ORÇAMENTO Saúde precisa de recomposição orçamentária, diz transição Publicada em 25/11/2022 às 15:42 A equipe de transição do governo eleito alertou hoje (25) sobre a necessidade de recomposição do orçamento de 2023 e de transparência nas informações da Saúde. “Estamos falando mais do que insegurança sanitária, estamos falando de caos”, disse o ex-ministro da Saúde Arthur Chioro, e integrante do grupo temático na transição. Segundo ele, o cenário atual já é de insuficiência de recursos, diante do corte de gastos em diversos programas. A proposta do grupo é de recomposição mínima de R$ 22,7 bilhões. “Desse total R$ 10,4 bilhões são para continuar nesse cenário de insuficiência, do que hoje já é incapaz de cumprir a demanda, do efeito do corte do teto de gastos. E o restante é para minimamente avançar nas questões mais emergenciais”, destacou. Para isso, o grupo destaca a importância da aprovação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que exclui da regra do teto de gastos públicos o novo Bolsa Família, a PEC da Transição. A medida libera R$ 105 bilhões do Orçamento de 2023, que hoje são destinados ao Auxílio Brasil, para serem utilizadas em outras áreas. Para o ex-ministro Chioro, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) está sendo desestruturado e esse é um dos mais graves problemas da saúde no Brasil. Ele citou ainda que há enormes filas para exames e cirurgias no Sistema Único de Saúde (SUS), falta de medicamentos e alta das internações de bebês por desnutrição no país [https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2022-10/internacao-de-bebes-por-desnutricao-atinge-maior-nivel-em-13-anos]. Segundo ele, até 2015, o Brasil mantinha cobertura superior a 95% para todas as vacinas. “Essas coberturas foram caindo e hoje estamos em situação de absoluta inseguraça”, disse ele, apontando relatos de gestores municipais e estaduais de saúde e de especialistas ouvidos pelo grupo. BCG e poliomielite, por exemplo, estão com cobertura de 70%. Para Chioro, falta planejamento para 2023. O Instituto Butantã fornece oito das vacinas que compõem o PNI e nenhuma delas recebeu a programação do Ministério da Saúde, segundo Chioro. “Não somos governo, mas é fundamental que essas decisões sejam tomadas”, disse. Hoje, em Montevidéu, no Uruguai, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que participou da 51ª Reunião de Ministros da Saúde do Mercosul. Ele disse que, no encontro, destacou o esforço do Brasil para ampliar a cobertura vacinal contra a poliomielite, “uma das nossas mais importantes missões este ano”. “Pude falar também sobre a aprovação das vacinas bivalentes contra a covid-19, que protegem contra o vírus original da doença e contra a variante ômicron. Certamente será mais uma arma do Brasil no combate à covid-19”, escreveu no Twitter. Informações Ainda segundo Chioro, as primeiras informações enviadas pelo Ministério da Saúde à transição não continham informações como o tamanho do estoque e o prazo de validade de vacinas. Para ele, esse complemento é fundamental para o planejamento do novo governo e os dados já foram solicitados. O grupo temático da saúde fez hoje uma apresentação parcial dos trabalhos, após 12 reuniões com diversas entidades do setor e do governo. Também foram apontadas deficiências na transparência e circulação de informações do Ministério da Saúde para estados e municípios, como a questão do estoque de vacinas e medicamentos, e desorganização e imprecisão nos sistemas da área. Segundo Chioro, o relato é que os dados contidos nos sistemas de informação não correspondem à realidade porque os municípios não conseguem informar ao Ministério da Saúde. Outra dificuldade apontada por Chioro é a falta de um levantamento sobre o tamanho das filas para consultas especializadas, exames e cirurgias eletivas, procedimentos represados durante a pandemia. “Inacreditavelmente, não existe no Ministério da Saúde nenhuma informação que possa apontar o tamanho do déficit do maior problema de saúde apontado pela população”, disse. A equipe de transição solicitou dados às secretarias estaduais e municipais de Saúde, que estão sendo levantados com apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). “Estima-se que 1 bilhão de procedimentos deixaram de ser realizados nos últimos anos”, disse o ex-ministro. “Os secretários dizem que, se o ministério conduzir uma política nesse sentido [de reduzir filas e tempo de espera], temos capacidade de responder imediatamente. Foi a mesma resposta do setor privado”, completou. Análise do TCU O ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão, outro integrante da transição, disse que o Tribunal de Contas da União (TCU) está fazendo a análise de diversas questões que também foram levantadas pelo grupo. Segundo ele, a documentação do TCU aponta para “crimes e omissões” da atual gestão. As informações foram levantadas em reunião do grupo com o órgão. Entre as questões, está a utilização de organizações sociais que hoje fazem a gestão da saúde em cerca de 100 municípios do país, com mais de mil contratos em andamento. O modelo não tem regulamentação nacional e cada ente estabeleceu seus critérios de contratação. Outro tema é a gestão dos hospitais federais no Rio de Janeiro, que, segundo Temporão, estão em situação de degradação, sucateamento e fechamento de leitos. O TCU ainda fará a análise da política de comunicação do governo durante a pandemia de covid-19, do sigilo estabelecido pelo Ministério da Saúde sobre os estoques de vacinas contra a doença e o impacto da pandemia sobre povos indígenas, crianças e adolescentes e mulheres grávidas. Por fim, há a alta na judicialização da saúde, inclusive entre gestores. “O Ministério da Saúde está se omitindo e deixando de comprar medicamentos. Estados e municípios estão arcando e entrando na Justiça contra a União para serem ressarcidos”, contou Temporão. Indústria e regulação Outro tema levantado pelo grupo temático da saúde é a dependência tecnológica e o enfraquecimento do complexo industrial do setor no Brasil. O ex-ministro Artur Chioro lembra que, durante a pandemia, o país não conseguiu suprir insumos básicos e “ficou de joelhos” diante do desabastecimento, como de equipamentos de proteção individual e respiradores. “A participação da indústria brasileira no PIB vem caindo, houve uma política de desindustrialização”, disse, destacando que a área da saúde é dinâmica do ponto de vista econômico, envolvendo questões como biotecnologia, novos materiais, inteligência artificial e geração de empregos qualificados. Segundo Chioro, a política de industrialização do setor, iniciada em 2008, será retomada. “É uma questão de soberania sanitária e segurança nacional”, destacou. A demanda do setor empresarial é pelo desenvolvimento de um marco legal e fortalecimento do grupo executivo do complexo industrial da saúde, criado em 2009. O grupo temático da saúde também se reuniu com diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e recebeu o alerta do risco de colapso da agência reguladora em razão da falta de pessoal. Segundo os dados, o déficit é de 30% da força de trabalho. Fonte: Agência Brasil Leia Também Saúde precisa de recomposição orçamentária, diz transição Especialistas listam dicas de cuidados nas compras da Black Friday Final de semana tem ações gratuitas de prevenção ao câncer em Cacoal IFRO assina de termo de cooperação técnica com Instituto Politécnico da Guarda para dupla diplomação Justiça acata Ação Civil Pública do MPRO e condena empresa de turismo que aplicou golpe da passagem a devolver dinheiro às pessoas lesadas Twitter Facebook instagram pinterest