TURQUIA

Erdogan critica absolvição de ativistas acusados de instigar protestos

"Aqueles que definem os eventos de Gezi como um movimento ambiental inocente são negligentes ou inimigos do país e da nação", disse o Presidente, depois de descrever os jovens que aderiram aos protestos de 2013 como "terroristas".

Os advogados do caso denunciaram inúmeras irregularidades durante o julgamento e enfatizaram que a acusação não possuía provas sobre as acusações feitas aos manifestantes

"Para entender que não foi uma revolta inocente, é importante saber quem é quem", disse o Presidente em declarações transmitidas pela emissora NTV.

Erdogan relacionou os protestos contra o Governo turco com o magnata norte-americano George Soros, a quem o Presidente da Turquia acusou em mais de uma ocasião de ter orquestrado as manifestações.

"Há figuras como Soros que querem desestabilizar alguns países com revoltas. Como sabem, o seu apoiante turco estava na prisão e ontem (terça-feira), com uma manobra, queriam absolvê-lo", disse o chefe de Estado.

Erdogan referia-se ao único dos réus que permanecia em prisão preventiva, o filantropo e ativista Osman Kavala, que foi absolvido na terça-feira das acusações de ser o "líder e instigador" dos protestos e cuja libertação foi confirmada.

Entretanto, o procurador geral de Istambul emitiu, algumas horas após a absolvição, um novo mandado de prisão contra Kavala, desta vez pelo suposto relacionamento do ativista com o golpe de Estado fracassado de 15 de julho de 2016.

Em dezembro, o Tribunal Europeu de Direitos Humanos (CEDH) solicitou a libertação imediata de Kavala, argumentando que não havia provas contra o filantropo.

Kavala foi transferido terça-feira à noite para a sede da polícia para interrogatório e espera-se que nas próximas horas um juiz decida a sua libertação ou a volta para a prisão preventiva.

Um tribunal de Istambul absolveu na terça-feira 16 ativistas turcos de acusações relacionadas com o terrorismo, incluindo Osman Kavala.

O tribunal de Silivri, perto de Istambul, absolveu os 16 acusados devido "à falta de provas suficientes" para apoiar as acusações de "tentativa de derrubar o Governo", de acordo com um correspondente da agência de notícias AFP.

Os réus foram acusados de organizar protestos antigovernamentais em massa na tentativa de derrubar o Governo turco em 2013.

Os protestos começaram para impedir a destruição de um pequeno parque no centro de Istambul, que seria convertido num centro comercial no estilo otomano.

As manifestações cresceram e tornaram-se um movimento de protesto mais amplo na Turquia, desafiando Recep Tayyip Erdogan.

Entre os outros 15 réus estão jornalistas, atores, atrizes, arquitetos e cineastas.