Irã nega participação em ataque contra Salman Rushdie, esfaqueado na sexta-feira nos EUA

O Irã negou categoricamente nesta segunda-feira (15) qualquer vínculo com o agressor que esfaqueou o escritor britânico Salman Rushdie, na sexta-feira (12), nos Estados Unidos. O autor do livro "Versos Satânicos", recebeu uma sentença de morte islâmica, uma fatwa, do aiatolá Ruhollah Khomeini em 1989.

"Negamos categoricamente qualquer relação entre o agressor e o Irã. E ninguém tem o direito de acusar a República Islâmica", afirmou Naser Kanani, porta-voz do ministério das Relações Exteriores, na primeira reação oficial de Teerã ao ataque.

"Neste ataque, não consideramos ninguém além de Salman Rushdie e seus apoiadores dignos de culpa e até de condenação", disse Kanani durante sua entrevista coletiva semanal na capital iraniana. "Ao insultar os temas sagrados do Islã e desrespeitar mais de 1,5 bilhão de muçulmanos e todos os seguidores das religiões divinas, Salman Rushdie se expôs à ira e à raiva das pessoas", acrescentou.

O escritor passou vários anos sob proteção policial depois da declaração de morte recebida de líderes religiosos muçulmanos que consideram que o livro "Versos Satânicos" blasfemava o islã. A obra provocou fortes reações em países muçulmanos ao apresentar uma nova versão para uma lenda envolvendo o profeta Maomé.

"A liberdade de expressão não justifica os insultos de Rushdie contra a religião em seus escritos", declarou Kanani.

Escritor se recupera 

O estado de saúde de Rushdie evolui e ele já respira sem aparelhos. O filho do escritor contou que, apesar da agressão brutal, ele não perdeu o bom humor. O autor de 75 anos, se preparava para falar em um evento literário quando um homem saiu do meio do público, subiu no palco e o esfaqueou diversas vezes no pescoço e abdômen.

O agressor, Hadi Matar, de 24 anos, um americano de origem libanesa, foi indiciado por agressão e tentativa de homicídio. Nas redes sociais, Matar não escondia sua simpatia por grupos xiitas iranianos. 

No sábado (13), ele compareceu a um tribunal e se declarou inocente das acusações de tentativa de homicídio e ataque com arma. Ele foi detido sem direito à fiança.