Temer prepara reforma ministerial para desalojar ‘traidores’

Temer prepara reforma ministerial para desalojar ‘traidores’

O presidente Michel Temer durante solenidade de assinatura de atos e anúncios de medidas para a estruturação de projetos de infraestrutura pelos estados e municípios, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF) - 12/07/2017 (Adriano Machado/Reuters) (Adriano Machado/Reuters)

O presidente Michel Temer (PMDB) prepara uma reforma ministerial a fim de desalojar da Esplanada partidos que tenham “traído” o governo, trocando aqueles que tiveram deputados votando a favor da autorização para que o STF julgue a denúncia contra o peemedebista por representantes de bancadas com expressiva votação contra a acusação.

A intenção, segundo um dirigente partidário que participou das conversas, é que a participação dos partidos no governo reflita os resultados das votações na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e no plenário da Câmara.

Apesar da traição de partidos da base, o governo conseguiu uma expressiva vitória ao rejeitar o parecer do deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ), que recomendava a autorização para o Supremo Tribunal Federal (STF) julgar a denúncia, por 40 votos a 25, com uma abstenção.

A promessa de maior espaço na Esplanada fez parte das negociações das últimas semanas entre os partidos da base com interlocutores do presidente. A iniciativa estimulou até as direções e lideranças partidárias a fechar questão, nos últimos dias, em favor da rejeição da denúncia.

Ao todo, quatro partidos —PMDB, PP, PSD e PR— adotaram essa posição que, na prática, permite às legendas aplicarem sanções aos deputados que contrariarem a orientação da legenda.

PP, com seis votos, PR e PSD, com cinco cada um, trocaram integrantes da CCJ e votaram de forma unânime em favor de Temer. No PMDB, partido de Temer, dos nove votos, sete foram a favor de Temer. Somente o relator vencido, Zveiter, votou contra. O presidente da comissão, Rodrigo Pacheco (MG), absteve-se de votar.

Os principais alvos das mudanças, segundo uma das fontes, devem ser o PSDB e o PSB. Os tucanos têm quatro ministérios, entre eles o Ministério das Cidades —alvo de forte cobiça de parlamentares por ter um grande orçamento em obras— e a Secretaria de Governo, pasta palaciana responsável por fazer a articulação com os parlamentares. O partido liberou a bancada para votar como quisesse. Dos sete votos na comissão, os deputados do PSDB deram apenas dois a favor de Temer.

O Ministério das Cidades é hoje ocupado pelo deputado Bruno Araújo, que chegou a pedir demissão quando surgiram as denúncias contra Temer na delação dos executivos da JBS. A Secretaria de Governo tem como titular Antonio Imbassahy, sempre criticado pelo partido do presidente justamente por não ser um peemedebista.

A interlocutores, Imabassahy confessou já se sentir desconfortável por estar em um cargo que deveria ser de extrema confiança do presidente mas seu partido estar ameaçando deixar a base há várias semanas.

Os socialistas, por sua vez, votaram rachados. Dos quatro deputados da CCJ, dois votaram a favor e dois contra. A legenda ocupa atualmente o Ministério de Minas e Energia, uma das principais pastas da Esplanada.

“Não tem cabimento esses partidos ficarem com o espaço que têm hoje no governo”, afirmou o dirigente partidário. “É uma consequência óbvia, natural”, completou.

O PSB já havia, na prática, anunciado que sairia da base, mas um racha no partido e a decisão do ministro Fernando Bezerra Coelho de permanecer no cargo e apoiar o presidente deixou a decisão em suspenso.

A reforma ministerial não será fechada agora, mas somente após a votação da denúncia no plenário da Câmara, marcada na noite de quinta-feira para o dia 2 de agosto, na volta do recesso parlamentar.

O novo espaço de cada partido também só será definido após a análise final da primeira denúncia. O governo espera a votação em plenário para garantir a fidelidade do centrão antes de fazer as mudanças.

A avaliação no Planalto é que a estratégia deverá fazer com que o governo tenha uma base aliada menor porém mais coesa no Congresso. O governo sabe que, depois da sequência de denúncias, não conseguirá manter os cerca de 400 deputados que tinha em sua base, mas as trocas poderão garantir resultados consistentes.

(Com Reuters)

Autor / Fonte: Veja

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