CPI da Pandemia Governo repassou 19% de recursos para combate à pandemia em 2021, diz secretário a comissão Publicada em 03/05/2021 às 15:25 Preocupados como, onde e em que proporção está sendo investido o orçamento federal destinado ao enfrentamento da crise pandêmica, senadores ouviram nesta segunda-feira (3), em audiência pública remota na Comissão Temporária da Covid-19 (CTCOVID-19), o secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues Junior. Ao representar o ministro da Economia, Paulo Guedes, ele afirmou que dos R$ 86,5 bilhões dotados para o combate à pandemia em 2021, R$ 16,6 bilhões já foram investidos, ou seja, nos primeiros quatro meses do ano, o percentual está em 19,19%. Os parlamentares questionaram sobre o Plano Nacional de Imunização e o cumprimento de prazos para a vacinação no país, bem como sobre a situação fiscal e a execução dos recursos; todas questões correlatas às investigações recém-iniciadas pela CPI da Pandemia. Números Segundo o secretário de Fazenda, para o auxílio emergencial em 2021, dos R$ 43 bilhões previstos inicialmente, foram repassados à população R$ 9 bilhões, ou seja, 20,93%. Já para o Plano Nacional de Imunização foram investidos R$ 4,2 bilhões dos R$ 19,9 bilhões programados, 21,10%. Com a pandemia, o aumento na despesa primária do governo federal alcançou 26,1% do produto interno bruto (PIB) em 2020. — Isso é um valor historicamente recorde, um valor elevado, bastante elevado e que nós temos condições de, se atendermos a uma consolidação fiscal, se seguirmos com zelo em sermos rápidos, diretos e efetivos no combate à pandemia, mas, ao mesmo tempo, sermos transparentes, conservadores e atentos, nós reduziremos o nível da despesa em 2021 — afirmou Waldery, que diz acreditar ser possível reduzir esse percentual para 19,7% em 2021, patamar parecido com o de 2019. Em 2020, com uma receita de R$ 16,2% em relação ao PIB, o deficit primário foi de menos 10%, números resultantes da pandemia, segundo o secretário. Ações Ao destacar a “marca infeliz” de 408 mil mortes no Brasil devido à covid-19, o relator da comissão, senador Wellington Fagundes (PL-MT), questionou o secretário sobre as ações a serem tomadas pelo governo federal, tanto em relação ao Plano Nacional de Imunização, quanto sobre os impactos na economia, além de linhas de créditos, dificuldades das micros e pequenas empresas, problemas com aulas remotas e acesso à internet, entre outras questões. — Não conseguimos uma vacinação mais abrangente da população e a solução tem sido o isolamento social, o que prejudica a economia. A imunização da população é vista como uma das principais estratégias. Nossa grande preocupação é que o Brasil tenha vacinas para este momento da pandemia, para o ano que vem e muitos anos à frente, por isso, queremos saber o que a indústria terá de efetivo para a fabricação de vacinas no país, porque não tem outro caminho a não ser a produção de vacina brasileira —completou. Segundo o secretário, o governo está apto a responder a todas as medidas de combate e, portanto, crédito é uma ferramenta de grande importância, assim como garantiu ser a vacinação prioridade. — Há uma aprendizagem com o que feito no ano passado. Queremos uma minimização do impacto fiscal e aumento do crédito disponível. Temos iniciados, estudos preliminares, das medidas tomadas no ano passado e essas preocupações também nos levam a aprovação de medidas estruturantes como a de Lei de Falências [Lei 11.101, de 2005], o que permite, não vermos o fechamento de empresas, com falência ou entrando em recuperação judicial. Desemprego e pobreza A senadora Rose de Freitas (MDB-ES) questionou se, caso o perdure a pandemia, o governo federal teria estudos dos impactos futuros e qual potencial teriam sobre as taxas de desemprego e de crescimento do país. O desemprego também foi preocupação da senadora Kátia Abreu (PP-TO). Pelas contas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), segundo a parlamentar, se somados desempregados e em desalento, a taxa seria de 22,6% e, com os subocupados, haveria hoje 25% da força de trabalho comprometida no país e não os 14,6% do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Ainda de acordo com ela, 31% dos salários das famílias são destinados às suas dívidas. Para a senadora deveria haver aumento, de forma responsável, do deficit fiscal em pelo menos 1%. — Se nós aumentarmos o nosso deficit fiscal em 1% para acudir a economia — não é para fazer gastança desenfreada, que preocupe o mercado, que preocupe a nação ou as agências de rating — o que vai significar 1% a mais na dívida bruta brasileira? Eu já falei que ela é inflada porque nós temos uma operação apenas econômico-financeira do Tesouro e do Banco Central. Essa dívida não é real. É como, Confúcio [presidente da comissão, Confúcio Moura], se eu tomasse R$ 2 milhões num banco e ficasse com