VIOLÊNCIA Mortes por armas de fogo nos Estados Unidos atingem nível mais alto em quase 30 anos Publicada em 13/07/2022 às 14:48 A quantidade de massacres causados por tiroteios nos Estados Unidos em 2022, até o início de julho, é de 320, menor do que o registrado no mesmo período do ano passado. Mas o número de tragédias por armas de fogo vêm crescendo no país: desde 2019, foram contabilizadas 45 mil mortes a cada ano, uma situação inédita desde 1995. O que mais preocupa os especialistas norte-americanos é que este crescimento no número de mortes por tiros ocorre dentro das casas, em acidentes domésticos, brigas e suicídios. A análise foi feita com base em dados compilados por entidades como a organização "Gun Violence", que reúne informações oficiais de fontes federais sobre incidentes causados por armas de fogo em todo o país. Pesquisadores acreditam que este crescimento exponencial em mortes em tiroteios está diretamente relacionado aos recordes de compras de armas registrados nos últimos dois anos. A estimativa é de que 43 milhões de novas armas tenham sido adquiridas nestes últimos três anos nos Estados Unidos. A Associação das Indústrias de Armas de Fogo (NSSF) divulgou um levantamento de que só em 2021, 5,4 milhões de pessoas compraram armas pela primeira vez. Ainda não há uma resposta sobre os motivos que levam as pessoas a adquirir armas e nem sobre os fatores que impulsionaram o aumento da violência e mortes por tiros. Mas analistas veem uma clara relação destes números com o temor da insegurança gerado pela pandemia de Covid-19, o desgaste na confiança por parte da sociedade civil com o poder público, problemas de saúde mental e a grande quantidade de armas em circulação. Controle x cultura A dificuldade de impor um controle mais rigoroso de armas nos Estados Unidos vem de fatores culturais, históricos e do lobby das empresas que fabricam e comercializam armas. O argumento central dos defensores do porte de armas é a própria lei. A segunda emenda da Constituição dos Estados Unidos, aprovada em 1791, protege o direito da população e da polícia à legítima defesa, permitindo adquirir ou portar armas. Esse apelo cultural é amplamente usado pela indústria de armamentos, que realiza grandes campanhas publicitárias, além de sua influência junto a políticos conservadores. Em 2020, a Associação Nacional do Rifle (NRA) investiu US$ 23 milhões em campanhas de apoio a candidatos republicanos. O presidente americano, Joe Biden, disse em maio, depois de um massacre que matou 19 crianças no Texas, que é hora de agir contra essa situação. “Como nação, temos que nos perguntar, quando, em nome de Deus, vamos fazer o que tem que ser feito contra o lobby das armas e fazer o que precisa ser feito?”, questionou em um pronunciamento. Quem pede mudanças defende que os Estados Unidos devem começar a controlar o limite da quantidade de armas por habitante. O comediante Trevor Noah, do programa "The Daily Show", fez recentemente uma comparação entre a compra de remédios e de armas. “Você não pode chegar na farmácia e dizer: 'me dá mais remédio do que prevê a receita porque meu braço doí'. Você só compra com receita”, observa. "Mas, para comprar armas, você pode ir comprar uma, duas, pode voltar e comprar milhares de vezes e ninguém vai questionar você por isso”, ressalta. Fonte: RFI Leia Também Mortes por armas de fogo nos Estados Unidos atingem nível mais alto em quase 30 anos Pedro Guimarães não se manifesta em investigação do MPT sobre assédio na Caixa Brasil assina pacto por desenvolvimento sustentável do Atlântico MP destaca desafio e responsabilidade de todos na implantação do “Pontes pela Educação” Operação atendeu 12 mil denúncias de violência contra crianças Twitter Facebook instagram pinterest