NOVAS VARIANTES Manaus pode virar um problema de saúde pública mundial, diz cientista Publicada em 09/02/2021 às 14:56 A ausência de um isolamento social mais rígido em Manaus pode criar condições para o surgimento de novas variantes de coronavírus, alerta o cientista Lucas Ferrante, pesquisador do programa de biologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). “A circulação do vírus em Manaus está desenfreada e isso pode propiciar inclusive novas mutações tornando uma linhagem resistente à vacina”, afirmou Ferrante. “O caso de Manaus pode se tornar um problema de saúde pública mundial”. No decreto em vigência atualmente e válido até o dia 14 de fevereiro, o governador Wilson Lima flexibilizou o funcionamento de alguns setores do comércio, permitindo a venda por delivery, e restringiu a circulação de pessoas em espaços e vias públicas entre 19h e 6h. No ponto de vista do pesquisador, a abertura atual está acontecendo em um momento em que o fechamento deveria ser ainda mais rígido. Ele afirma que nunca houve, de fato, um isolamento rigoroso na cidade e que as medidas restritivas não conseguem frear a transmissão comunitária. Para Ferrante, a falta do isolamento social rígido pode inclusive prejudicar economicamente a região a longo prazo. “O estado do Amazonas deve sofrer um colapso do turismo e da indústria por conta de medidas que não estão sendo aplicadas para a contenção dessa crise de saúde pública. Nós precisamos frear o avanço dessa pandemia, porque caso a gente tenha uma variante resistente à vacina agora em 2021, nós vamos ver oportunidades de nível mundial se fechando economicamente para Manaus”. No dia 21 de janeiro, o cientista conta que teve uma reunião com o prefeito David Almeida, recomendando um lockdown extensivo para a cidade. “O aviso da segunda onda estava amplamente difundido, não dá para utilizar a desculpa que foi a nova variante que surgiu que causou a nova onda, até porque essa variante surgiu entre agosto e janeiro. Ela é muito recente para ter propiciado isso e os danos que essa variante vai causar ainda serão vistos”, afirmou. Para o restabelecimento econômico de Manaus, o cientista defende que é necessário realizar um isolamento social de 20 dias a um mês para que seja evitada a ocorrência de uma terceira onda em 2021. No ano passado, após a primeira onda de Covid-19 em Manaus, Ferrante chegou a coordenar uma nota técnica, a pedido do Ministério Público do Amazonas, para recomendar restrições na circulação em junho - mesma época em que o governador havia decidido reabrir o comércio no estado. Os modelos epidemiológicos que previam a segunda onda foram apresentados para a Fundação de Vigilância em Saúde e em reuniões na Assembleia Legislativa do Amazonas. Ainda em junho, o grupo de pesquisa do qual o cientista faz parte publicou um trabalho na revista Nature, alertando que Manaus passaria por uma segunda onda de Covid-19 no final do ano passado e início de 2021 justamente pela negligência de não adotar um isolamento social rígido. Fonte: G1 Leia Também Manaus pode virar um problema de saúde pública mundial, diz cientista Começa o julgamento do impeachment de Trump no Senado Pagamentos com cartões movimentam R$ 2 trilhões em 2020, diz Abecs Agência Espacial Europeia recruta astronautas para viagem à lua Procon Rondônia retorna aos atendimentos presenciais com agendamento de horário Twitter Facebook instagram pinterest