Reeducandos em Rondônia recebem qualificação e planejam futuro profissional após cumprimento de pena
Publicada em 06/03/2020 às 13:42Porto Velho; RO - Esperança. È a palavra que resume o maior sentimento ainda latente no coração e na vida de centenas de reeducandos que ainda mantém sonhos e planos, mesmo dentro de um cárcere onde cumprem sentenças por um longo período.
Em Rondônia, especificamente no Presídio Masculino Aruana e Presídio Feminino Suely Maria localizados na cidade de Porto Velho e em Guajará-Mirim para os reeducandos (a) do Sistema semiaberto, 125 pessoas em condições privativas, estão sendo beneficiadas com cursos profissionalizantes, em áreas diversas. Apesar de estarem atualmente nesta condição (em cumprimento de pena perante a Justiça), por pratica de delitos/crimes, sonham e planejam uma nova vida, após ganharem a liberdade.
A maioria dessas pessoas projeta construir uma nova história, com suas famílias, por meio do trabalho e reconhecimento profissional. Acreditam também que apesar dos erros que cometeram, ainda podem sim, viver em sociedade, cooperar e serem produtivos em suas comunidades.
Projeto Aprendendo a Empreender
No Estado do Norte, está oportunidade está sendo viabilizada e se tornando realidade, especificando que um dos objetivos previstos é “Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida de todos”, dentre outros, através de uma parceria entre Associação Beneficente de Assistência Médica e Social as Populações Ribeirinhas do Vale do Guaporé e Mamoré da Amazônia Ocidental -ASBAMGUAMA, e o Ministério Público do Trabalho – MPT 14ª Região, através do projeto UIRAPURU, com recursos e subsídio provenientes do Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS).
Futuro melhor
Para estes futuros profissionais, as portas para um futuro melhor começaram a se abrir quando escolheram ocupar seu tempo ocioso, participando do projeto de ressocialização, implantado ainda em 2019.
Em Porto Velho, cerca de 25 reeducandos do Presídio Aruana, concluíram o curso básico de corte e costura e malharia. Outros 25 reeducandos do Sistema semiaberto do município de Guajará-Mirim, foram qualificados no curso básico.
Emprego e Renda
De acordo com os coordenadores do projeto, novas turmas estão sendo preparadas para a execução e ministração do curso. Conforme o cronograma do projeto, novas etapas serão executadas com qualificações básicas, intermediarias e profissionais, com previsão de conclusão até novembro de 2020, com o objetivo de promover emprego e renda a essa população, que em algum momento, buscará ocupar um lugar no mercado de trabalho, com a capacidade de tomar as próprias decisões em suas vidas, quando retornarem ao convívio social.
Depoimento dos reeducandos
Álvaro do Nascimento, 28 anos – Regime fechado
“Meu sonho é grande. A previsão é sair daqui (presídio) em um ano e meio. Pretendo montar meu atelier. Quero fazer o curso intermediário e profissional. Enxerguei neste projeto de ressocialização a oportunidade de abraçar uma nova profissão”, afirmou o reeducando que trabalhava como cozinheiro.
Roni Marcos Gama, 44 anos – Regime fechado
Há um ano e três meses no sistema prisional, o reeducando afirma que esposa, filhos e até netos o esperam para refazer a vida familiar e social, após o cumprimento de sua pena. “Aos 14 anos conheci está profissão (corte e costura). Minha mãe é costureira há mais de 30 anos e tem várias máquinas, mas não via em mim a capacidade de costurar. Ver estes trabalhos sendo realizados com as nossas próprias mãos, dá incentivo para nos aperfeiçoar. Quando estamos aqui todas as portas se fecham, mas Deus abre novamente, tenho fé. Hoje vejo a oportunidade de prosperar na vida com uma profissão que vai me gerar emprego e renda”.
Paulo Marcelo, 37 anos – Fechado
Há dois anos no cumprimento de pena, o reeducando diz que nunca se imaginava operando uma máquina de costura. “Inicialmente tive dificuldade com os movimentos nas pernas, mas com a ajuda das professoras e incentivo dos colegas de curso, superei as barreiras. Agora me dou nota 9”, Avalia-se Marcelo que planeja ainda se profissionalizar por meio do projeto e quando sair do sistema, melhorar a qualidade de vida da esposa e filhos, que o esperam, segundo ele, para viver uma nova caminhada.
Manoel Oliveira da Silva, 51 anos
No regime fechado há sete meses, Manoel relata nunca ter costurado uma linha na vida e não achava ser capaz de coser uma roupa, como vem agora produzindo após iniciar o curso básico.
“O que mais sinto é falta da minha família. Lá fora era pastor e tinha um ministério. Deus não quer o mal da gente, mas faz as coisas acontecerem em nossas vidas para um bem maior. Nos dá a oportunidade de escrevermos uma nova história. Além do corte e costura, estou fazendo um curso de marcenaria. Tenho esposa e um filho recém-nascido. Vou casar com ela oficialmente aqui no presídio em uma cerimônia comunitária. Está tudo certo para acontecer. Deus está fazendo uma obra em minha vida e restaurando a minha Fé”, afirma esperançoso.
Encerramento do curso básico de corte e costura e malharia e novas turmas
Durante o encerramento do curso e entrega de certificados aos alunos do presídio Aruana, o diretor geral do sistema penitenciário, Manoel Luna Barros, parabenizou os reeducandos pelo empenho, dedicação e comportamento exemplar durante o período em que foi ministrada a qualificação profissional. “Diante dos trabalhos exposto e da excelência na produção, parabenizo a todos, alunos e professores e sem dúvida posso afirmar que essa foi a melhor turma formada”, salientou Luna.
E continuou:
“Todos estão aptos a iniciar uma nova profissão e esse conhecimento transmitido pelos professores é um legado para o resto de suas vidas, além de oportunizar uma vaga no mercado de trabalho. Deus está proporcionado a todos vocês uma benção e um recomeço de vida. Tenho muita fé que todos que se formaram, serão vencedores” concluiu.
De acordo com os coordenadores do projeto de ressocialização, uma 2ª turma de 25 aprendizes está sedo formada para receber qualificação profissional básica, ainda neste mês de março, além de uma avaliação minuciosas do desempenho dos alunos e professores em relação a qualidade dos trabalhos confeccionados.
APRENDER A EMPREENDER
O projeto Aprendendo a Empreender tem como objetivo e proposta, a qualificação profissional de corte e costura, junto às unidades penitenciárias de Rondônia, visando o fortalecimento da geração de emprego e renda e um novo modelo de ressocialização penitenciária.
JUSTIFICATIVA
A Lei de execução penal brasileira é considerada uma das mais modernas do mundo, mas é inexequível em muitos dos seus dispositivos por falta de estrutura adequada ao cumprimento das penas privativas de liberdade e das medidas alternativas previstas.
Diante de unidades prisionais superlotadas e sem atividades socioeducativas que possibilitem ao interno sua recuperação, a Associação Beneficente de Assistência Médica e Social as Populações Ribeirinhas do Vale do Guaporé e Mamoré da Amazônia Ocidental – ASBAMGUMA, constitui-se numa oportunidade, para que eles possam realizar um trabalho lucrativo e assim possibilitar a garantia de recursos para o seu sustento e de suas famílias, ajudando-os de forma a perpetuar a autoestima e a reconquistar sua dignidade para que possa integralizar-se nos seios da sociedade.
Fonte: Assessoria/ASBAMGUAMA