ECONOMIA Após retomada, Samarco diz que alcançar patamar anterior levará 9 anos Publicada em 29/12/2020 às 08:49 A mineradora Samarco estima que somente em 2029 deverá alcançar uma escala de produção entre 22 e 24 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. Este é o patamar em que ela estava antes da tragédia de Mariana (MG), decorrente do rompimento da barragem de Fundão ocorrida em novembro de 2015, que causou a morte de 19 pessoas e impactos ambientais e socioeconômicos ao longo de dezenas de municípios da bacia do Rio Doce. Na última quarta-feira (23), pouco mais de cinco anos após o episódio, a mineradora reiniciou a produção por meio das atividades integradas em seus dois complexos operacionais: um em Mariana (MG), onde ocorre a extração e o beneficiamento do minério de ferro, e outro em Anchieta (ES), no qual é feita a pelotização. Em 2014, no ano anterior ao rompimento, a Samarco produziu aproximadamente 25 milhões de toneladas de minério de ferro. A mineradora estima que suas instalações possuem potencial para chegar a 30 milhões de toneladas por ano. Nesse primeiro momento após a retomada, será utilizada 26% da capacidade total: a expectativa é de uma produção entre 7 e 8 milhões de toneladas por ano. Por ora, apenas um dos seus três concentradores entrou em operação. O aumento da produção dependerá do aval dos órgãos ambientais responsáveis pela emissão das licenças e da aprovação dos acionistas. A previsão é de que o segundo concentrador comece a operar em seis anos, e o terceiro em nove anos. Paralisação Todas atividades da mineradora estavam suspensas desde a tragédia. Durante o período de paralisação, foram negociados com os funcionários uma série de medidas, como férias coletivas, suspensão de contrato de trabalho, programas de demissão voluntária (PDVs). A Samarco chegou a planejar a volta para 2017 e depois para 2018, mas após sucessivos contratempos, parou de divulgar estimativas. Diversas obras foram necessárias para se obter a Licença Operacional Corretiva (LOC), que restabelece todas as licenças que foram suspensas pela Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad). Além disso, foi solicitada ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) uma licença unificada com validade de 10 anos para operação dos três minerodutos que interligam os complexos situados em Mariana e em Anchieta. Houve ainda desentendimentos com a prefeitura de Santa Bárbara (MG), que impossibilitou a mineradora de continuar a realizar uma captação de água no município. Pressionada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), a mineradora também concordou com a contratação de uma auditoria técnica independente para acompanhar a retomada das atividades. Reparação lenta O processo de reparação dos prejuízos da tragédia, contudo, ainda tem diversos gargalos. No mês passado, no balanço de cinco anos do episódio, o MP-MG e o Ministério Público Federal (MPF) lamentaram que nenhuma das medidas foi integralmente concluída até o momento: as obras para reconstrução das comunidades destruídas permanecem em andamento e a maior parte das indenizações ainda não foi paga. As ações estão a cargo da Fundação Renova, criada conforme acordo firmado após a tragédia entre a Samarco, suas acionistas Vale e BHP Billiton, o governo federal e os governos de Minas Gerais e do Espírito Santo. O MPMG e o MPF entendem que a entidade não possui, na prática, a autonomia necessária frente às mineradoras. Em diversas ocasiões nos últimos anos, promotores e procuradores defenderam que as licenças para a retomada só fossem concedidas após a quitação integral das indenizações individuais. Essa também era a cobrança dos atingidos. "O lucro dos acionistas sempre esteve à frente da proteção da vida e do meio ambiente ameaçado por seus empreendimentos", postou em suas redes o Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), quando a LOC foi concedida em outubro de 2019. Segundo a Samarco, embora já pudesse voltar a operar no ano passado, optou-se por aguardar a conclusão da implementação de um novo sistema e de novos processos de disposição de rejeitos. Para tanto foram feitas obras na Cava de Alegria do Sul, que tiveram início em 2018, e a instalação da planta de filtragem a seco. Não haverá mais uso de barragem. A mineradora sustenta que adotou novas tecnologias para garantir segurança e sustentabilidade e afirma que 80% do total de rejeitos gerados após o beneficiamento serão empilhados a seco. "Os 20% de resíduos remanescentes, compostos por água e [resíduos] finos de minério, serão levados para a Cava Alegria Sul, um espaço confinado em uma estrutura de formação natural rochosa que aumenta a segurança. No sistema de filtragem de rejeitos, espera-se que toda a água extraída seja reutilizada nas operações, reforçando as práticas de sustentabilidade inovadoras dos processos da Samarco", diz em nota a mineradora. Fonte: Agência Brasil Leia Também Após retomada, Samarco diz que alcançar patamar anterior levará 9 anos Covid-19 leva Cuba a reduzir voos dos EUA e de outros países Forças Armadas apreendem balsas com toras de madeira no Pará Biden diz que assessores de Trump atrapalham equipe de transição Mercado prevê que inflação pelo IPCA ficará em 4,39% este ano Twitter Facebook instagram pinterest