INTERFERÊNCIA

Agentes de inteligência dos EUA dizem que a Rússia tenta promover a reeleição de Trump

Agentes de inteligência avisaram parlamentares norte-americanos que a Rússia está interferindo na campanha eleitoral deste ano para que o presidente Donald Trump seja reeleito.

Os avisos levantam questões a respeito da integridade da campanha presidencial e se a gestão de Tump toma as medidas necessárias para combater o tipo de interferência que aconteceu nos EUA em 2016.

Três autoridades diferentes confirmaram que esse foi o teor de uma reunião que aconteceu com parlamentares na semana passada sobre a natureza dos esforços da Rússia para influenciar as eleições de 2020 e semear discórdia no eleitorado dos EUA.

O conteúdo da reunião foi relatado inicialmente pelo “The New York Times” e “The Washington Post”.

As reportagens desagradaram o presidente Trump, que reclamou que o Partido Democrata vai usar a informação contra ele. Durante sua presidência, ele tem desconsiderado as conclusões das agências de inteligência a respeito da interferência da Rússia nas eleições de 2016, que ele considera uma teoria da conspiração para diminuir sua vitória.

A presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, escreveu em uma rede social que “os eleitores americanos devem decidir as eleições –não Vladimir Putin".

Ela também afirmou que os membros do Congresso devem condenar os esforços do presidente para desconsiderar as ameaças à integridade da nossa democracia e dar tons políticos à comunidade de inteligência.

Rússia nega interferência

O Kremlin informou nesta sexta-feira (21) que as acusações feitas por autoridades da inteligência norte-americana de que a Rússia está interferindo na campanha eleitoral de 2020 e tentando aumentar as chances de reeleição do presidente Donald Trump são falsas e resultantes de paranoia.

"Estes são mais anúncios paranóicos que, para nosso pesar, se multiplicarão à medida que nos aproximarmos da eleição; eles não têm nada a ver com a verdade", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

Queda de diretor

O encontro entre os agentes de inteligência e os parlamentares aconteceu no dia 13 de fevereiro. No dia seguinte, Trump deu uma bronco no então diretor nacional de inteligência, Joseph Maguire.

Nesta semana, Trump anunciou que Maguire será substituído por Richard Grenell, considerado uma pessoa legal ao presidente.

As agências de espionagem dizem que a Rússia interferiu nas eleições de 2016 por meio de redes sociais e roubando e distribuindo mensagens por e-mail de contas de membros do Partido Democrata.

Eles afirmam que a Rússia estava tentando ajudar a campanha de Trump e tornar o processo político nos EUA mais caótico.

O promotor especial Robert Mueller concluiu que a interferência russa foi abrangente e sistemática. No entanto, ele não descobriu uma conspiração criminal entre a campanha de Trump e os russos.

O encontro da semana passada incluiu deputados e senadores do Partido Republicano e a chefe do departamento nacional de inteligência para eleições, Shelby Pierson.

Os republicanos responderam que Trump foi duro com a Rússia. Trump impôs sanções econômicas à Rússia, mas ao mesmo tempo ele também disse palavras elogiosas a respeito de Vladimir Putin e retirou tropas de áreas onde Moscou poderia preencher o vácuo, como na Síria.

No ano passado, ele ainda suspendeu uma verba para auxílio militar para a Ucrânia, um adversário russo -uma decisão que estava no centro do processo de impeachment.

De acordo com o “The New York Times”, Trump está contrariado com o fato de o briefing da Câmara ter incluído o deputado Adam Schiff, que liderou o processo de impeachment.

Na quinta-feira (20), Trump nomeou formalmente Grenell, embaixador dos EUA na Alemanha, para substituir Maguire como o novo diretor interino de inteligência nacional.

A formação de Grenell é principalmente em política e assuntos da mídia. Ele não tem a extensa experiência em segurança nacional e militar de Maguire, bem como os detentores anteriores do cargo que supervisionava as 17 agências de inteligência do país.

Sua nomeação dificilmente vai melhorar as relações difíceis do presidente com a comunidade de inteligência, que Trump afirma serem parte de um "corpo de estado profundo" de burocratas entrincheirados que buscam minar sua agenda.

O governo tem discutido mais notavelmente com a comunidade de inteligência sobre a interferência russa e os eventos que cercam o impeachment de Trump.

Pierson, a chefe do departamento nacional de inteligência para eleições, disse no mês passado à NPR, uma rede de rádios, que os russos já realizam operações para influenciar as eleições de 2020. “Mas não temos evidências neste momento de que nossos adversários estejam olhando diretamente para interferir nas contagens de votos ou nas contagens”, disse ele.

Ela afirmou que os EUA não sabem ao certo o que os russos planejam, e que esse não é um problema unicamente russo.

“Também estamos preocupadas com China, Irã, entidades que não são Estados, ativistas e até mesmo americanos que pretendem torpedear a confiança no sistema eleitoral”, disse.

Em uma audiência aberta neste mês, o diretor do FBI, Christopher Wray, disse ao Comitê Judiciário da Câmara que a Rússia estava envolvida em "guerra de informação" nas eleições de novembro, mas que a polícia não viu esforços para atingir a infraestrutura americana. Ele disse que a Rússia está confiando em uma campanha secreta de mídia social para dividir o público americano.