TENSÃO Imigração: Roma exige pedido de desculpas e Paris tenta 'acalmar os ânimos' Publicada em 05/05/2023 às 14:38 O chefe da diplomacia italiana exigiu nesta sexta-feira (5) um pedido de desculpas do ministro francês do Interior, Gérald Darmanin, por seus comentários sobre a incapacidade da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, de administrar os problemas do país em relação à imigração. A declaração de Darmanin provocou uma nova crise entre Roma e Paris, que agora tenta acalmar os ânimos. "É um insulto gratuito e vulgar dirigido a um país amigo e aliado", e "quando alguém ofende gratuitamente outra pessoa, o mínimo que se espera é que se desculpe", declarou Antonio Tajani em entrevista ao jornali italiano Il Corriere della Sera. Tajani cancelou na quinta-feira (4) à noite sua primeira visita a Paris, onde se encontraria com a chefe da diplomacia francesa, Catherine Colonna, depois das declarações do ministro francês à rádio RMC acusando Meloni de ser "incapaz de resolver os problemas migratórios para os quais ela foi eleita". Colonna rapidamente postou uma mensagem em italiano no Twitter, afirmando que "a relação entre a Itália e a França é baseada no respeito mútuo, entre nossos dois países e entre seus líderes". Ela ligou imediatamente para Tajani. "Catherine Colonna me ligou duas vezes, para me dizer que sentia muito. Ela foi muito cordial", garantiu Antonio Tajani, considerando que as explicações de Paris para o caso continuam "insuficientes". Assunto ultrassensível "Este é um ataque frio, uma facada nas costas da parte de um membro importante do governo francês. Há coisas que não podem ser ignoradas. O resto do executivo de Macron, no entanto, certamente não pensa como Darmanin", insistiu Tajani. Questionado pela AFP, o Ministério do Interior francês não quis comentar nesta sexta-feira a exigência de pedido de desculpas do governo italiano. A imigração é um assunto ultrassensível nas relações franco-italianas há anos. Em novembro, os dois países viveram um momento de tensão quando o governo Meloni, quase no poder, se recusou a deixar atracar um navio humanitário da ONG SOS Mediterrâneo, que acabou sendo acolhido pela França, em Toulon (sul), com mais de 200 migrantes a bordo. O episódio irritou Paris, que convocou um encontro europeu para que esse cenário inédito não se repetisse. Desde então, as travessias clandestinas aumentaram com a criação de um novo corredor marítimo entre a Tunísia e a Itália para a entrada na Europa. De acordo com o Ministério do Interior italiano, mais de 42 mil pessoas chegaram à Itália pelo Mediterrâneo só este ano, em comparação com cerca de 11 mil no mesmo período de 2022. “Apagar o incêndio” O porta-voz do governo francês, Olivier Véran, tentou “apagar o incêndio” na sexta-feira, garantindo que "não houve qualquer vontade do ministro do Interior de marginalizar a Itália". "Os italianos amam a política, e assumem as escolhas que fazem e querem que os deixemos com suas escolhas", explicou, "e isso é bom porque não temos intenção de fazer algo diferente disso". Já o ministro francês dos Transportes, Clément Beaune, representante da ala mais à esquerda do governo, deu "razão política" a Darmanin, afirmando que “a extrema direita, na Itália como em outros lugares, faz muitas promessas, mas resolve poucos problemas”. Questionado sobre estes atritos, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, em viagem à Florença, lembrou que a questão dos fluxos migratórios é "um problema comum" nos países da União Europeia e deve ser gerido "com o máximo de 'unidade'". "Tenho certeza de que essas dificuldades serão superadas", ele acrescentou. Manchetes Esta nova desavença entre os dois vizinhos é o destaque da imprensa italiana na manhã desta sexta-feira. O diário La Repubblica, de centro-esquerda, descreve a situação como "uma bofetada na cara de Paris", enquanto o La Stampa recordou que a luta contra a imigração ilegal tinha sido um dos temas centrais de Meloni durante a campanha eleitoral em 2022. Meloni teria feito “promessas de montar um ‘bloqueio naval’ para impedir as viagens em direção à península. Mas, recém-chegada ao Palazzo Chigi [sede do chefe do Governo em Roma], a primeira-ministra teve de admitir a inviabilidade de seu projeto. E os franceses se arrependeram de ter acreditado nisso”, escreve o jornal de Turim. Quase metade dos migrantes que chegam à Itália pelo Mediterrâneo vêm de países de língua francesa, explicou na sexta-feira o diretor-geral do Escritório Francês de Imigração e Integração (Ofii, na sigla em francês). Fonte: RFI Leia Também Imigração: Roma exige pedido de desculpas e Paris tenta 'acalmar os ânimos' Secretário dos Direitos da Criança e do Adolescente é exonerado Reino Unido anuncia investimento de R$ 500 milhões no Fundo Amazônia Pacheco propõe marco regulatório para IA escrito por especialistas Fiscalizações de PPP (Parceria Público-Privada) e Concessões de Serviços Públicos são tema de capacitação realizada pela ESCon/TCE-RO Twitter Facebook instagram pinterest