CULTURA ‘Minuano’, de Bado, traz identidades culturais em poesia e melodia Publicada em 05/05/2021 às 16:04 “A capacidade do artista para flagrar o mundo e seus fenômenos, registrar suas constantes transformações e até mesmo prevê-las, mostra que são como ‘antenas’, sensíveis para captar os movimentos mais sutis, superando muitas vezes os cientistas sociais, com seus instrumentos e estratégias mais objetivas”. Aproprio-me desta citação da pesquisadora Nilda Jacks, uma gaúcha estudiosa da identidade de seu povo, para falar sobre “Minuano”, a mais nova música do cantor, compositor e instrumentista Bado que lançou na sexta-feira, 30, em seu canal no You Tube. ‘Minuano’ (Milonga da Serra) como explica Bado, “nasceu da vivência e aproximação com os ritmos, sons e linguagens musicais, presentes nas culturas que se cruzam pelas fronteiras da Região Sul do Brasil”. Ancorada em um texto poético, a música sobrevoa a Serra Gaúcha e descreve com suavidade ímpar, o que a sensibilidade do poeta pôde captar, de conversações entre amigos e familiares. No clipe, Bado parece imergir nas vivências daquela tríplice fronteira, para dar canto ao aconchego que minuano - vento frio e cortante, que aparece após as chuvas de inverno daquela região - oferece aos gaúchos e seus visitantes. A impressão que se tem é de que, ao enxergar o vento, o artista sente o prazer de um povo que faz do vento frio da Serra, seu canto, sua identidade cultural. Termo cujo conceito tem, segundo Martin-Barbero (1993), transitado entre exclusão e integração, identidade cultural passou a se constituir em fenômeno de autor reconhecimento individual e coletivo, sendo, neste último caso, como um sistema de referência em que “todos se enxergam ao olhar o outro”, como diz Nilda. É esse olhar do artista que compõe a estética de ‘Minuano’: serras, ventos uivantes, vinhedos, olhares cúmplices, identidades e paixões. Sob os acordes de seu violão, Bado entrelaça sentimentos e expressões culturais sulinas. Ele usa a milonga, gênero musical presente naquelas fronteiras, e que tem como grandes referências, os compositores gaúchos Vitor Ramil e Renato Borghetti. No ano passado, para fugir da neurose causada pela pandemia da Covid-19, Bado percorreu mais de 3.600 quilômetros, entre Porto Velho (RO) e Santa Maria (RS), para visitar a filha, Bia Melo, e matar a saudade. Ambientado na riqueza cultural dos territórios fronteiriços, transformou sua vivência em canção. Mas, não foi a primeira vez que Bado conviveu com culturas de fronteiras. Ao participar de edições do Festival de Cinema da Amazônia (FESTCine), ele vivenciou as culturas do Peru e da Bolívia, o que resultou na composição 'Pátria Mama'. Deriva destas vivências, parte de sua arte, que mistura sons e ritmos universais - de pessoas, pássaros, água e ar -, muito presentes na musicalidade do bioma Amazônico - Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. Traços desse caldeirão cultural estão presentes em excelentes produções de Bado tais como ‘Porto das Esperanças’, Amazônia em Canto’, ‘Aldeia de Sons’, ‘Gente da Mesma Floresta’ e ‘Mundos - 50 Anos’. É marca indissociável de Bado, o compromisso de difundir o canto produzido na Amazônia, dando importância à construção de uma identidade musical, que universalize tons e sons. Em sua busca pela integração cultural de ritmos e sons de fronteiras, mais uma vez, Bado presenteia seu público com algo envolvente, amoroso e pedagógico, que transforma identidades culturais em poesia e melodia. Fonte: Edneide Arruda Leia Também ‘Minuano’, de Bado, traz identidades culturais em poesia e melodia Animação inspirada no distrito de Nazaré estreia neste sábado, 08 Beirute envia material químico do porto para destruição na Alemanha Espanha resgata 30 migrantes na Grande Canária, três deles menores Sputnik V: Anvisa diz que atua com ética e respeito com as empresas Twitter Facebook instagram pinterest