Empresa que fez negócio milionário com Rondônia nos testes de Coronavírus mentiu em suas credenciais

Porto Velho, RO — Na noite da última sexta-feira (15), o jornal Rondônia Dinâmica entrou em contato com o presidente da Iquego (Indústria Química do Estado de Goiás), laboratório público daquela unidade federativa.

Denes Pereira Alves foi nomeado para comandar o órgão da administração indireta pelo atual governador Ronaldo Caiado (DEM).

O jornal informou a Alves que a empresa BuyerBR, intermediadora da entrega de 100 mil testes rápidos de Coronavírus para o Estado de Rondônia pelo valor de R$ 10,5 milhões [os valores foram bloqueados pela Justiça a pedido do Ministério Público (MP/RO)], usou a Iquego como referência comercial  no processo administrativo deflagrado pela Secretaria de Estado (Sesau/RO).

Durante a semana, o Rondônia Dinâmica informou aos seus leitores que a BuyerBR nomeou oficialmente Maíres Natalia de Carli, ex-vice-presidente da RCC Alimentos, empresa tocada até ano passado pelos irmãos Gonçalves, José e Sérgio, ambos membros do governo Rocha desde o ínicio.

José Gonçalves da Silva Júnior, o Júnior Gonçalves, além de Sérgio Gonçalves da Silva, são, respectivamente, secretário-chefe da Casa Civil e superintendente de Desenvolvimento Econômico e Infraestrutura (SEDI).

Embora Júnior minimize a participação de Maíres no empreendimento, esta já falou em nome da RCC inclusive quando houve denúncia no Legislativo do Acre envolvendo as operações do empreendimento naquele estado, conforme veiculou o site Acre24h à época. O chefe da Casa Civil diz que a empresa já entrou com processo de fechamento e não está mais em atividade, culpando a imprensa pela ligação comercial com a mulher que hoje faz o meio de campo do valor de R$ 10,5 milhões entre o Estado de Rondônia e a BuyerBR, uma empresa de São Paulo.

Aliás, a BuyerBR, quando usou a Iquego como referência comercial a fim de excursionar seu leque de negócios na carta de apresentação ao Estado de Rondônia, anexou um Memorando de Intenções onde aparece o nome de Denes Alves, mas, também, o carimbo e a assinatura do controller José Carlos dos Santos, assessor da Presidência do órgão.

Ao Estado de Rondônia, BuyerBR usou indevidamente o nome de órgão do Governo de Goiás como parceiro comercial / Divulgação

No memorando em questão, aparece o nome da Hangzhou Realy Tech Co., Lta., o laboratórico que ao menos em tese confecciona os testes rápidos de Coronavírus que seriam enviados ao Estado de Rondônia, embora ainda estejam empacados no Aeroporto de Guarulhos.

De acordo com  matéria exclusiva do Rondônia Dinâmica, os testes não possuem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a despeito de protocolo para sua obtenção ter sido aberto há mais de um mês.

Acionada na mesma noite pelo controller da Iquego, a BuyerBR teve de assinar uma Nota de Esclarecimento pedindo desculpas ao Governo de Goiás por inserir o órgão da administração como parceira comercial em suas credenciais.

A nota foi encaminhada José Carlos dos Santos à redação do Rondônia Dinâmica.

BuyerBR usou anexo de Memorando de Intenções assinado por órgão de Goiás para dar ares de negócio fechado ao Estado de Rondônia / Divulgação

Sobre o imbróglio, o assessor técnico do laboratório público de Goiás declarou:

"Não teve parceria nem negócio. [...] Inclusive, de imeadiato o presidente me ligou e eu entrei em contato com a representante da empresa. Porque parceiro é quem fecha negócio, nós não fechamos", destacou.

"A declaração é: a Iquego assinou, sim, um protocolo de intenções com a empresa, como assinou com várias outras, mas não fez negócio. Ela está desautorizada de utilizar o nome da empresa porque nós não fizemos negócios. Eles nos colocaram como parceiros. Nós não somos parceiros",concluiu dos Santos.

VEJA A NOTA DA BUYERBR ENVIADA À IQUEGO: