Fim da folia

Opinião - Os muitos desafios de Rondônia, após o Carnaval

 O Brasil para todos os anos em dezembro e volta à normalidade, após o Carnaval. Ou deveria. Com ou sem crise o povo não abre mão de participar da Folia de Momo e, nem mesmo um vírus potente como o coronavírus assusta. Casos concretos da epidemia só vieram a público na Quarta-Feira de Cinzas, quando, de forma repentina, foi divulgado, que haviam mais de 180 casos, porém necessitando de confirmação. Antes somente um caso tinha sido constatado, mas de suspeita e não foi confirmado. É o Brasil.

Com o fim da folia de Momo o País tem que retomar a realidade econômica, social e política. E Rondônia tem muitos problemas que necessitam de solução urgente, porque é uma região diferenciada das demais, inclusive no caso do coronavírus, porque não há nem caso de suspeita, provavelmente devido as altas temperaturas e, como o vírus é sensível a calor acima de 26 graus, por enquanto a praga não chegou por aqui.

Ainda bem.

A partir de amanhã (1º) já estaremos no mês de março, o terceiro do ano. Rondônia tem inúmeros problemas que necessitam de solução urgente sob pena de ter a economia comprometida.

O Estado é vocacionado à agricultura, que chegou com força total nos últimos anos. A produção média de soja por hectare em Rondônia é de 55 a 60 sacas, recorde nacional, mas este ano, na safra que está em pleno andamento, mesmo com o período chuvoso (inverno amazônico) em algumas regiões, como no Cone Sul, há propriedades produzindo 70 sacas/há.

O problema é que estamos com as estradas em condições precárias, a malha viária asfaltada (ROs), ou que deveria, está tomada por buracos. Diariamente há acidentes envolvendo veículos transportando grãos, devido a precariedade das rodovias e comprometendo o transporte para o Porto Graneleiro de Porto Velho, no rio Madeira. E matando pessoas, o que mais preocupa.

As vicinais, que dão acesso às ROs estão em condições críticas comprometendo diretamente o transporte da safra da produção agrícola em fase inicial. Há regiões que o governo do Estado, através do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), vias residências, que estão com os parques de máquinas sem condições de proporcionar um atendimento adequado dando suporte com equipes em pontos críticos, que são muitos, para garantir o tráfego, mesmo com todas as dificuldades. O direito constitucional de ir e vir de as pessoas está comprometido.  

O governador Marcos Rocha (PSL) e sua equipe devem priorizar as estradas, lógico, sem descuidar da saúde, educação, saneamento básico, etc., inclusive dar apoio, mesmo com o sucateamento das residências às prefeituras, para que a ótima produtividade da soja não seja prejudicada –ainda mais– pela deficiência no transporte devido à falta de estradas transitáveis.

E o problema não pode ficar relacionado, apenas agora com a safra de grãos e às chuvas. Toda a programação deve ser feita no período de verão amazônico (seca), para que a economia do Estado, dos municípios e da população em geral não fique comprometida, prejudicada e em certos casos inviabilizada, porque não há como transportar a produção.

Também não podemos se esquecer da produção leiteira, que é diária com ou sem chuva. Nova Mamoré, o maior produtor de leite de Rondônia produzia em 2018 quase 130 mil litros/dia. Rondônia é o maior produtor de leite da região Norte e está entre os cinco maiores do país. Sem estradas fica difícil manter a produção, pois não há como o leite chegar aos laticínios.

A BR 364, conhecida como “Rodovia da Morte” há tempo precisa ser restaurada e não recuperada com tapa-buracos, que é uma medida paliativa. Um caça-níquel e golpe de empreiteiras e políticos corruptos. O alicerce da 364 não tem suporte para o volume do tráfego diário, que em época de safra de grãos (soja e milho), como agora, de cerca de 2,5 mil veículos pesados (carretas, bitrens e treminhões) diariamente transportando até 60 toneladas. A rodovia foi construída na década de 80, quando uma jamanta transportava no máximo cerca de 30 toneladas.

A mais importante rodovia federal do Estado precisa ser restaurada e duplicada no trecho entre Vilhena, na divisa com o Mato Grosso e Porto Velho, para o porto graneleiro da capital e posteriormente duplicada. É uma questão de segurança e de economia regional. Mesmo que seja necessário a privatização.

O Carnaval acabou, o ano começou e Rondônia não pode parar. O governo do Estado e as prefeituras com apoio do governo federal devem juntar forças e enfrentar a realidade. Rondônia é um Estado pujante, como pouco mais de 38 anos de emancipação político-administrativa com futuro promissor e carece de um governo forte, visionário e preparado para enfrentar o desafio de adequar o Estado aos novos tempos da informática, da tecnologia, da eletrônica. É o que o povo espera de Marcos Rocha, que está no segundo ano no comando do Estado. Sob pena de deixar o progresso e o desenvolvimento passarem. Vamos ao trabalho, porque o tempo não para.