GUERRA NA UCRÂNIA Presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, acusa Rússia de cometer genocídio no Donbass Publicada em 27/05/2022 às 14:46 Moscou fecha cerco a cidades, visando tomar todo o leste da Ucrânia. Presidente ucraniano diz que ataques podem deixar a região "desabitada". Em Mariupol, no sul, invasores querem impor currículo russo às escolas. O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, acusou a Rússia de cometer "genocídio" na região do Donbass, onde a cidade de Severodonetsk está sofrendo constantes bombardeios russos. Em seu discurso diário na televisão na noite desta quinta-feira (26/05), Zelenski disse que os ataques poderiam deixar toda a região "desabitada". Segundo o presidente ucraniano, a Rússia pratica "deportação" e "assassinato em massa de civis" no Donbass. "Tudo isso é uma óbvia política de genocídio levada a cabo pela Rússia", afirmou. Grupos separatistas pró-Moscou controlam desde 2014 partes do Donbass. Agora, porém, a Rússia planeja tomar toda a região, após fracassar na conquista de Kiev e arredores. Analistas militares ocidentais dizem que a batalha pode ser decisiva, dependendo se as forças russas conseguirem sustentar o avanço ou perder o ímpeto. As forças invasoras russas se aproximam de várias cidades do leste, rompendo a resistência ucraniana, incluindo em Severodonetsk e Lysychansk, consideradas estratégicas por ficaram na rota para Kramatorsk, importante centro oriental da Ucrânia. Três pessoas morreram em ataques nas duas cidades, disse a vice-ministra da Defesa, Ganna Malyar, ressaltando que os combates no leste do país atingiram "sua intensidade máxima". "A situação continua difícil, porque o Exército russo lançou todas as suas forças para tomar a região de Lugansk", afirmou o governador Serguei Haidai, em um vídeo no Telegram. "Lutas extremamente ferozes estão ocorrendo nos arredores de Severodonetsk. Eles estão simplesmente destruindo a cidade, bombardeando-a todos os dias, bombardeando sem parar", acrescentou. Mortos em Kharkiv Em Kramatorsk, crianças vagam pelos escombros deixados pelos ataques russos enquanto o som do fogo de artilharia ressoa. "Não estou com medo", disse Yevgen, um garoto de 13 anos que se mudou com a mãe para Kramatorsk, vindo das ruínas da aldeia de Galyna. "Eu me acostumei com o bombardeio", declarou o menino, que estava sentado sozinho na laje de um bloco de apartamentos destruído. A noroeste, na cidade ucraniana de Kharkiv, bombardeios mataram nove pessoas e feriram 19, disseram autoridades. "Hoje o inimigo disparou insidiosamente contra Kharkiv", informou o governador Oleg Sinegubov nas redes sociais, alertando os moradores para que procurassem abrigos antiaéreos. Os representantes separatistas da Rússia no leste da Ucrânia reivindicaram o controle total da cidade de Lyman, um importante centro ferroviário. Oleksiy Arestovych, conselheiro de Zelenski, confirmou a queda de Lyman e disse que a batalha mostrou que Moscou está melhorando suas táticas. "Além disso, a maneira como eles a capturaram, organizando corretamente a operação, mostra, em princípio, o aumento do nível de gerenciamento operacional e habilidades táticas do Exército russo. Não aumentou em todos os lugares, é claro, mas inquestionavelmente aumentou." Currículo escolar russo No sul, na cidade ocupada de Mariupol, as forças invasoras cancelaram as férias escolares para preparar os alunos para o currículo russo, informou uma autoridade ucraniana. "Durante o verão [europeu], as crianças terão que estudar língua russa, literatura e história, bem como aulas de matemática em russo", escreveu o funcionário municipal Petro Andryushchenko nas redes sociais. O objetivo, disse ele, era "retirar a Ucrânia do currículo e preparar os alunos para voltar à escola com um currículo russo". O Kremlin tenta fortalecer seu controle sobre as partes da Ucrânia que já ocupa, inclusive por meio da concessão da cidadania russa para residentes dessas regiões. Os Estados Unidos classificaram o plano como uma "tentativa de subjugar o povo da Ucrânia". Ucrânia critica o Ocidente A intensificação dos combates em todo o país levou o ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmytro Kuleba, a expressar a crescente frustração de Kiev com o Ocidente, acusando os aliados de demorarem a enviar armas. Também na quinta-feira, Zelenski criticou a União Europeia (UE) por demorar muito para proibir as importações de energia russa, dizendo que o bloco estava enviando a Moscou um bilhão de euros por dia, montante que estava financiando o esforço de guerra do Kremlin. Zelenski afirmou que alguns países estão bloqueando os esforços para a aplicação de novas sanções a Moscou, em uma aparente referência à Hungria, que se opôs à proibição da UE ao petróleo russo. "A pressão sobre a Rússia é literalmente uma questão de salvar vidas. Cada dia de procrastinação, de fraqueza, de várias disputas ou propostas para 'pacificar' o agressor às custas da vítima, significa apenas mais ucranianos sendo mortos", declarou. Armas mais poderosas Os países ocidentais liderados pelos Estados Unidos forneceram à Ucrânia armamento de longo alcance, incluindo obuses M777 e mísseis antinavio Harpoon da Dinamarca. A Ucrânia, porém, diz que precisa de armas terrestres de maior alcance, especialmente lançadores de foguetes, que possam ajudá-la a vencer uma batalha de artilharia contra as forças russas no leste. Agora parece provável obter essas armas. Autoridades dos EUA dizem que o governo Biden considera fornecer a Kiev o M142 High Mobility Artillery Rocket System (HIMARS), que pode ter um alcance de centenas de quilômetros. Até agora, uma preocupação que impediu Washington de fornecer armas de longo alcance à Ucrânia é o perigo de uma escalada no conflito caso o país as use para atingir alvos nas profundezas da Rússia. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, alertou que qualquer suprimento de armas que possa chegar ao território russo seria "um passo sério para uma escalada". A Rússia chama sua invasão da Ucrânia de "operação militar especial" para derrotar os "nazistas" na Ucrânia. O Ocidente descreve isso como uma justificativa infundada para uma guerra de agressão. Rússia perde seu espaço em nível mundial A primeira-ministra finlandesa, Sanna Marin, tornou-se a mais recente autoridade ocidental a visitar Kiev, na quinta-feira. Ela disse que a Rússia levará décadas para recuperar sua posição no mundo depois de invadir a Ucrânia. "A confiança está perdida por gerações", afirmou em entrevista coletiva. O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, que enfrentou críticas pela lenta resposta de Berlim, também disse na quinta-feira que o presidente russo, Vladimir Putin, não negociará seriamente até que perceba que pode não vencer na Ucrânia. "Nosso objetivo é claro: Putin não deve vencer esta guerra. E estou convencido de que ele não a vencerá", disse Scholz no Fórum Econômico Mundial em Davos. O fluxo de exportações de grãos da Ucrânia, conhecida como celeiro da Europa, foi interrompido desde a invasão da Rússia, ameaçando a segurança alimentar em todo o mundo e elevando os preços. A Europa busca formas de ajudar a escoar a safra, mas esbarra em problemas de logística. Fonte: DW.Com Leia Também Presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, acusa Rússia de cometer genocídio no Donbass Igreja italiana lança estudo sobre pedofília entre padres Argentina confirma primeiro caso de varíola do macaco na América Latina Leilão de energia contrata 29 empreendimentos com deságio de 9,36% Programa Aliança 2.0 ajudará empresas a reduzir custos com energia Twitter Facebook instagram pinterest