TENSÃO POLÍTICA Colônias sem autorização dividem o governo de Israel Publicada em 09/02/2023 às 14:31 A questão de legalizar ou evacuar as colônias construídas sem autorização do governo israelense na Cisjordânia ocupada é uma discussão que divide o Executivo e destaca as tensões dentro da coalizão do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. Nos governos anteriores de Netanyahu (de 1996 a 1999 e de 2009 a 2021), a colonização judaica não parou de crescer na Cisjordânia, um território palestino ocupado desde 1967 por Israel. Entretanto, o primeiro-ministro sempre seguiu uma política mais cautelosa em relação às chamadas 'colônias selvagens', as quais não possuem autorização do governo. A ONU nomeou como "postos avançados" e considera ilegal qualquer tipo de assentamento na Cisjordânia. Israel, por sua parte, trata como "postos avançados ilegais", por se estabelecerem sem a aprovação das autoridades. Com tamanhos variados, as colônias podem ir de algumas barracas a edifícios pré-fabricados, ligados às redes de água e eletricidade. Juntos às colônias autorizadas, existem dezenas de postos avançados na Cisjordânia ocupada (que não inclui Jerusalém Oriental, anexada por Israel) com uma população total estimada em 475 mil israelenses. O governo de Netanyahu conta com figuras de extrema direita em posições-chave, que se opõem a qualquer concessão territorial aos palestinos. Este é o caso de Bezalel Smotrich, ministro das Finanças e braço direito do Ministério da Defesa, onde é encarregado da gestão civil da Cisjordânia e, não obstante, das colônias. Smotrich se opôs à destruição do pequeno posto avançado de Or Haïm (no norte da Cisjordânia) em janeiro, apesar de ter sido ordenado pelo próprio ministro da Defesa, Yoav Gallant. Membro do mesmo partido de direita de Netanyahu, o Likud, Gallant contou com o apoio do chefe do Governo. Segundo o líder, os assuntos relativos às colônias devem ser pautas de "coordenação prévia com o primeiro-ministro e os responsáveis pela segurança". Especialistas consideram este episódio um sinal de divisão dentro do governo, uma situação que "representa um potencial muito perigoso para o Estado de Israel", segundo o analista Gideon Rahat, do Instituto Democrático de Israel (IDI), um think tank de Jerusalém. Um homem caminha por um assentamento não autorizado na Cisjordânia ocupada, em 1º de fevereiro de 2023© MENAHEM KAHANA "Quando tratamos do uso da força, não é normal ter duas pessoas com responsabilidades paralelas", disse Rahat a respeito de Gallant e Smotrich. Dois dias após a destruição de Or Haïm, enquanto os soldados israelenses retiravam novamente os moradores que tentavam retornar, Smotrich boicotou uma reunião ministerial. Parte da corrente religiosa sionista assim como Smotrich, o ministro de Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, pediu a destruição dos edifícios palestinos como resposta à evacuação. Embora a disputa pareça ter sido resolvida, "simplesmente não deveria ter acontecido", afirma Rahat. Mesmo sem sucesso, a ONU tem pedido há anos para Israel "congelar toda a atividade de colonização" na Cisjordânia e "desmantelar todos os postos avançados de colonização estabelecidos desde março de 2001". Em Maoz Esther, uma 'colônia selvagem' no noroeste de Ramallah, Emona, de 20 anos, espera ter o apoio de Smotrich. De acordo com a organização israelense antiassentamento Paz Agora, o assentamento em que Emona vive foi erguido há mais de uma década, e embora tenha reaparecido, é regularmente destruído pelas autoridades. Depois da "evacuação" de Or Haïm, Emona está preocupada. "Também pode acontecer aqui", diz a jovem. Fonte: AFP Leia Também Colônias sem autorização dividem o governo de Israel Coreia do Norte exibe número recorde de mísseis durante desfile militar Concurso da Petrobras 2023: estatal publica edital com mais de 1.100 vagas de nível técnico Atuação do Ministério Público provoca aumento na taxa de imunização de crianças em Ji-Paraná Comércio varejista fecha 2022 com crescimento de 1% Twitter Facebook instagram pinterest