União Europeia proíbe importações de 20 frigoríficos brasileiros

União Europeia proíbe importações de 20 frigoríficos brasileiros

Exportações de frango da BRF foram suspensas em março, após nova etapa da Operação Carne Fraca (MPT-RS/Divulgação)

A União Europeia (UE) anunciou hoje a exclusão de 20 unidades de frigoríficos da lista dos que estão autorizados a exportar frango para o bloco comercial. A maior parte pertence à BRF, dona da Sadia e Perdigão, maior processadora de alimentos do país. Essas empresas representam cerca de 30% do total de frango exportado para a União Europeia.

A medida já era esperada pelo governo brasileiro. O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, já havia anunciado que o governo vai recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra o descredenciando dos frigoríficos brasileiros como exportadores da UE. Ele deve se reunir com produtores já na semana que vem para discutir o assunto.

Hoje, ele voltou a afirmar que a restrição tem motivação comercial e não sanitária, pois o bloco europeu teria proposto a cobrança de uma sobretaxa para as exportações do Brasil.

“Eles dizem que é uma questão de saúde, mas se o Brasil resolver pagar 1.024 euros por tonelada e vender como frango in natura aí fica liberado”, disse o ministro.

Blairo culpou parte dos problemas enfrentados hoje à primeira etapa da Operação Carne Fraca, que fechou vários mercados para a carne brasileira. “Tudo começou quando fez a PF fez a primeira Operação Carne Fraca, que foi muito mal divulgada e criou pânico nos mercados. A partir daí, passamos a ter fiscalização em 100% de nossas exportações.”

Segundo ele, o índice de rejeição dos embarques de carnes brasileiras a partir do aperto na fiscalização era de 10%. “Melhor que o de muitos países.”

Para tentar evitar a exclusão, o próprio ministério derrubou ontem a proibição das exportações da BRF para a União Europeia. O embargo foi adotado em março, após a segunda etapa da Operação Carne Fraca, que investiga a falsificação de laudos sanitários necessários para a exportação de frango.

O ministro afirmou que a decisão da União Europeia foi anunciada após um exportador entrar na Justiça para liberar a venda de seus produtos para o mercado externo. “Nos últimos meses, uma empresa entrou com ação e ganhou certificado de exportação. A EU entendeu que isso afetava a segurança sanitária, pois a Justiça poderia interferir no processo.”

O Brasil vendeu 317 milhões de dólares em frango salgado in natura para a UE no ano passado e 118 milhões em frango in natura sem sal, para o qual a cota permitida é de 21.600 toneladas sem tarifas, segundo uma apresentação do ministro.

Não será a primeira vez que o Brasil ingressa em uma disputa com os europeus na OMC. No início da década passada, o Brasil abriu um painel e ganhou a disputa sobre classificações tarifárias de carne de frango salgada, segundo a ABPA, associação que representa a indústria.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) contratou a advogada Ana Teresa Caetano para a realização de estudos preparativos para o painel que o Brasil poderá mover contra a União Europeia contra as restrições aos embarques de carne de frango. É a mesma profissional que atuou no caso na OMC envolvendo Brasil e EU na década passada.

(Com Reuters)

Autor / Fonte: Veja

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