ARTIGO Ser mulher hoje é difícil e nos outros dias também Publicada em 08/03/2023 às 14:43 Por Larina Rosa* Ainda é dia 8 de março e já perdi as contas das vezes que li e ouvi a palavra “guerreira” nas mensagens de carinho do dia internacional das mulheres. As frases clichês são muitas e até gosto de algumas, mas não vejo como um bom dia para ser comemorado morando em Rondônia, segundo estado com o maior índice de feminicídios do país. Não me levem a mal, até entendo a boa intenção da felicitação as mulheres batalhadoras que lutam para alcançar seus sonhos e avançam em suas conquistas. De fato, avançamos muito, conquistamos o direito ao voto, trabalhamos fora de casa, temos acesso a anticoncepcional ao divórcio, temos uma lei com penas rigorosas contra agressores. Mesmo assim ainda precisamos conviver diariamente contra o medo do assédio e do estupro, reinvindicar melhores salários trabalhando nas mesmas funções que homens. Lidar com o machismo estrutural que acontece em casa, trabalho e em muitos relacionamentos. Essa luta nunca foi uma escolha e entendo que essas guerreiras alcançaram esse posto contra a sua vontade. A verdade é que a maioria ainda está sobrecarregada com o trabalho e cuidados com os filhos. É importante entender que o elogio de guerreira não vale nada para quem está exausta e segue aguentando uma carga pesada demais. Ser mulher hoje no Brasil é difícil e nos outros dias também. No último ano houve um aumento no número de casos de violência contra a mulher. De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mais de 50.692 mulheres sofreram violência todos os dias. Rondônia teve um aumento de 75% nos casos de feminicídios em 2022, em comparação com 2021. Não adianta os orgãos públicos romantizarem o dia delas com flores e palavras de carinho se ainda não temo Delegacias da Mulher 24h no estado. Não faz sentido receber elogios e não ver a implantação de novas casas de abrigo para acolher mulheres vítimas de violência doméstica. E as medidas protetivas estão sendo cumpridas? Cadê as cartilhas nas escolas e campanhas na imprensa sobre violência contra a mulher? E as creches municipais para elas deixarem as crianças e trabalharem? As flores e as mensagens de carinho no dia 8 de março serão sempre bem- vindas, porém mesmo que sejam bem intencionadas ainda não mudaram a realidade delas. Urge a implantação de ações dos órgãos públicos e consciência população sobre esse problema de saúde pública que cria feridas emocionais profundas e continua provocando a morte de quem não veio ao mundo apenas para cuidar e nem guerrear. *Jornalista rondoniense que acredita na luta contra a violência de gênero e igualdade de direito das mulheres Fonte: Larina Rosa Leia Também Itália autoriza envio para Afeganistão de corpos de vítimas de naufrágio Otan admite que russos poderão tomar Bakhmut nos próximos dias União Europeia busca acelerar entrega de munições à Ucrânia #ElafazJus - TRT-14 parabeniza a força de trabalho das mulheres que fazem Jus na Justiça do Trabalho Ser mulher hoje é difícil e nos outros dias também Twitter Facebook instagram pinterest