R$ 1 milhão guardado e gastasse só R$ 1 milhão. Eu devo R$ 2, mas eu tenho R$ 1 no caixa, então a minha dívida não é tão inflada como parece. O que está acontecendo? O Tesouro está pagando as suas dívidas e não está rolando. Tudo isso, segundo a senadora, soma-se à importância de colaborar para que as micros e pequenas empresas recebam os recursos. — Cadê a medida provisória que traz o dinheiro para as micros e pequenas empresas? Há quatro meses do ano, estamos sem um níquel para as micro e pequenas empresas. O PLN 2 [PLN 2/2021] já foi aprovado e vocês ainda não enviaram a medida provisória para garantir os R$ 5 bilhões. O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) destacou o aumento da pobreza no país e ratificou a importância contínua de investimentos em ciência e tecnologia. O parlamentar questionou se há grandes lições com a pandemia e o que poderia ter sido feito de maneira diferente. Presidente da comissão, o senador Confúcio Moura (MDB-RO) também quis saber se, com o Orçamento tardio, as curvas de receitas e despesas serão alteradas. Imunizantes Os senadores Humberto Costa (PT-PE) e Luis Carlos Heinze(PP-RS) levantaram questões sobre os imunizantes aprovados, em aprovação e em desenvolvimento no país. — Estou muito preocupado com essa temática da aprovação ou não da vacina Sputnik [da Rússia], porque a nossa situação hoje é a seguinte: nós temos, mais ou menos, 66 milhões de doses encomendadas dessa vacina: 37 milhões pelo Consórcio Nordeste, 10 milhões pelo governo federal e o restante pelo Consórcio Norte e por alguns outros estados. Portanto, essa vacina pode cumprir um papel importante na medida em que nós não temos, no curto prazo, uma previsão de que a pandemia vá diminuir a sua intensidade, não é? Ainda mais agora com essa perspectiva de se ter — perspectiva não; realidade — uma nova variante — expôs Humberto. Já Heinze disse que o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, está clamando por recursos para os ensaios e pesquisas em universidades públicas e outras instituições e que possibilitariam, dentro de meses, a oferta de imunizantes nacionais, já que há 15 projetos em andamento. — Nós estamos trabalhando a questão das vacinas. Já há um avanço, um trabalho que está sendo realizado para que os laboratórios de medicamentos veterinários possam produzir a vacina do Butantan, e quem sabe até uma vacina indiana, que já está em negociação entre os laboratórios e o próprio Butantan, o que nós oportunizamos — esse grupo que está falando aqui. Então, esse é o ponto importante. Respostas Em último evento público como secretário especial de Fazenda, Waldery, que teria pedido para deixar o cargo no Ministério da Economia por questão pessoal, afirmou que há sim estudos e cálculos governamentais sobre o comportamento no mercado de trabalho e sobre o crescimento como um todo no cenário atual e no futuro de pandemia. O secretário assegurou que o país tem de chegar a um patamar de gasto tributário da ordem de 2% do PIB contra os 4,3% atuais. Quanto ao desemprego, disse que é preciso incluir a reação do setor informal, e não só formal, para que haja uma análise mais completa dos atuais números. — O mercado de trabalho reagiu no ano passado e neste ano de maneira bastante diferenciada da dos outros anos, por conta mesmo da pandemia, e esse não é um fenômeno único do país, é um fenômeno que outros países têm enfrentado. A forte recessão gerou crescimento do desemprego, mas, diferentemente de crises passadas, ela ocorreu no setor informal. Então, há a importância de a gente distinguir o setor formal do informal, as soluções são diferentes para cada um dos setores. O setor informal é mais dinâmico, por exemplo, e ele tem se recuperado em conjunto com o setor de serviços, que atingiu seu nível já pré-crise no mês de fevereiro. Corte de despesas precisam ser realizados, mas não "de forma míope", segundo o secretário: com revisão das que são essenciais e devem ser mais focalizadas e que, de alguma forma, possam reduzir a pressão sobre o teto de gastos. A proposta de aumentar o deficit público para transferir recursos para a as famílias, da senadora Kátia Abreu, será analisada, de acordo com Waldery, que enfatizou que sempre há implicações em mudanças como essa. Fonte: Agência Senado Leia Também Comissão de Minas e Energia da Câmara- CME da Câmara cria “subcomissão de energia barata”, proposta pelo deputado Coronel Chrisostomo Presidente da Comissão de Agricultura, Acir Gurgacz busca apoio para aperfeiçoar legislação fundiária Comissão da Covid debate aquisição de vacinas via Covax Facility e a não aprovação da vacina Sputnik V Confúcio afirma que audiência com secretário de Fazenda foi importante para atualizar informações da Comissão da Covid “Sou aliado, não sou subserviente”, diz senador Marcos Rogério na CPI da Covid-19 Twitter Facebook instagram pinterest