DIA DO GARI Médico ortopedista faz atendimento voluntário, em reconhecimento ao trabalho dos garis municipais Publicada em 16/05/2023 às 12:44 Se para alguns a profissão de gari ainda é vista com preconceito, felizmente a maioria da população reconhece que é um trabalho digno e que essas pessoas que se dedicam a limpar e zelar pela cidade, tornam o espaço urbano mais acolhedor. Como forma de reconhecimento a esse trabalho, de forma voluntária, há um ano o médico ortopedista Felipe Casseb Júnior iniciou um trabalho de consultas e atendimentos com os garis que atuam na limpeza da cidade de Porto Velho, que são lotados na Secretaria Municipal de Serviços Básicos (Semusb). Duas vezes por mês, ele vai até a Semusb e atende cerca de 30 pacientes, mensalmente. "Tomei a decisão de fazer esse trabalho vendo o esforço dos homens e mulheres que cuidam da limpeza da nossa cidade, e atendi alguns deles no João Paulo II. Eles não pararam nem mesmo durante a pandemia da covid-19, e pela natureza da atividade, muitos desenvolveram lombalgia, problemas nas articulações, entorses e precisam de um acompanhamento", disse. Casseb Júnior consegue remédios gratuitos e entrega para quem precisa. "Muitos estão nesse trabalho duro nas ruas há 15, 20 anos ou mais. Ou seja, já acumulam uma série de problemas e precisam desse apoio, desse suporte. O trabalho que eles fazem é essencial para a nossa cidade e é necessário que sejam vistos com atenção". Segundo o ortopedista, "é importante ressaltar que todos gostam muito do que fazem. Eles querem continuar trabalhando, querem ser atendidos, ter a dor aliviada, para seguir na labuta diária, da qual tanto se orgulham. A sensação em poder retribuir a quem tanto precisa não tem valor. O maior presente que recebo é o sorriso e a oração das pessoas por mim e por minha família". O médico já fez trabalho voluntário em Vila Samuel, distrito de Candeias do Jamari, no Hospital Santa Marcelina, e em outros locais, sendo ainda doador de medula, tendo feito doação em 2015, em Brasília. TRABALHO E ORGULHO Casseb Júnior consegue remédios gratuitos e entrega para quem precisa Para cuidar da cidade com cerca de 550 mil habitantes, a Semusb dispõe de pouco mais de 300 garis para atender à demanda. Eles se encarregam de serviços como varrição, remoção de folhas e galhos, limpeza de canteiros e outros espaços, além da retirada de resíduos. Leida Muniz, de 61 anos, é servidora municipal desde 1988. Ela esteve afastada por um período, mas desde 2001 que retomou os serviços de varrição e limpeza. "Eu trabalho na praça Ronaldo Aragão, na zona Leste. Antes, as pessoas tinham muito preconceito com quem trabalhava de gari. Isso mudou, estamos mais bem vistos. Teve vezes que a gente pedia um copo de água e as pessoas negavam ou serviam em copo descartável, para não 'sujar' copo da casa. Isso mudou e tanto a população como o poder público, nos reconhece melhor e sabem que nosso serviço é importante". Indagada se sente orgulho da profissão que abraçou, ela não titubeia. "Sou orgulhosa de mim, sim. Do que faço, do que já fiz. É um trabalho digno, criei minha família, e hoje, mesmo sendo presidente da Cipa, não deixo de fazer meu serviço. E ainda vou trabalhar muito, viu?". Luciana tem orgulho da profissão que exerce há 21 anos CONSCIENTIZAÇÃO Com a sua experiência, ela disse que a população poderia contribuir mais, não jogando lixo em espaços públicos. "Dá até tristeza a gente limpar direitinho, cuidar e no dia seguinte ver que está cheio de entulhos, de lixo e que a falta de responsabilidade de muitos ainda é grande. Mas, não vamos desistir de lutar pela conscientização". Luciana de Souza, de 51 anos, é servidora há 21 anos e relata que sente orgulho da profissão de gari e do trabalho que desempenha. "Estou há um ano fora do trabalho nas ruas, pois hoje atuo na central de óbitos. Mas, nunca tive vergonha de ser gari, de dizer que sou gari e que meu empenho, junto com meus companheiros, contribui para manter nossa cidade limpa". Leyla Correia, de 37 anos, está há 11 na prefeitura, sendo dez deles como gari e agora formada em Arquitetura e Urbanismo, lidera a iniciativa de educação ambiental da Semusb, visando conscientizar a sociedade sobre a destinação e a separação dos resíduos. "O nosso trabalho é primordial para uma cidade mais urbanizada, mais humana. Honrar os nossos colegas garis, pelo serviço de limpeza da cidade. A gente limpa para não acumular lixo, porque limpamos hoje e amanhã já está sujo. É preciso haver conscientização das pessoas de dar o destino correto ao lixo", relatou. Fonte: Assessoria/Prefeitura Leia Também Médico ortopedista faz atendimento voluntário, em reconhecimento ao trabalho dos garis municipais Ecoponto criado por agente de limpeza de Porto Velho mostra que é possível dar outro destino ao lixo Porto Velho registra redução nos casos de dengue nos primeiros meses de 2023 Campanha de combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes continua com blitz educativa Jovem servidora do município fala de estigma, vaidade feminina e lições da profissão Twitter Facebook instagram pinterest