivo dos Estados Unidos chegou a 25 mil homens.

A imprensa sul-coreana informou que Washington cogita abandonar seu projeto inicial de enviar dois porta-aviões para perto da península, no âmbito desse treinamento. No domingo, o secretário americano da Defesa, James Mattis, desmentiu que os Estados Unidos tenham tido a intenção de acalmar Pyongyang, diminuindo o número de soldados envolvidos no UFG. O contingente militar foi reduzido “com a intenção de atingir os objetivos do exercício” e foi tomada meses antes, disse ele à imprensa, a bordo de um avião com destino à Jordânia.

O chefe do comando do Pacífico da Marinha americana, almirante Harrys Harris, chegou no domingo à Coreia do Sul para acompanhar os exercícios e discutir a ameaça representada pelos programas balísticos e nucleares da Coreia do Norte.

Na véspera, Pyongyang acusou Washington de “jogar lenha na fogueira” e advertiu que os Estados Unidos “se enganam mais do que nunca”, se pensam que uma guerra “acontecerá em outro país, longe deles, do outro lado do Pacífico”.

(com Reuters e AFP)

Autor / Fonte: Veja

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