AQUECIMENTO GLOBAL UE aprova projeto que classifica energia nuclear e gás como sustentáveis Publicada em 02/02/2022 às 15:26 Apesar das críticasde parte da população, de ambientalistas e de países como a Alemanha, a Comissão Europeia aprovou nesta quarta-feira (02/02) o projeto que conceitua a energia nuclear e o gás como fontes de energia sustentáveis – ao menos sob determinados critérios – dentro do bloco. Ambos serão incluídos na assim chamada regulamentação de taxonomia, um sistema de classificação que visa direcionar os investimentos no setor para as energias verdes. A coalizão governamental alemã, de social-democratas, liberais e verdes, era contra a proposta, e conseguiu que algumas condições para a inclusão do gás no projeto fossem flexibilizadas. Berlim também se posicionou contra a energia nuclear, que conta com o apoio de países como França – onde 70% da eletricidade é de origem nuclear – e do Norte, Centro e Leste Europeu. Polônia, Hungria, República Tcheca, Bulgária, Eslováquia e Finlândia estão do lado da França, enquanto Áustria, Dinamarca e Luxemburgo concordam com a Alemanha. Concretamente, as usinas de energia a gás natural, por exemplo,só serão consideradas "verdes" se não ultrapassarem um limite de emissões de CO2 de 270 gramas por kWh (kilowatts/hora) até o começo da década de 2030. No entanto ficam obrigadas a reduzir suas emissões até, no máximo, 2035. Para serem classificadas como verdes, as novas usinas nucleares terão que obter licença de construção e desenvolvimento antes de 2045. Além disso, até 2050 os países onde forem construídas terão que dispor de um plano e dos recursos financeiros necessários para a eliminação segura dos resíduos radioativos. Os críticos reclamam que a taxonomia perde credibilidade com a inclusão do gás e da energia nuclear, acabando por não ser aceita pelos investidores nos mercados de capital. A comissária da UE para Estabilidade Financeira, Serviços Financeiros e União dos Mercados de Capitais, Mairead McGuinness, rebateu que o texto aprovado nesta quarta-feira "pode não ser perfeito", mas oferece "uma solução real" para o objetivo do bloco de alcançar a neutralidade climática até 2050. Para tal, será preciso investir em torno de 350 bilhões de euros anualmente, conforme a Comissão. Uma das formas para atingir essa meta seriam, justamente, os investimentos privados via taxonomia. Críticas de ambientalistas e especialistas em energia Desde que propôs o anteprojeto, no fim de 2021, a Comissão Europeia fez alguns ajustes no texto. Da aprovação até a entrada em vigor da legislação, em 2023, os Estados-membros da União Europeia têm agora quatro meses para alterar pontos que considerem cruciais. Mas isso é improvável, pois exigiria os vetos de 20 dos 27 países do bloco ou da maioria absoluta no Parlamento Europeu. A chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, já havia descrito o acordo como "o homem na Lua da Europa". Identificada com questões climáticas, a política alemã também classificou o projeto como "nosso destino europeu". Organizações ambientais veem o texto com ceticismo e argumentam que a proposta pode justamente comprometer o objetivo da UE de alcançar a neutralidade climática até 2050. A Climate Action Network Europe criticou que a Comissão "sacrifica a integridade científica da taxonomia pelos lobbies de gás fóssil e nuclear", e que não conseguiu "reorientar os fluxos financeiros para investimentos genuinamente positivos para o clima". E não são somente ativistas climáticos que criticam o projeto: especialistas em energia estão preocupados com "os impactos ambientais em que pode resultar", como no caso de um acidente nuclear. Eles também objetam que a construção de novas usinas nucleares levaria tempo demais para contribuir para os objetivos de neutralidade climática, projetados para 2050. Dilema alemão com as usinas e o gás No caso da Alemanha, a principal crítica se dirige à energia nuclear, já que o gás segue sendo fundamental para a substituição gradual do carvão mineral, sendo classificado como uma "ponte", até as fontes verdes – como a solar e a eólica – serem capazes de atender à demanda energética do país. Nas últimas décadas, a Alemanha tem sido palco de oposição crescente à energia nuclear, sobretudo desde o desastre na usina japonesa de Fukushima, em março de 2011. Em 31 de dezembro último, o país fechou três das seis usinas que ainda em atividade. Ao ser anunciado, dezembro, que o projeto seria levado à apreciação e votação da Comissão Europeia, o vice-chanceler federal da Alemanha, Robert Habeck, acusou a UE de planejar uma "lavagem verde", usando políticas que parecem favoráveis ao clima para encobrir práticas destrutivas. "Não podemos antever uma aprovação para as novas propostas da Comissão Europeia", disse Habeck, que é filiado ao Partido Verde. Habeck classificou como equivocada a intenção de classificar a energia nuclear como sustentável, apontando os efeitos de longo prazo dos resíduos nucleares. "É mais do que duvidoso. De qualquer forma, é questionável se essa 'lavagem verde' encontrará algum tipo de aceitação no mercado financeiro." A também verde ministra do Meio Ambiente, Steffi Lemke, igualmente criticou o plano: "Acho completamente errado que a Comissão Europeia pretenda classificar a energia nuclear como uma atividade econômica sustentável.". Fonte: DW Leia Também UE aprova projeto que classifica energia nuclear e gás como sustentáveis Diretora do FMI alerta para impacto econômico do conflito na Ucrânia Promotor de Justiça profere palestra em curso para novos integrantes da Polícia Rodoviária Federal de Ariquemes Ministério da Saúde diz ao STF que cabe a secretário e não a Queiroga explicar nota contrária à vacina Casos de síndrome respiratória grave tendem a crescer em 23 estados Twitter Facebook instagram pinterest