DIA DO PROFESSOR Uma homenagem aos educadores brasileiros - Por Claudio Sassaki Publicada em 09/10/2020 às 15:51 Em essência, a atuação dos docentes sempre envolveu uma entrega descomunal. Entretanto, essa constatação ficou escancarada para a sociedade brasileira, sobretudo para os pais e responsáveis, durante a pandemia. O exercício profissional, diante da necessidade de aulas remotas, tornou-se uma verdadeira maratona de superação e amor pela educação. Para se ter uma ideia, um levantamento que questionou o quanto os docentes estavam preparados para usar, no ensino, as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) mostrou que, no Brasil, somente 64,2% se sentiam confortáveis com a temática. Ou seja, a cada três professores, um teve que superar muitas barreiras para continuar ministrando aulas. Aliás, antes da covid-19, muitos deles já defendiam que o desenvolvimento profissional de alta qualidade era uma prioridade. Com convicção, digo que essa conduta dos professores não me surpreendeu, porque eu sempre soube da dedicação que envolve a decisão de se tornar um educador no Brasil. Quer uma evidência disso? A Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis) – conduzida pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – aponta que, no país, entre as principais motivações para ingressar na profissão de docente estão a possibilidade de contribuir com a sociedade (97,2%); a chance de influenciar o desenvolvimento de jovens e crianças (95,4%); e pelo fato de a atividade permitir ao profissional beneficiar as pessoas menos favorecidas socialmente (93,7%). Na prática, aqui reside a resposta para essa dedicação tão intensa e firme. Os professores – ao lado dos profissionais da saúde – são alguns dos protagonistas do momento que vivemos. Uma inspiração que ultrapassa as palavras que eu possa usar. Diante das histórias de superação que ouvimos sobre os professores – alguns decidiram caminhar quilômetros para levar as atividades para os alunos sem internet; outros, tiveram que conciliar a vida profissional e a dinâmica familiar em um mesmo ambiente; e houve os que abriram diálogo com os pais e responsáveis para juntos encontrarem a melhor alternativa educacional para o momento – confesso que a solidariedade entre os docentes foi algo que me comoveu, especialmente. A pesquisa da OCDE mostrou que 39% deles utilizaram sugestões de conteúdo ou dinâmicas dadas por outros professores; 38% pesquisaram temas na internet. Ou seja, a troca entre eles foi muito grande; um amparo e empatia entre pares. Em uma perspectiva mais contemporânea e com olhar na ancestralidade, eles mostraram que é preciso uma aldeia para educar uma criança; se apoiaram neste trabalho colaborativo e nos conteúdos produzidos por eles e para eles na internet para não deixar essa missão fracassar. Mas, claro, o período não envolve apenas superação; engloba outras preocupações, sobretudo o equilíbrio emocional dos professores. Desde 2018, um levantamento conduzido pela Nova Escola já mostrava a importância de ficarmos atentos à saúde mental do educador, ou seja, em um contexto anterior à pandemia, o estudo apontava um alto estresse envolvido na atividade: 63% relataram dores de cabeça constante e 68% sofriam de ansiedade. Hoje, diante do novo e do inesperado, é percebido que se intensificou a tensão. O risco de voltar às aulas presenciais em um contexto sem vacina também é uma grande preocupação. Vejo que, como sociedade, estamos todos aprendendo juntos. Entretanto, é fato que alguns de nós estão se doando e sofrendo um impacto muito maior. No livro Antifrágil - Coisas que se beneficiam com o caos – best-seller do The New York Times, escrito por Nassim Nicholas Taleb – há um conceito que ilustra muito bem esse momento que vivenciamos. O antifrágil está para além do que é resiliente e robusto; o resiliente resiste a impactos e permanece o mesmo. O antifrágil fica melhor, porque enfrenta choques e cresce com eles, ou seja, melhora diante de uma situação inesperada. Enxergo os educadores brasileiros, sendo pautados por essa conduta. Por isso, a eles, a minha admiração e o agradecimento! Claudio Sassaki é mestre em Educação pela Stanford University e cofundador da Geekie. Fonte: Claudio Sassaki Leia Também Uma homenagem aos educadores brasileiros - Por Claudio Sassaki Covid-19: Itália com mais de 5 mil novos casos nas últimas 24 horas OMS saúda "família" das Nações Unidas" após atribuição do Nobel da Paz Ministros da Justiça falam sobre apressar estratégia contra discriminação Destinos religiosos de SP devem ter movimento reduzido no feriado Twitter Facebook instagram pinterest