FRAUDE NO ESPORTE Casos de manipulação geram debate sobre aplicação de pena de banimento no esporte nacional Publicada em 24/05/2023 às 10:37 Os casos de manipulação de partidas de futebol revelados recentemente pela Operação Penalidade Máxima, do Ministério Público de Goiás, geraram um debate sobre a possibilidade de aplicação da pena de banimento do esporte para os atletas envolvidos. O banimento é previsto no CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva), no Código de Prevenção e Combate à Manipulação de Competições do COB (Comitê Olímpico do Brasil) e no Código Disciplinar da Fifa. Mas, para alguns advogados, a legislação esportiva brasileira esbarra no artigo 5º da Constituição, que veda penas de “caráter perpétuo” no país. – Quando se fala que alguém está banido do futebol, há a possibilidade de interpretar isso como de caráter perpétuo – afirma o advogado trabalhista Sérgio Schwartsman. Para ele, será possível discutir em tribunais uma condenação do tipo. – Do ponto de vista desportivo, sou a favor da medida. Tem que ter rigor. Mas tenho que punir até determinado limite. Uma pena de banimento viola a Constituição. E se viola, pode-se buscar socorro no poder judiciário. – Parece-me possível rediscutir na Justiça a pena de banimento por esbarrar em proteções constitucionais – concorda o advogado Thiago Rino. O CBJD, código que é aplicado no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), onde serão julgados os atletas envolvidos, prevê suspensão mínima de 360 dias, máxima de 720 dias, e eliminação se houver reincidência para quem atua para influenciar resultado de partida, no artigo 243. No caso de aliciamento, tipificado no artigo 242, a eliminação é pena que independe de reincidência. A procuradoria do STJD utilizou os dois artigos na denúncia que foi apresentada na semana passada. – Banido é exclusivamente do futebol. A Constituição fala em direito ao trabalho, mas (o banimento) tira o direito de exercer a função no futebol. Evidentemente, é uma questão que pode ser definida pelos órgãos competentes – afirma o procurador-geral do STJD, Ronaldo Piacente. Presidente do Comitê de Integridade da Federação Paulista de Futebol e Consultor de Integridade do COB, Paulo Schmitt entende que a pena de banimento do esporte não é inconstitucional. Ele cita um artigo da Lei Pelé para explicar: – A eliminação é pena prevista no CBJD, porém o atleta pode pedir a reabilitação após dois anos de cumprimento da pena. Ela está prevista no art. 50 da Lei 9615/98. Ante a possibilidade de reabilitação, é medida mais leve que a previsão do código da FIFA de cinco anos para envolvimento em manipulações. – Entendo que a questão não é inconstitucional. (Seria) se fosse banir alguém de um país, um nacional. Você ser banido do esporte por ter infringido as regras principais, adulterar a verdade esportiva não é (inconstitucional) – diz o advogado Maurício Corrêa da Veiga. "O que está em jogo é a credibilidade do futebol", diz André Rizek sobre investigação sobre manipulação de resultados Um dos casos mais rumorosos de banimento no esporte brasileiro é o da nadadora Rebeca Gusmão, por doping, em 2009. Ela, porém, teve a punição determinada pela Fina (Federação Internacional de Natação) e referendada pelo TAS (Tribunal Arbitral do Esporte), dois órgãos internacionais e fora do alcance da legislação brasileira. A Lei Pelé, em vigor, prevê a eliminação como sanção possível, além da suspensão – que ela própria limita ao máximo de 30 anos. Na semana passada, o presidente do STJD, Otávio Noronha, suspendeu preventivamente oito jogadores por 30 dias: Eduardo Bauermann, Moraes, Gabriel Tota, Paulo Miranda, Igor Cariús, Matheus Gomes, Fernando Neto e Kevin Lomónaco. A Justiça de Goiás tornou réus 14 jogadores, que responderão ao crime de manipulação previsto no Estatuto do Torcedor, com penas previstas de até seis anos de prisão. Fonte: Ge.globo.com Leia Também Casos de manipulação geram debate sobre aplicação de pena de banimento no esporte nacional Programa Bolsa Atleta beneficia quase 8 mil esportistas em todo o país Flamengo e Palmeiras lideram lista de clubes com maior receita em 2022 Cujubim Grande é beneficiada com o Programa Talentos do Futuro e o Projeto Rua de Lazer Governo promove 5ª edição do Festival Paralímpico em Porto Velho; segunda fase será em setembro Twitter Facebook instagram pinterest