Coronavírus: Marcos Rocha, sem comando, volta a emular Bolsonaro, mantém discurso obscurantista e opta por ataques frontais à imprensa

Porto Velho, RO —  A última patacoada do Palácio Rio Madeira demonstra, de maneira cabalíssima, que o governador Coronel Marcos Rocha perdeu o controle sobre sua própria gestão. As coisas acontecem debaixo do seu nariz, e, embora as pessoas não tenham o poder da clarividência,  quando as informações chegam ao seu domínio, diga-se de passagem, é próprio do faixa-preta de karatê [feito que ele repete à exaustão, especialmente quando ninguém pergunta] dizer a seus destinatários: 

"Isso me deixa chateado". 

Sua inanição diante dos fatos desdobrados sob a fuça remetem ao desânimo de personagens consagrados pela prostração, como, por exemplo, o Bisonho, da turma do Ursinho Pooh, ou mesmo Hardy, a hiena agourenta que vivia a vociferar para o amigo Lippy:

"Oh, dia! Oh, vida! Oh, azar!". 

Certamente a analogia infantil não pode ser descartada de plano, vez que o próprio militar sai por aí dizendo que é o Optimus Prime, encarnando o alienígena-robótico-imaginário nas redes sociais ao responder comentários. A ilustração é pedagógica, no mesmo nível. 

Marcos Rocha mirou em Optimus Prime, mas acertou no desânimo de Hardy, a Hiena, e na prostração postural de Bisonho / Divulgação

Assim demonstrou sua insatisfação com o secretário Elias Resende de Oliveira, do Meio Ambiente (Sedam), que resolveu proibir a pesca esportiva por 120 dias em decorrência do Coronavírus. A informação foi trazida à baila pelo site Tudo Rondônia, com o respectivo áudio do chefe do Executivo estadual reclamando à interlocutora não identificada a respeito da atitude do comandado. 

Agora, sem prumo, já que é perceptível a falta de rédeas especialmente enquanto perduram os efeitos do isolamento social e do alastramento do vírus no estado, compreendeu que seria interessante virar as baterias contra a imprensa. A ideia é minar a credibilidade dos profissionais que deram amplitude às suspeitas patrocinadas pela Assembleia Legislativa (ALE/RO), em alguns casos reforçadas até mesmo pelo adjunto da Saúde, inclusive, em vez de prestar contas ao Poder fiscalizador, com a transparência, ética e correição às quais havia prometido à sociedade em 2018 com a intenção de se eleger. 

As compras controversas executadas pela Secretaria de Saúde (Sesau/RO), pasta cuja titularidade pertence a Fernando Máximo, o médico popstar, estão sendo discutidas, questionadas e lançadas às mãos dos órgãos de fiscalização e controle. 

E esse é o ônus do Poder: afinal, não dá para viver só de láureas e louros.  

Só restar entender o porquê do incômodo do tipo que garantiu sujeitar-se ao crivo das instituições com o nítido objetivo de evitar corrupção ou até mesmo malversação culposa dos recursos de ordem pública. 

A raiva emergida a partir das cobranças enfáticas escancara receio semelhante ao apresentado por bichos fujões quando encurralados, prensados contra a parede. 

Aliás, frise-se, tentar emular o presidente Jair Bolsonaro é expediente já manjado, usado à exaustão à época da campanha há quase dois anos; como o povo já o conhece, não "cola" mais: enfim, Marcos Rocha terá de prestar contas com o próprio CPF.

É o fim da simbiose, governador.

O "Eu sou ele, e ele sou eu" agora é "Você é você, e ele é ele", logo, não esqueça, o que for da sua cota será analisado pelas autoridades competentes aqui nestas paragens do poente. Sem subterfúgios, sem crise de identidade, sem chove não molha, sem choradeira e sem atribuição de responsabilidade a terceiros.

Fica a sugestão: a primeira coisa a se fazer é reconquistar o comando da gestão, impondo respeito e acessando as decisões do estafe antes de serem tomadas; depois -- a mais importante delas --, é abrir a Caixa de Pandora dos gastos praticados pelo Governo do Estado durante a crise do COVID-19.

Ainda há tempo para recuperar a credibilidade.