EDITORIAL

Rondônia: O inimigo invisível de Coronel Marcos Rocha

Porto Velho, RO — O governador Coronel Marcos Rocha, do PSL, ainda não se deu conta da sorte que teve. Não em decorrência da eleição em si,  o que é discutível sob todos os pontos de vista, incluindo a hipótese de ter sido arrastado ao Palácio Rio Madeira pela devastadora e passageira onda patriótica conjurada pelo presidente Jair Bolsonaro, este ainda sem legenda.

Rocha chegou à cadeira-mor do Executivo estadual, móvel dos sonhos de muitos políticos quase-lá, como o próprio -- e ainda animado --, Expedito Júnior, tucano que fora seu adversário no segundo turno do pleito em 2018, sem dever nada a quem quer seja.

Não estava alinhado a grupos políticos, não fez concessões mirabolantes durante a campanha. Até mesmo os potenciais aliados do militar como o próprio deputado federal Coronel Chrisóstomo e o postulante também derrotado Jaime Bagattoli, que quase jogou Confúcio Moura (MDB) para escanteio na briga pelo Senado, ficaram de fora dos planos do novo estafe formulado a partir de janeiro de 2019.

Além de tudo isso, o coronel reformado da Polícia Militar (MP/RO) ganhou outro presente jogado em suas mãos especialmente pela sinergia da ventura: um governo completamente destituído de oposição no Legislativo.

Quem se recorda do ex-deputado estadual Hermínio Coelho (PV) incorporando verdadeira pedra no sapato de Confúcio sabe que o tapete está estendido para que Rocha administre sem maiores traumas, completamente livre de incômodos.

E não no mesmo nível, mas com considerável fluxo moderado de enfrentamento, os ex-colegas de Coelho, Léo Moraes, hoje parlamentar federal pelo Podemos, e Jesuíno Boabaid, eventualmente teciam bordoadas contundentes tanto no emedebista que governou Rondônia quanto no sucessor, Daniel Pereira, atualmente no Solidariedade.

Agora, como Marcos Rocha só se comunica através de sua página oficial no Facebook mantendo-se aquartelado e longe da imprensa o máximo que pode, passou a criar respostas que não podem receber qualquer outra denominação a não ser o diagnóstico: esquizofrenia adminsitrativa.

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De repente, questões de gestão passaram à mediocridade maniqueísta de sempre embora ele tenha prometido há quase dois anos destoar do mais do mesmo.

É Deus contra o Diabo. É o bem contra o mal. São os bons contra os ruins.

Sobre a inaptidão de comando, voltou a se justificar dizendo que administrações anteriores teriam deixado um rombo de R$ 420 milhões no orçamento; responsabiliza veículo de """comunicação de esquerda""" (olha a invencionice, o malabarismo retórico...) para escapar pela tangente de questionamento nas redes sociais sobre a questão do ICMS e os valores do combustível; e para evitar furor maior ainda diz à audiência qualificada que entregou o governo "nas mãos de Deus".

Isto tudo a despeito de não haver um único flanco de oposição, sequer uma migalha de protesto na Assembleia Legislativa (ALE/RO): melhor do que esse panorama, sinceramente, não existe, simplesmente não é possível.

Lembre-se, coronel, como disse Mahatma Gandhi em mais de uma oportunidade enquanto esteve vivo por estas terras, "o medo tem alguma utilidade, mas a covardia não".

Pense nisso nos próximos quase três anos.