Tribunal peruano ordena que Fujimori seja processado por massacre de 1992

Tribunal peruano ordena que Fujimori seja processado por massacre de 1992

(2 fev) Parente de vítima do regime de Fujimori deposita flores em um monumento de Lima, para exigir a anulação de um indulto humanitário concedido pelo presidente Pedro Pablo Kuczynski - AFP

Um tribunal peruano ordenou que o ex-presidente Alberto Fujimori seja processado pelo massacre de seis camponeses em 1992, ao decidir que carece de imunidade apesar de ter sido indultado em dezembro, informou o poder judicial nesta segunda-feira (19).

“O Colegiado B da Sala Penal Nacional decide que no caso Pativilca não se aplica o direito de graça por razões humanitárias ao ex-presidente Alberto Fujimori. Portanto, não será excluído do julgamento neste caso”, informou no Twitter o poder judicial.

Fujimori, que cumpria uma condenação de 25 anos de prisão por outros dois massacres executados durante seu governo (1990-2000), foi indultado na véspera de Natal pelo presidente Pedro Pablo Kuczynski.

A Procuradoria pede que neste caso processem Fujimori junto com outras 23 pessoas, entre elas ex-integrantes de um grupo paramilitar e das Forças Armadas.

“Vou consultar o senhor Fujimori. Agora, em termos legais, o que pode acontecer é uma impugnação para que, na segunda instância, se resolva de forma definitiva. Comuniquei por telefone a notícia (ao ex-presidente). Está em calma absoluta”, disse o advogado do ex-governante, Miguel Pérez, o canal RPP.

“São 24 os que estão implicados nesta causa. O que (a decisão do tribunal) significa em termos concretos é que simplesmente o julgamento terá Fujimori como um dos acusados”, acrescentou.

O advogado de defesa havia proposto que Fujimori comparecesse ao tribunal como “testemunha”, o que foi rechaçado pela corte.

Os procuradores pedem 25 anos de prisão para Fujimori, de 79 anos, a quem acusam de ser o autor mediato dos crimes de homicídio, sequestro e associação criminosa executados pelo esquadrão paramilitar em Pativilca, um povoado ao norte de Lima.

“Lamento a decisão (…) no caso Pativilca. Confio em que meu pai será absolvido em um julgamento sem pressões políticas”, escreveu no Twitter Keiko Fujimori, filha do ex-presidente e líder do maior partido político peruano, Força Popular (direita populista).

Ela acrescentou que esta decisão judicial não “deve ser uma desculpa para voltar a prender um homem de idade avançada e delicado de saúde. Alberto Fujimori merece afrontar este processo em liberdade”.

– Violência desmedida –

“Fujimori já retomou sua condição de acusado. No caso de direito de graça, não havia uma coerência sensata”, disse o advogado de direitos humanos Carlos Rivera.

Em 29 de janeiro de 1992, em um momento de grande atividade guerrilheira no Peru, membros do Grupo Colina, integrado por militares, sequestraram e assassinaram seis pessoas nesse povoado.

A advogada das vítimas, Gloria Cano, havia exigido respeito aos direitos das vítimas e que não se aplicava o direito de graça concedido a Fujimori pelo presidente Kuczynski.

“Se o direito de graça for aplicado, iremos a instâncias internacionais”, declarou Cano à imprensa.

Fujimori foi colocado em liberdade depois de passar 12 anos na prisão de uma condenação e 25 anos como autor mediato da morte de 25 pessoas em duas operações contra subversão em 1991 e 1992 em Barrios Altos e na Universidade La Cantuta.

Autor / Fonte: AFP

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