ECONOMIA Incerteza fiscal e medo de segunda onda da covid-19 começam a derrubar IPOs na Bolsa brasileira Publicada em 29/09/2020 às 15:42 A maior volatilidade dos mercados com o aumento das preocupações em relação à segunda onda da covid-19 e a recuperação econômica da Europa e a incerteza fiscal no Brasil começaram a derrubar candidatas, da lista de mais de 50 empresas, a abrir capital na Bolsa brasileira. A mais recente foi uma companhia da Cosan, a Compass, que concentra a participação do grupo na Comgás. A oferta inicial somaria R$ 5 bilhões e a Compass alegou deterioração das condições do mercado para cancelar o lançamento das ações. Na semana passada, o banco BR Partners e Caixa Seguridade já haviam anunciado que deixariam as ofertas para depois. Apesar do cenário mais desafiador para levar uma nova empresa à Bolsa, a leitura é de que a oportunidade para ofertas iniciais (conhecida no mercado por janela) não está fechada. Algumas têm sido bem sucedidas, como a Hidrovias do Brasil e a incorporadora Melnick, que fizeram sua estreia na semana passada. A do birô de crédito Boa Vista está marcada para quarta-feira, dia 30. A Santos Brasil também fez uma oferta subsequente na semana passada. "Com a queda nas taxas de juros, a migração do capital para a Bolsa é inevitável e o movimento estimula o empresário que quer crescer a abrir o capital", diz Tiago Isaac, especialista em mercado de capitais e governança corporativa. "Com essa volatilidade, os investidores pedem um desconto adicional para entrar nas ofertas, o que desmotiva o empresário a seguir adiante. Nenhum cancelamento até agora foi por falta de demanda, mas sim por preço." Além das incertezas externas maiores, o investidor está mais seletivo por causa de dúvidas em relação às contas públicas do Brasil. O ingrediente interno, principalmente após o governo anunciar que pretende usar parte dos recursos do novo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e de precatórios para bancar o novo programa social que substituirá o Bolsa Família, o Renda Cidadã, acabou de azedar de vez o humor do mercado O aumento do escrutínio dos investidores - e fim da euforia - já tinha sido sinalizado com a pressão pela redução dos preços nas ofertas ao longo das últimas semanas. Dentre elas, três controladas da Cyrela, Lavvi, Plano & Plano e Cury. A rede de farmácias Pague Menos também seguiu por esse caminho para atrair os investidores. Mesmo a Vitru, controladora da Uniasselvi, que na semana passada estreou na Bolsa norte-americana Nasdaq, teve de colocar o preço para baixo. Antes disso, Riva 9 e You Inc, ambas do setor imobiliário, haviam suspendido suas operações. Em comum, as empresas que tiraram as ofertas da mesa neste momento não aceitaram reduzir o valor inicialmente proposto. Vão esperar momento melhor. Muitos investidores acharam a oferta da Compass cara, mas havia um fluxo de pedidos pelos papéis que seriam lançados. O cenário mudou na semana passada, com a grande piora do humor dos investidores. "A conjuntura do momento é muito relevante para que a oferta inicial seja lançada e concluída", afirma Gustavo Akamine, analista da Constância Investimentos. "Com a piora, a demanda cai e o preço almejado por investidores pode não ser o mesmo que empresários e vendedores buscam. A maior incerteza no campo fiscal afeta os juros e reduz a avaliação das empresas." Preços em baixa Outro ponto que começa a tirar a atratividade das novatas, segundo a equipe da Suno Research, é o fato de as empresas já listadas estarem com os preços em baixa. "Os investidores podem estar simplesmente preferindo alocar seu capital em empresas que já possuem um histórico maior e mais comprovado de entrega de resultados", diz a casa de análise. Mesmo diante da crise que eclodiu com a pandemia, o número de candidatas a abrir capital cresceu muito rapidamente. Os juros baixos e os estímulos monetários internacionais vinham, até aqui, fazendo com que os investidores deixassem de lado preocupações em relação à retomada da economia. Em 2020, a Bolsa brasileira já foi palco de mais de 30 ofertas de ações - metade IPOs. O volume das emissões, no total, passa de R$ 70 bilhões. Para as próximas semanas, há ainda uma fila de empresas com data programada para estreia na B3. Na quinta-feira, por exemplo, a construtora Pacaembu precifica sua oferta. No mesmo dia, a Suzano coloca o valor de sua ação na oferta subsequente (follow on) para que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) venda sua participação na empresa de papel e celulose. Há ainda a Sequoia Logística e o Grupo Mateus, que teve a oferta lançada com alta demanda. Diante da seletividade, algumas empresas que já tiveram conversas preliminares com investidores, caso da varejista de moda esportiva Track & Field, vão deixar a oferta para depois. A Havan está em ritmo intenso de conversas com investidores, ainda com a expectativa de estreia em novembro. Fonte: Estadão Leia Também Confira a previsão do tempo para esta quarta-feira em Rondônia Condomínio Salvador Dali é recomendado pelo MPF a não discriminar funcionários em elevador social Antecipação do INSS poderá ser pedida sem limitação de distância Justiça de Rondônia determina prosseguimento de execução fiscal contra concessionária de energia Netanyahu acusa Hezbollah de guardar armamento perto de combustível Twitter Facebook instagram pinterest