EDITORIAL Testes rápidos de Coronavírus comprados por Marcos Rocha não eram apenas caros; eles podem ser completamente inúteis Publicada em 04/07/2020 às 09:34 Porto Velho, RO – Reportagem veiculada na última sexta-feira (03) de maneira exclusiva pelo jornal eletrônico Rondônia Dinâmica revela nova faceta possivelmente problemática relacionada aos cem mil kits de testes rápidos para detecção do novo Coronavírus (COVID-19/SARS-CoV-2). Além de caros, muito caros, aliás, porquanto a gestão Marcos Rocha, sem partido, se predispôs a desembolsar R$ 10,5 milhões no negócio entabulado diretamente com a BuyerBR, empresa intermediadora dos produtos fabricados pelo laboratório chinês Hangzhou Realy Tech Co., Ltd., existe nova celeuma. A questão agora gira em torno da qualidade dos testes rápidos; em suma, o assunto já está nas mãos das promotoras Emília Oiye, coordenadora da Força-Tarefa COVID-19, e Flávia Barbosa Shimizu Mazzini, representando a 13ª Promotoria de Justiça. Ele foi levado ao órgão de fiscalização e controle pelo advogado Vinícius Miguel, que, por sua vez, escorou-se em reportagem também publicada pelo Rondônia Dinâmica, e isto antes mesmo de os testes terem recebido a chancela da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O que não foi revelado ontem, mas será exposto na íntegra ao fim deste editorial está em trecho do Registro de Reunião por Videoconferência. O encontro ocorreu no dia 10 de junho e envolveu tanto as promotoras quanto representante da Secretaria Municipal de Saúde da Capital (Semusa), qual seja, a médica Marilene Penati; Maxwendell Gomes Batista, diretor-clínico do Centro de Especialidades Medicas (CEM) e Anny Graciely Gomes M. Horeay, bioquímica na mesma instituição de saúde. Confira a passagem abaixo: “[...] A mesma questão está ocorrendo com os testes rápidos, que há pressão para realização de estratégia tipo “mutirão” semelhante à do Estado, que, aparentemente, não tem a precisão e credibilidade necessária. Acredita que pode existir nesses testes doados pelo Estado de Rondônia, além de falsos negativos, que são esperados, também falsos positivos. No Município de Porto Velho em 2.800 testes rápidos aplicados e já processados, foram constatados 783 positivos, que é um percentual muito alto, sendo que há dúvidas sobre esses resultados. O restante dos 8.000 testes realizados ainda não foram [sic] lançados no sistema”. Verdade seja dita e reverberada: um teste com resultado errado é pior que não ter teste algum. Se houver falso positivo, a pessoa toma medicações sem necessidade, podendo ter efeitos colaterais; em caso de falso negativo, o paciente, enfermo, volta às atividades, sem cumprir isolamento, e contamina todo mundo. E isto além de não tratar a doença adequadamente. Se esses números fossem corretos, a cidade de Porto Velho, claro, seria obrigada a recolher-se ao lockdown – e com força total. Afinal, o que está dito aí em cima é que 30% num universo de pouco menos de 3 mil pessoas testadas estariam com o novo Coronavírus. Entretanto, os próprios especialistas do setor, durante a audiência, demonstraram crer que o Estado de Rondônia pode ter “resvalado numa casca de bananas” daquelas. E se o (a) leitor (a) achar que é exagero imaginar o Estado de Rondônia, hoje sob as rédeas de Marcos Rocha, comprando testes possivelmente imprestáveis por R$ 10,5 milhões – e ainda “brigando” pra pagar pela eventual obscenidade via Justiça –, há um paralelo isento. De acordo com a versão eletrônica da revista Isto É, a microbiologista Natalia Pasternak criticou [...] a eficiência dos testes do novo Coronavírus vendidos em farmácias, conhecidos como testes rápidos. Em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura, a cientista afirmou que os testes sorológicos não são confiáveis”. “Eles não servem para nada”, sacramenta. A primeira bifurcação nas investigações sobre os testes rápidos tem a ver com a gastança, e o assunto já está ajuizado. Esta de agora, lado outro, talvez pior do que a primeira, está relacionada à qualidade (ou falta dela). O primeiro imbróglio custou o suor do rondoniense, dinheiro e pode, sim, ser protegido ou reavido – é parte do dia a dia na Administração Pública; o segundo, por sua vez, talvez tenha custado uma porção de vidas, e aí é impossível mensurar, reaver ou substituir. Se constatada a compra de produto fajuto, o futuro provará que nem tudo é questão de intenção. Negligência também mata. CONFIRA A ATA DA AUDIÊNCIA: Fonte: Rondoniadinamica Leia Também Testes rápidos de Coronavírus comprados por Marcos Rocha não eram apenas caros; eles podem ser completamente inúteis Jornalismo perde o Mestre Jota Oliveira, testes rápidos deveriam ter postos paralelos ao drive thru para atender o pedestre, mulheres ditam as normas nas eleições em Cacoal Ministério Público de Rondônia notifica Fernando Máximo após denúncia: falta filtro umidificador no Cemetron Deputado Ismael Crispin defende saúde econômica de Rondônia SEJUS atende deputado Anderson e autoriza policiais penais cumprirem horas extras em diferentes comarcas Twitter Facebook instagram pinterest