Tóia, o humilde mestre do jornalismo rondoniense

O 7 de Abril existe também para que possamos reverenciar nossos preceptores e, por isso, mesmo atrasado, gostaria de honrar uma biografia profissional em especial

Porto Velho, RO – “É muito prolixo, opinativo, mas eu gosto da escrita. Tem futuro”. Esta foi a primeira crítica que recebi de um jornalista profissional, frente a frente, sobre meus textos – à época publicados no site O OBSERVADOR, um ano antes de ingressar à redação do Rondônia Dinâmica lá nos já longínquos idos de 2009.

A avaliação foi feita por um sujeito pacato e, já naquela época, era possível constatar de longe a facilidade com a qual o corpulento repórter desempenhava suas funções – sempre com um sorriso de otimismo no rosto, uma das mãos prontas para cumprimentar quem quer que fosse e demonstrando, ao mesmo tempo, a ânsia inconfundível traduzida à obstinação pela informação.

“E aí, gordão. Qual é o jogo? Cadê o fumígero?”, perguntava toda manhã, tornando-se uma espécie de bordão que sou obrigado a suportar há uma década.  


Tóia, ao centro, trabalhando em reportagem no início da carreira / Foto: Arquivo

Marcos Henrique Machado Santana, o Tóia, endireitou meus passos trôpegos de início de carreira; ensinou-me a deixar de escrever matérias com o ímpeto enviesado a fim de não contaminá-las com crenças particulares.

Lecionou, ainda, seus melhores “truques” para obter notícias exclusivas apenas garimpando informações oficiais de cunho público, porém escondidas (e ainda falam em princípio da publicidade...). 

Há no seu comportamento um quê de Mr. M., digamos assim; a comparação pode soar esdrúxula a princípio, porém, analisando friamente, o que acontecia ali – e ocorre até hoje – era simplesmente a realização da mágica com a subsequente explicação passo a passo, tanto causando ranço a outros ilusionistas quanto propiciando delírio à plateia. Por fim, com sua aura sublime e extremamente humana, contagiou o resto de minha postura errante contribuindo sobremaneira para que eu me tornasse uma pessoa... melhor.  Ou menos pior, como queiram.

Logo, Tóia não auxiliou apenas a minha formação jornalística. Foi responsável, também, por parte significativa de minha ascendente edificação moral e ética, algo que, francamente, não faz parte dos módulos universitários.

Nascido no dia 07 de setembro de 1972 na Maternidade Darcy Vargas, em Porto Velho, Marcos Santana, rondoniense da gema, iniciou sua incursão laboral em 1994, aos 22 anos, trabalhando no laboratório fotográfico do extinto O Estadão do Norte.


Tóia foi homenageado em fevereiro deste ano pela Fenacom

Dois anos depois, foi promovido a repórter policial onde atuou até os anos 2000. E quando saiu do Estadão já trabalhava no Rondoniagora – um dos pioneiros na internet. De lá, atuou no jornal O OBSERVADOR de 2004 a 2010. Mas não foi só isso: Tóia também escreveu para O Rondoniense e ao próprio Rondônia Dinâmica. Ele colabora, atualmente, com o Rondoniaovivo.

Assessorou a Associação Rondoniense  de Municípios  (AROM), a Grande Loja Maçônica do Estado de Rondônia (Glomaron), a reitora da UNIR Márcia Cristina Vitorino durante o governo de intervenção na universidade em 2010, o Sindicato dos Trabalhadores em Saúde (Sindsaúde), o Sindicato dos Agentes Penitenciários e Socioeducadores (Singeperon), o Sindicato dos Bancários e Trabalhadores do Ramo Financeiro  (SEEB-RO), o Sindicato dos Servidores Municipais de Porto Velho (Sindeprof) e hoje serve à Federação do Comércio de Rondônia (Fecomércio/RO).


O cantor Reginaldo Rossi; Roberto Kuppê, jornalista, e Marcos Santana o Tóia

Em fevereiro deste ano, Tóia foi um dos jornalistas homenageados pela Federação Nacional dos Comunicadores (Fenacom).

E embora o Dia do Jornalista (07 de abril) já tenha passado, quero registrar, ainda que atrasadíssimo, meus mais sinceros tributos ao grande e humilde mestre do jornalismo rondoniense.

O mesmo que, sem preciosismo barato, consolidou passos mais objetivos e retificados deste que vos fala nessa sofrida e apaixonante empreitada em busca da democracia plena e liberdade de expressão. Enfim, jornalismo – como costumam chamar.

Ah, eu continuo loquaz; ele, por outro lado, ainda é o mesmo gigante.

Obrigado, Tóia!

Vinicius Canova 

Autor / Fonte: Vinicius Canova

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