INDEPENDÊNCIA Nova Caledônia decide no domingo sobre independência da França Publicada em 01/10/2020 às 15:01 Território francês estratégico no Oceano Pacífico, a Nova Caledônia vota neste domingo (4) se quer se tornar independente da França, em seu segundo referendo sobre autodeterminação em dois anos. Cercada por deslumbrantes praias de areia branca e de água azul-turquesa, a Nova Caledônia é uma das poucas ilhas francesas espalhadas pelo mundo — um legado da construção do império do século XIX — que têm uma importância estratégica. Os 270 mil habitantes deste arquipélago, anexado pela França em 1853, votaram contra a independência da França em um primeiro referendo em 4 de novembro de 2018 (56,7% dos votos contra). Menor do que as pesquisas antecipavam, a pequena diferença de votos surpreendeu e deu asas aos separatistas, enquanto os partidários da permanência na França ficaram com o gosto da derrota. Décadas de ressentimento, especialmente em relação aos milhares de hectares de terra confiscados dos povos indígenas por parte dos colonizadores, culminaram em confrontos sangrentos em 1988. A violência, que deixou mais de 70 mortos, levou ao Acordo de Numea de 1998. O pacto abriu caminho para um processo de descolonização progressivo e negociado, sem precedentes na história francesa. Este arquipélago abriga cerca de 25% do estoque mundial de níquel, um componente vital na fabricação de eletrônicos, e é um dos últimos bastiões da soberania europeia na área, após o Brexit. Vitória do 'sim' será uma surpresa Nenhuma pesquisa de opinião foi realizada para este referendo. Os analistas estimam, porém, que é pouco provável que o "sim" ganhe, embora avaliem que a diferença entre os dois campos diminuirá. "Para mim, seria uma surpresa se o 'sim' ganhasse", comentou o doutor em geopolítica Pierre-Christophe Pantz. O referendo não será afetado pela Covid-19, já que este território é um dos poucos no mundo a escapar da pandemia. Seus habitantes levam uma vida quase normal, em comparação com o restante do mundo. Até o momento, foram detectados apenas 27 casos de coronavírus, todos importados. Ainda assim, embora o ambiente de saúde seja positivo, os observadores notam que o tom político entre os dois campos endureceu. "Há dois anos havia um consenso sobre todos os temas. Hoje, o ambiente político é venenoso, não há mais diálogo", lamenta o deputado contrário à independência Philippe Dunoyer. "O clima político endureceu. Podemos ver que há uma forma de radicalização entre os dois campos. O diálogo foi rompido", analisou Pierre-Christophe Pantz. Em caso de vitória do "sim", o arquipélago se tornará um Estado soberano, para o qual a França transferirá, ao final de um período de transição, poderes soberanos (segurança, justiça, moeda etc.) e que poderá ter sua própria nacionalidade. As transferências financeiras do Estado francês (1,5 bilhão de euros por ano) serão "nulas e sem efeito". Em meio ao acalorado debate, os separatistas garantem que o "sim" à independência "não é um voto contra a França". "O país é maduro o suficiente para assumir total responsabilidade por si mesmo", disse Charles Washetine, porta-voz do partido pró-independência Palika. A frente anti-independência, que reúne seis partidos considerados à direita do espectro político, enfatiza a proteção da França e seu apoio financeiro. "Não podemos viver sem dinheiro da França", disse Gil Brial, o gerente de campanha da coalizão, à televisão local. Uma terceira e última votação pode ser realizada até 2022, se o "não" vencer em 4 de outubro. Fonte: France Presse Leia Também Nova Caledônia decide no domingo sobre independência da França TSE inclui em normas eleitorais medidas sanitárias contra a covid-19 Projeto PGJ em Ação realiza mais duas reuniões virtuais com Promotores de Justiça da Comarca de Porto Velho Corregedor da Câmara pede continuidade de processo contra Flordelis Ipea projeta inflação sob controle e recessão menor Twitter Facebook instagram pinterest