POLÍTICA Começa o julgamento do impeachment de Trump no Senado Publicada em 09/02/2021 às 14:50 Trump é acusado de incitar à violência no episódio que culminou com a invasão do Capitólio. Apesar de seu mandato já ter sido concluído, os senadores podem optar por retirar seus direitos políticos. O julgamento do segundo impeachment de Donald Trump no Senado americano começou nesta terça-feira (9). Ele é o único presidente na história dos Estados Unidos a ter sido condenado duas vezes pela Câmara. Os senadores deram início ao processo com a discussão das regras do julgamento, que são negociadas entre o líder da maioria democrata, Chuck Schummer, e o líder republicano Mitch McConell. O deputado democrata Jamie Raskin, um dos principais promotores do pedido de impeachment, apresentou a acusação contra o presidente Trump. Segundo ele, o 45º presidente dos EUA é responsável direto pelo que chamou de "exceção de janeiro". Trump é acusado de incitar à violência que resultou na invasão ao Capitólio, a sede do Congresso, em 6 de janeiro. Raskin apresentou, em sua argumentação, um vídeo de mais de 5 minutos com trechos do discurso inflamado de Trump e das ações violentas de grupos de apoiadores do republicano. “Se perguntam o que é um crime e alta contravenção nossa Constituição? Isso é um grande crime e contravenção ”, disse Raskin. “Se isso não é uma ofensa passível de impeachment, então não existe tal coisa.” Agora, apesar do mandato de Trump já ter sido concluído, os senadores, caso decidam condená-lo, podem optar por retirar seus direitos políticos, o que impediria que ele volte a se candidatar no futuro. A previsão é de que o atual julgamento seja mais rápido que o primeiro, que se arrastou por três semanas. Em 2020, Trump enfrentou seu primeiro processo de impeachment quando a Câmara o condenou por obstrução ao Congresso e abuso de poder, mas acabou inocentado pelo Senado. Acusação e defesa Nesta terça, os promotores do impeachment – oito ao todo – começaram a exposição oral de seus argumentos. Essa etapa pode durar até três dias. Em um documento de 80 páginas, divulgado no dia 2, eles pedem a condenação de Trump e afirmam que ele cometeu uma “traição sem precedentes históricos” ao incentivar seus apoiadores com um discurso, pouco antes de eles invadirem o Capitólio, em um episódio que terminou com cinco mortes. No mesmo dia, a equipe de defesa emitiu um documento com 14 páginas, invocando o “direito de expressão” do ex-presidente. Os advogados de Trump irão se pronunciar oralmente quando os acusadores terminarem sua exposição. Dependendo de quando isso acontecer, poderá haver uma sessão no sábado, dia 13 de fevereiro. A defesa terá um tempo similar ao da acusação para apresentar seus argumentos. Perguntas e testemunhas Na sequência virá a fase das perguntas, que serão encaminhadas pelos senadores que servirão como jurados. Elas serão feitas por escrito e entregues ao senador Patrick Leahy, que preside o julgamento e irá distribuí-las entre acusadores e defensores. A estimativa é de que essa etapa seja realizada entre os dias 15 e 16 de fevereiro. Após as perguntas, os senadores irão decidir se testemunhas serão convocadas, o que não aconteceu no primeiro julgamento de Trump no Senado, à época controlado pelo Partido Republicano. Desta vez o Partido Democrata, que agora detém a maioria, ainda não sinalizou se irá pedir alguma convocação. A única pessoa convidada até agora – o próprio ex-presidente – recusou o chamado. Em um comunicado divulgado na quinta-feira (4), os advogados de Trump chamaram o convite de uma “manobra de relações públicas”. "O presidente não irá testemunhar em um processo inconstitucional", disse à agência Reuters o conselheiro de Trump Jason Miller. Votação Por fim, acontece a votação em si, na qual os senadores decidem se Trump é culpado. Para que isso aconteça, são necessários dois terços dos votos (67), um cenário considerado difícil, já que metade dos 100 assentos da casa são ocupados por republicanos. A dificuldade se tornou mais evidente em 26 de janeiro, quando o senador Rand Paul, do Partido Republicano, tentou anular o processo, alegando que seria inconstitucional julgar por impeachment um presidente que já encerrou seu mandato. Ele perdeu a votação, mas por um placar de 55 a 45, o que demonstra que pelo menos 45 senadores estariam dispostos a liberar Trump da acusação. Caso seja inocentado na votação, o julgamento é encerrado neste ponto. Mas se for considerado culpado, uma segunda votação será realizada, para avaliar se ele perde seus direitos políticos. Neste caso, apenas uma maioria simples é necessária. Se isso acontecer, ele também pode perder muitos dos benefícios concedidos a ex-presidentes, que incluem uma pensão vitalícia, uma verba anual para viagens e para a manutenção de um escritório e uma equipe. A proteção vitalícia pelo Serviço Secreto é mantida. Outros presidentes Até hoje, apenas dois presidentes já haviam tido impeachment aprovado na Câmara na história dos Estados Unidos, mas Trump foi o primeiro a passar pelo processo enquanto tentava se reeleger ao cargo e também o primeiro a ter dois processos aprovados. Antes dele, Andrew Johnson e Bill Clinton tiveram seus processos de impeachment aprovados pela Câmara, mas ambos foram absolvidos pelo Senado e não perderam o cargo. Richard Nixon estava prestes a enfrentar um processo também, mas renunciou antes que a Câmara pudesse realizar a votação. A primeira tentativa de impeachment contra Andrew Johnson – por tentar afastar seu Secretário da Guerra, Edwin M. Stanton, sem consentimento do Congresso – aconteceu em dezembro de 1867, mas não foi aprovada, e a segunda, que conseguiu os votos necessários, aconteceu em 24 de fevereiro de 1868. A acusação tinha 11 artigos, e após três semanas de julgamento o Senado quase o condenou por três delas, mas em todos os casos ele escapou por apenas um voto. Já Bill Clinton foi acusado por perjúrio e obstrução de justiça, ligados ao relacionamento do então presidente com a estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky. Ele foi condenado pela Câmara em 8 de outubro de 1998, mas inocentado pelo Senado em fevereiro de 1999, após um mês de julgamento. No caso de Nixon, ele enfrentaria acusações de obstrução da justiça, abuso de poder e desrespeito ao Congresso durante o escândalo Watergate. Mas, em 9 de agosto de 1974, antes que a Câmara pudesse votar seu impeachment, ele renunciou à presidência. Fonte: G1 Leia Também Começa o julgamento do impeachment de Trump no Senado Pagamentos com cartões movimentam R$ 2 trilhões em 2020, diz Abecs Agência Espacial Europeia recruta astronautas para viagem à lua Procon Rondônia retorna aos atendimentos presenciais com agendamento de horário Prefeitura de Porto Velho mantém frentes de trabalho distintas para dar mais celeridade Twitter Facebook instagram pinterest