ARTIGO 'Mercado nervoso? Mercado sensível? Um mito ameaçador para democracias juvenis', por Vinícius Miguel Publicada em 11/11/2022 às 13:42 Damocles, 1866, Thomas Couture (French Academic Painter, 1815-1879), oil on canvas, 205 x 155cm, Musee des Beaux-Arts, Caen, France Por Vinicius Valentin Raduan Miguel* A racionalidade científica vence mitos. Ou deveria derrotá-los. Apontado tal elemento, não existe a abstração idealizada pela "opinião publicada": "Mercado" não é sujeito (nem de direitos) e tampouco entidade senciente. Menos ainda, há uma estrutura única e estática, capaz de responder de modo imediato. Há um significante oculto nesse desejo de players político-econômicos: um argumento falacioso de apelo à autoridade (de personalidade marcadamente autoritária). Só ungidos e escolhidos sabem como o tal Deus Mercado opera. Só eles sabem quais sacrifícios saciam e aplacam o furor desse Deus-Demônio! Fora do seleto grupelho, de sua diminuta seita, não há como compreender os desígnios dessa cabala. Do repertório sádico que apascenta o diabólico ser, revolvem-se alternativas historicamente experimentadas e continuadas: Seria o jejum prolongado de crianças sem alimentação adequada entregues até mesmo à falência por inanição? Seria a imolação de pessoas em chamas ao tentar cozinhar com álcool por falta de botijas de gás? Seria o faquirismo em noites gélidas nas ruas, sem cobertas e vestimentas, entregando os corpos ao ritual da hipotermia? Ou seria o holocausto de 700 mil pessoas por ausência de vacinação oportuna? Repensar e refundar Estado e Sociedade é um desafio premente. Se faz com racionalidade de que recursos são prioritários para salvar vidas. A transição de governos não pode ser um cassino para os grupos de interesses econômicos, lucrando com volatilidades cambiais e econômicas artificialmente produzidas. Não só fazem das readaptações balcão de apostas, como tentam impor consensos sobre os nomes dos sacerdotes à reger os rituais sacrificiais que exigem, sempre, de grupos em vulnerabilidade. É preciso seriedade de tais atores. A dosagem de honestidade intelectual e ético-política precisa ser recíproca àquela que demandam da Política Econômica vindoura. Se exigem de novel Governo compromisso, devem se compromissar e não almejar o saque. A sociedade, famílias e atores do mundo do consumo precisam de soluções para questões concretas e materiais que afetam o mais básico de suas existências: combate à fome e pobreza, redução de desigualdades sociais e assimetrias regionais, emprego de qualidade, renda básica, direitos e oportunidades. Trata-se de temário para a própria sobrevivência. Não há Economia ou Deus Mercado que possa continuar a operar em dicotomia e negação à vida. Uma remodelagem organizacional da relação Estado e Economia que insira na agenda e orçamento o atendimento de necessidades humanas, com coerência socioambiental e justiça social é o que deve comover os seres, sujeitos e o partícipes do sistema econômico. A hipersensibilidade de um Outro inexistente não pode ser uma espada de Dâmocles ameaçando os potenciais emancipatórios e de liberdades de uma sociedade. *O autor é advogado, sociólogo. Especialista em Administração Pública (CIPAD-FGV). Doutor em Ciência Política (UFRGS). Diferente do Mercado, fica nervoso com atrasos e sensível à desorganização e desmarcação de agendas. Fonte: Vinicius Valentin Raduan Miguel Leia Também Pedido de Edwilson Negreiros leva asfalto à importante via na zona Sul de Porto Velho Deiró e Fúria consolidam liderança em Cacoal, ônibus de Porto Velho sem ar-condicionado e janelas lacradas, o desorganizado trânsito da capital Alex Redano destina R$ 400 mil ao município de Itapuã do Oeste para a aquisição de materiais pedagógicos 'Mercado nervoso? Mercado sensível? Um mito ameaçador para democracias juvenis', por Vinícius Miguel Deputado Estadual Alan Queiroz destina emenda para reforma de Escola Infantil Pequeno Príncipe Twitter Facebook instagram pinterest