O que há em comum entre Bill Gates, Bono Vox, Uber e caminhoneiros? São todos diferentes pontas de um novo negócio tecnológico: aplicativos de transporte que, em vez de unir passageiros e carros de passeio, juntam cargas e caminhões.
É um serviço que vem crescendo e ganhando escala nos Estados Unidos e no Brasil, onde o transporte rodoviário prevalece, embora em fase muito diferentes em cada um dos países.
Nos EUA, a economia aquecida faz transportadoras disputarem cabeça a cabeça os 3,5 milhões de caminhoneiros, dos quais menos de 400 mil são autônomos, segundo a ATA (associação do setor), e aplicativos como o Convoy (do qual Bono e Gates são sócios) e o Uber Freight travam guerra de promoções por fatias do mercado.
No Brasil, é o panorama inverso que cria oportunidade de negócio: com receitas em queda, ferramentas para aumentar a rentabilidade se tornam mais atrativas.
O volume de carga (principalmente da indústria e do comércio) caiu, prejudicando as contas dos 2,6 milhões de caminhoneiros - 374 mil autônomos, segundo a CNT (confederação do setor).
Os caminhões brasileiros trafegam com 61% de sua capacidade, e 39% das viagens são de veículos vazios, mostrou pesquisa da Empresa de Planejamento e Logística (EPL) feita em 2014.
O uso dos apps, segundo dados das próprias empresas e depoimentos de caminhoneiros, garante rendimento até 30% maior para os motoristas.
É o caso de William Banzer, 32, na estrada há 6. No começo deste mês, ele levava uma carga para João Pessoa e já negociava pelo aplicativo um frete para voltar no mesmo dia.
Banzer diz que a ferramenta aumentou o número de viagens, eliminou trajetos vazios e também permitiu fazer novos contatos e parcerias.
Os apps são a versão digital dos agenciadores - intermediários que distribuem carga em postos de combustível ou terminais de carga. São necessários porque o mercado tem uma "pulverização gigante", afirma Marcio D'Agosto, professor de engenharia de transportes da Coppe-UFRJ.
Autor / Fonte: NOTÍCIA AO MINUTO
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